Quarta, 01 Mai 2024

O cruzador USS Saint Louis em Tulagi em

1943, durante a guerra do Pacífico (Reprodução) 

 

O cruzador ligeiro Saint Louis, da Marinha dos Estados Unidos, também chamado de Luck Lou (Lou, o Sortudo), saiu do inferno, na Segunda Guerra Mundial, mais precisamente em 7 de dezembro de 1941, data do ataque japonês a Pearl Harbour.

O episódio serviu de inspiração para George Samson pintar um quadro da cena, oferecido, no dia 6 de dezembro de 1981, à Academia Naval de Anápolis, dos Estados Unidos. Ele intitulou a obra de “Coming out of hell” (Saindo do inferno). Samson se inspirou na fotografia em que o cruzador deixava Pearl Harbour durante o ataque japonês.

O Saint Louis foi o navio de guerra de maior sorte no episódio porque que conseguiu fugir da área atacada.

Alvo de torpedos

 

 

 

Com base na Revista Marítima Brasileira, lembra-se que o Saint Louis, ao cruzar a saída do molhe de Pearl Harbour, foi alvo de dois torpedos lançados por um minissubmarino japonês.

Os torpedos atingiram as pedras do molhe, a poucos metros do casco do cruzador ligeiro. Por ter escapado, o navio recebeu o apelido de Luck Lou. Ainda durante a guerra, o cruzador foi atingido por um torpedo japonês na batalha de Kolombangara, em 13 de dezembro de 1943, ficando apenas a proa (frente) retorcida.

Outro episódio lembrado por pesquisadores se refere a um ataque kamikaze (suicida), de onde saiu ileso.

Madrinha

 

A madrinha Narray

Lee Morril. (Reprodução) 

 

A madrinha do navio era Narray Lee Morril, eleita rainha da beleza e do amor, no Porto de Saint Louis, no Missouri, Estados Unidos.

Seis anos após terminada a guerra, a Marinha dos Estados unidos vendeu o cruzador ao Brasil, que o batizou de Tamandaré, em homenagem ao patrono da Armada brasileira. Ele ficou com o prefixo CL-12, referente a cruzador ligeiro 12.

Na cerimônia de transferência, esteve presente Narray Lee Morril, a convite da Marinha brasileira. A incorporação à Esquadra ocorreu somente no ano seguinte, 1952.

 

O Tamandaré navegando durante

viagem de instrução de cadetes da Marinha

do Brasil em 1962. (Reprodução: Revista

Marítima Brasileira)

 

Quarenta anos após Pearl Harbour, o cruzador ligeiro recebeu homenagem dos Estados Unidos, em dezembro de 1981.

A bandeira do Saint Louis foi hasteada no Capitólio, em Washington, durante duas horas, tempo de duração do ataque japonês à base naval americana.

Após duas décadas e meia de serviços à Marinha do Brasil, o Tamandaré teve baixa da frota, em 28 de junho de 1976. O Tamandaré foi vendido para desmonte em 24 de agosto de 1980. Ao ser rebocado para Hong Kong, na altura do Cabo das Tormentas, “tomou o seu destino nas próprias mãos”, como disse um ex-tripulante do Saint Louis.

 

Cerimônia de incorporação à Marinha

do Brasil ainda em Filadélfia, na costa leste

dos Estados Unidos, em 6 de fevereiro de

1952, quando recebeu o nome de Tamandaré.

(Reprodução)

 

O Tamandaré mergulhou no abismo profundo, mantendo-se, dessa forma, com dignidade de guerreiro imortal.

Lembrando, várias foram as missões do cruzador Tamandaré no Brasil, como em 1955, quando o navio foi designado para conduzir o presidente da República, João Café Filho, a Lisboa, Portugal.

Participou em manobras navais como a Operação Unitas VIII em 1967. Fez viagens de instruções de cadetes, guardas-marinha e grumetes, além de muitas outras missões de grande relevância.

O ano de 1955 findou-se com os acontecimentos políticos amplamente comentados pelos historiadores. O navio cruzou a Barra do Rio de Janeiro em 11 de novembro conduzindo o presidente em exercício Carlos Luz e parte do ministério, ocasião em que foi alvejado por várias fortalezas. Um dos que estavam a bordo era Carlos Lacerda.

 

O cruzador Tamandaré foi escoltado

por uma força naval portuguesa

constituída pelo aviso Nuno Tristão e

pelos contratorpedeiros Dão, Tejo e

Vouga. A chegada a Lisboa foi um evento

extraordinário, com grandes festas e

homenagens ao presidente brasileiro,

João Café Filho. Na imagem, o Tamandaré

é ancorado em frente ao Terreiro do

Passo, Lisboa, Portugal - 22/4/1955.

(Reprodução)

 

Em 1968, tive a oportunidade de embarcar a bordo do Tamandaré com meu tio Gerson da Costa Fonseca nesse memorável cruzador que levava vários estudantes para um passeio até a Laje de Santos, onde foram realizados disparos com os canhões de 155 milímetros (mm) que atingiram com perfeição o alvo.

Na época o comandante do navio era Júlio de Sá Bierrenbach, que ficou bastante conhecido da comunidade do Porto de Santos quando designado para ser Capitão dos Portos do Estado de São Paulo na época do movimento militar de 1964.

Finalizando, com certeza o Tamandaré (ex-Saint Louis) será sempre lembrado, tanto no Brasil, quanto nos Estados Unidos devido às inúmeras façanhas.

 

O cruzador Tamandaré, entrando na Baía da

Guanabara nos Anos 60 do século passado.

(Reprodução)

 
Ficha Técnica
Nome: Saint Louis
Bandeira: Estados Unidos
Outros Nomes: Tamandaré
Armadora: Marinha dos Estados Unidos
País Contrator: New Port News Shipbuilding, Virginia
Incorporação à Marinha dos EUA: 1939
Deslocamento: 13.400 t
Comprimento: 185,40 m
Boca (largura): 18 m
Velocidade média: 32 nós (59 km/h)
Propulsão: turbina a vapor
Hélices: 4
Potência: 100.000 cavalos-vapor
Armamento:
Canhões de 152 mm em 5 torres tríplices
8 canhões de 127 mm em 4 torres laterais
28 canhões de 40 mm antiaéreos
e numerosas metralhadoras
Helicópteros: 1
Tripulação: 58 oficiais, 35 suboficiais, 168 sargentos e 809 marinheiros, totalizando 1.070 homens

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