Sexta, 27 Dezembro 2024

A primeira vez que tomei conhecimento da existência do conceito de cruzeiros marítimos foi em 1976, quando, na companhia do meu sócio, o despachante aduaneiro José Luiz de Oliveira Martins, levamos o irmão dele, José Mário, que embarcaria com a família no transatlântico português Funchal.


A maquete do navio Cristoforo Colombo - irmão do legen-
dário Andrea Doria - está exposta no Museu Marítimo de
Gênova, Itália. Na fotografia, o escritor José Carlos
Rossini, autor da obra "Rota de Ouro e Prata" – 2002.
(Reprodução: Acervo J. C. Rossini)

 

No cais do antigo Armazém de Bagagem do Porto de Santos, correspondente ao Armazém 15, deparamos com o gigantesco navio de passageiros italiano Cristoforo Colombo, atracado pela proa do pequeno Funchal, que, para efeito de percepção do tamanho, podem ser comparados a uma van e a um ônibus.

A partir daquela oportunidade, comecei a observar os anúncios das casas de turismo, propagandas que exibiam os navios que realizavam cruzeiros, embora fossem de linha regular de passageiros, como:
o Andrea C,
Enrico C,
Columbus C,
Eugenio C e
os nossos cisnes brancos Anna Nery, Rosa da Fonseca, Princesa Isabel e Princesa Leopoldina, que, diga-se de passagem foram construídos para a Companhia Nacional de Navegação Costeira, mais tarde transferidos para a Companhia de Navegação Lloyd Brasileiro, uma das maiores armadoras do mundo no passado, e que foi extinta em 1997.

Os cruzeiros marítimos, porém, datam da segunda metade do Século 20, conforme antigos registros, que relatam viagens do gênero pelas águas do Mediterrâneo e da costa da Grã-Bretanha.

 


O Funchal, transatlântico de tripulação portuguesa, foi
um dos mais queridos, em temporadas passadas. Nesta
imagem, ele passa pela Ponta da Praia durante a retirada
do prático de bordo – 1996. (Reprodução: Foto L. J. Giraud)
 

No Brasil, elas datam de 1963, quando o pioneiro e empreendedor Aldo Leone, empresário de turismo, fretou o Anna Nery, que ainda hoje navega pelos mares do Planeta com o nome de Salams Glory.

No Brasil, o Anna Nery era deficitário, mas, para os atuais armadores, ainda continua dando muito lucro. Pelo visto, o problema era nosso, e não do navio.

Como não estou aqui para julgar, voltemos aos cruzeiros. O desenvolvimento dessa indústria começou – paradoxalmente – em decorrência da queda na procura por passagens marítimas a partir de 1958 e do aumento da procura por passagens aéreas, eliminando da competição os transatlânticos de linha regular, os chamados "liners".



O Princess Danae, passando na Ponta da Praia, na altura

da antiga Ponte dos Práticos, onde se nota grande número

de admiradores dos transatlânticos - dezembro 2000.

(Reprodução: Foto Nilsa Cecília S. Ferreira) 

 

Muitos transatlânticos foram para o desmanche e outros, reformados para receber turistas de cruzeiros, que atualmente são chamados de hóspedes – em vista de o conceito desses navios ser de hotel flutuante.

Hoje, no ramo do turismo, o setor que mais cresce no mundo é o de cruzeiros marítimos. No Brasil, o porto que mais irradia cruzeiros marítimos é o de Santos.

Segundo a Setur - Secretaria de Turismo de Santos, atualmente comandada pela jornalista Wânia Seixas, que antes exerceu, com grande desenvoltura, a presidência da Fundação Arquivo e Memória de Santos, passarão pelo Terminal de Passageiros do Concais, no Cais do Armazém 25, aproximadamente 200.000 turistas, que embarcarão e desembarcarão de sete transatlânticos de cruzeiros marítimos - Costa Victoria, Costa Romantica, Blue Dream, MSC Armonia, MSC Melody, Island Escape e Island Star (totalizando 85 escalas) – e cinco outros com apenas uma ou duas escalas no porto.

 


O Rhapsody, da MSC Cruises, passando pela Fortaleza da

Barra, visto da famosa amurada – 1999. (Reprodução: Foto L. J. Giraud)

Essa grande movimentação de navios de lazer faz com que a Cidade tenha mais uma atração para oferecer aos turistas que nos visitam.

A passagem dos transatlânticos pela famosa amurada da Ponta da Praia, fazendo lembrar os filmes italianos Amarcord e La Nave Va, do genial cineasta Federico Fellini: ver a passagem de um transatlântico era um grande acontecimento.

A Prefeitura Municipal, por meio da Setur, promove - nos finais de semana em que há navios de cruzeiros marítimos - uma revoada de balões coloridos e queima de fogos, na altura da Fortaleza da Barra, tradição assistida por grande número de pessoas. (O Forte – ou Fortaleza – da Barra fica no Município de Guarujá, na margem esquerda do Estuário. O histórico forte é visível, na margem direita, em área da Cidade de Santos, mais precisamente na Ponta da Praia).

 

 

O majestoso Europa, da Hapag (com turistas europeus e

norte-americanos a bordo), na altura do Marco da Ponta da

Praia, observado por pessoas interessadas na passagem

desse cisne branco – 2000. (Reprodução: Foto L. J. Giraud)

 

Que na próxima temporada surjam novos navios e possamos saudar, com a alegria santista: "LA NAVE VIENE!" para a Capital Brasileira dos Cruzeiros Marítimos: SANTOS.

Aproveito a Coluna Recordar do PortoGente para enviar saudações aos amigos admiradores de transatlânticos:
- José Carlos Silvares, jornalista,
- Silvio Roberto Smera,
- Edson de Lima Lucas, de Niteroi, o maior cartofilista de navios, barcos e embarcações do Brasil,
- Emerson Franco R. da Silva,
- Fábio Mello Fontes, da Praticagem de Santos,
- José Carlos Rossini, pesquisador de assuntos marítimos, radicado na Suíça,
- Comandante Gabriel Lobo Fialho, diretor da Revista de Marinha, de Lisboa, Portugal,
- Jones Pereira Wallfall, artista de Santos que retratou numerosos transatlânticos,
- Julio Augusto Rocha Paes,
- Marco Antonio Pedro,
- Michel Fares,
- Antonio Giacomelli,
- Lauro Tubino, jornalista
- Nelson Antonio Carrera, pesquisador de assuntos marítimos, de Santos,
- Luiz Dias Guimarães, chefe de gabinete do atual Prefeito de Santos, João Paulo Tavares Papa,
- Flávio Brancato, diretor do Concais
- Luiz Carlos dos Santos,
- Armando Akio, jornalista
- Helena Maria Gomes, jornalista, professora e escritora,
- Hélio Schiavon, jornalista
- Ana Carolina Vidal Lourenço,
- Luiz Dal Monte (Royal),
- Andrea Lopes,
- Roberta e Edmond Bastouly,
- a minha esposa Creusa Giraud,
- os meus filhos Roberta e Gustavo Giraud,
- Ezio Begotti,
- Enzo Poggiani,
- José Aurélio Cardoso,
- David Anthony Walton, da Sociedade Amigos da Marinha
- Narciso de Andrade, advogado e poeta, de Santos,
- Madô Martins,
- João Emilio Gerodetti, cartofilista
- Sergio de Oliveira, que no momento reside e atua profissionalmente na Alemanha,
- Osnilda Brum,
- Regina e Antônio Carlos Martins,
- o escritor Bill Miller, dos Estados Unidos, autoridade mundial em transatlânticos e autor de vários livros,
- Benedito de Carvalho Siqueira, o Dr. Benê, aqui ficam os meus votos de feliz aniversário celebrado nesta sexta-feira (25 de fevereiro de 2005), amigo com quem sempre almoço,
- Paulo Gonzalez Monteiro, da Secretaria de Turismo de Santos,
- a Secretária Municipal de Turismo de Santos, Wânia Seixas, que, com certeza, continuará a incentivar os cruzeiros marítimos, fazendo assim com que venham para Santos novas proas.

Uma homenagem in memorian aos amigos:


O fabuloso Splendour of the Seas deixa o Porto de Santos,

passando na altura do Museu de Pesca – 2001.

(Reprodução: Foto L. J. Giraud)

- Roberto Botti, que foi oficial no transatlântico Anna Nery, pelo qual mantinha grande paixão, e

- ao professor Nelson Salasar Marques, que deixou registrados nas suas obras vários acontecimentos do passado da Cidade de Santos.

Veja mais imagens:


O Costa Classica, que fez muito sucesso nas temporadas

brasileiras, passando na altura dos píeres da Ponta da

Praia – 2001. (Reprodução: Foto Gustavo Giraud)


Grande número de admiradores, aguardando a despedida,

das temporadas e das águas brasileiras, do maravilhoso

Splendour of the Seas, na antiga Ponte dos Práticos –

temporada 2001/2002. (Reprodução: Foto L. J. Giraud)

 

Fotografia tirada de bordo do Costa Tropicale,

vendo-se o barco de combate a incêndio Comandante

Fleury, do Corpo de Bombeiros, saudando a abertura da

temporada de cruzeiros marítimos. Na amurada, grande

número de admiradores – 2002/2003. (Reprodução: Foto L. J. Giraud)

 

 

O autor (ao centro) na companhia de Roberto Botti (à

esquerda), que tinha imensa paixão pelo Anna Nery, e de

Antonio Giacomelli, durante almoço no apartamento de

Botti, na Ponta da Praia, poucos meses antes de seu

falecimento. (Reprodução: Foto L. J. Giraud)

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