Quinta, 25 Abril 2024

Sempre que transitamos pelas praças da República e Antonio Teles – reduto dos despachantes aduaneiros, agências de navegação, escritórios de terminais de carga, sede da Alfândega e tudo o mais relacionado ao comércio exterior do Porto de Santos –, sequer imaginamos que no local onde está a Praça Antonio Teles existia um importante templo católico, a Capela de Jesus, Maria, José.


Imagem da Capela Jesus, Maria, José. Durante
111 anos foi o templo da devoção das famílias
santistas. Foi demolida em 1902. Coleção do autor

Para melhor compreensão dos leitores, este artigo é ilustrado com imagens de cartões-postais do início do século XX, bem como com trecho do texto do Almanaque de Santos, editado pelo grande preservador da memória de Santos, o jornalista Olao Rodrigues (1907-1981), que marcou época no jornal A Tribuna, além de publicar 13 importantes obras sobre o passado da Cidade.

Eis o que conta Olao, no Almanaque de Santos – edição de 1972:

A Capela de Jesus, Maria, José – a Santíssima Trindade –, que também  foi conhecida por “Capela  do Carvalho” e  “Capela do Terço”, ficava na Rua da Praia, depois denominada “Rua Antônio Prado” e hoje “Rua Tuiti”, onde se situava o prédio n.º 45.

 

Durante 111 anos, foi o templo da devoção das famílias santistas, demolido  em 1902, já em ruínas, por medida da Intendência Municipal.

 


Cartão-postal do início do século mostrando o templo religioso durante missa campal. Na imagem, é vista a antiga alfândega do Porto de Santos. A atual foi construída no mesmo local. Coleção do autor

 

Pertenceu ao Coronel  José Antônio Vieira de Carvalho, por herança de seu tio, o Sargento-Mor Antônio José de Carvalho, família do Santo Ofício e um dos homens mais ricos de Santos na época.

 

O Coronel José Antônio Vieira de Carvalho era personalidade de evidência na vida social, política, religiosa e administrativa de Santos, sendo juiz, vereador e presidente da Câmara Municipal em 1808.

 

Depois de administrar a Companhia dos Vinhos do Alto Douro, comandou durante quase 23 anos o Fortim do Itapema, dirigindo também o Forte de São Luís da Bertioga e o Forte Nossa Senhora do Monte  Serrat (Forte da Vila).

 

Depois de algum tempo, a Capela de Jesus, Maria, José pertenceu à Irmandade de Nossa Senhora do Terço e, quando demolida, o terreno foi adquirido pela firma Zerrener, Bullow & Cia., segundo escritura passada no dia 7 de abril de 1904, dois anos após ter deitada por terra.

 

Consoante se lê em Santos Noutros Tempos, do distinto historiador Costa e Silva Sobrinho, foram retiradas do templo 24 ossadas e, em seguida, removidas para o Cemitério do Paquetá, no jazigo da Irmandade de Nossa Senhora dos Passos, uma das quais do Coronel José Antônio Vieira de Carvalho, falecido a 19 de dezembro de 1823.

Portanto, a você, que mora ou trabalha em Santos, proponho que, ao caminhar pela Praça da República, aviste a Praça Antonio Teles e imagine que naquela terra foi erguida a Capela de Jesus, Maria, José!


A Praça da República e a Praça Antonio Teles após a demolição
do templo religioso. Nota-se que a estátua do fundador da cidade
de Santos, Braz Cubas, ainda não havia sido erguida. O cartão-postal
data de 1903. Coleção do autor

E ao leitor que vier a Santos, faço um convite para conhecer a Praça Antonio Teles, pois o espaço por ela ocupado guarda a rica História de Santos.

Em tempo
Com grande brilho foi inaugurada a exposição Viagens de Eva, que está em cartaz até 14 de outubro na Fundação Eva Klabin, no Rio de Janeiro. A exposição é imperdível.

Na foto, a equipe da exposição. Da esquerda para a direita: Mário Grisolli (foto e vídeo), Ruth Levy (assistente de curadoria), Heloisa Carvalho (museóloga), Vanderléa Paiva (administradora), Márcio Doctors (curador), Suzy Muniz e Diogo Maia (museológo).

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