Em artigo publicado em 2009, contei rapidamente a história do cruzador Tamandaré, onde confessei que era o meu navio de guerra predileto. Entretanto, o cruzador Barroso que com ele, formava o par mais famoso da nossa Marinha de Guerra, também estava entre os meus preferidos. Muitas vezes, fui a bordo para conhecê-lo mais detalhadamente e na expectativa de receber flâmulas do navio. Na época, era modismo colecionar flâmulas, que deixavam as paredes do meu quarto totalmente revestidas por esses souvenires de todas as classes de navios bélicos do Brasil.
Após a guerra, os norte-americanos venderam duas unidades a cada um dos principais países do cone sul, tendo o Brasil recebido o “Barroso” e o “Tamandaré”, o Chile, o “O’Higgins” e o “Pratt” e a Argentina, o “Nueve de Júlio” e o “General Belgrano”, o mesmo que foi afundado na guerra das Falklands/Malvinas.
O legendário cruzador brasileiro Barroso, de prefixo
C-11, manobrando no Estuário de Santos - 1958
(Foto de José Dias Herrera)
Voltando ao Barroso, costumo guardar notícias marítimas e portuárias que me chamam a atenção por detalhes especiais que apresentam. Assim, recortei da página do Porto e Mar de A Tribuna do domingo, 8 de julho de 1973, onde foi descrita a história do Velho Guerreiro, que por muitos anos foi o capitânia da esquadra brasileira.
O cruzador Barroso recebeu esse
nome em homenagem ao almirante
Francisco Manuel Barroso da Silva,
herói da Batalha Naval do Riachuelo,
na Guerra do Paraguai, 1864 – 1870
Por essa razão, repasso a matéria que com certeza irá comover, os mais vividos, que chegaram a conhecê-lo na sua adolescência, eis a matéria que informava o seu afastamento da Esquadra Brasileira:
A despedida de um velho barco que foi de guerra
O cruzador Barroso, barco de 37 anos, com 22 de Marinha brasileira, está sendo desativado. Dentro de 60 dias será, somente, um barco para ser vendido como sucata. Sua história é cheia de fatos e atividades realizadas em todo o tempo em que permaneceu no mar, percorrendo um total de 243.464 milhas. Ele foi afastado do serviço porque a Marinha de Guerra do Brasil está realizando um plano de renovação dos meios flutuantes, que dotará o País de modernos barcos, alguns mandados construir no exterior, outros, no Arsenal de Marinha do Rio de Janeiro.
O famoso Barroso, deixando a Baía da Guanabara
rumo a uma das várias viagens de instrução com
aspirantes e grumetes da Marinha do Brasil. (Foto:
Serviço de Documentação da Marinha)
Quando o cruzador Barroso era o Philadelphia, hospedou, em 1938, o presidente Roosevelt, participou da II Guerra Mundial e transportou o presidente Truman até Potsdam. Como um barco brasileiro, participou do desfile de coroação da rainha da Inglaterra, transladou os restos mortais da Princesa Isabel e do Conde D’Eu, além de participar de várias missões militares. Ele é o quarto navio a ter o nome do herói da Batalha do Riachuelo. O primeiro, um veleiro, foi construído em 1865 no Arsenal de Marinha do Rio e tomou parte em várias operações da Guerra do Paraguai; o segundo construído em 1880, no mesmo estaleiro, fez uma viagem de circunavegação e naufragou 13 anos depois, no Mar Vermelho, quando fazia uma outra viagem ao redor da Terra.
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