Sexta, 27 Dezembro 2024

Como dito no livro “Transatlânticos de Cruzeiros Marítimos – O Passado no Presente”, de autoria deste colunista, lançado em 21 de janeiro de 2004, os cruzeiros marítimos não são recentes.

O primeiro de que se tem notícia foi realizado pelo vapor Ceylon, da armadora britânica P&O – Peninsular & Oriental Navigation Company Ltd.

 

Ao entrar no site da P&O (veja o Portal P&O em inglês), procure conhecer mais sobre o histórico da companhia.

Esse cruzeiro pioneiro teve como roteiro o Mediterrâneo, e seus passageiros nem imaginavam que inauguravam a indústria dos cruzeiros marítimos.

Anualmente fazem cruzeiros marítimos aproximadamente 12 milhões de turistas, dos quais 8 milhões são dos Estados Unidos.

 

Aspecto do Gripsholm na época em que escalou o Porto

de Santos em 1939 (Reprodução)

 

No passado, vários transatlânticos de renome participavam dessa atividade em razão da procura das passagens marítimas diminuírem durante o inverno do Hemisfério Norte, fazendo as armadoras procurarem uma nova opção - ou seja, atrair turistas para conhecerem locais ensolarados, como Caribe e América do Sul, através dos cruzeiros.

A Cidade de Santos sempre foi rota de navios em viagens de cruzeiro, tanto que no Século 20 recebemos célebres transatlânticos, como o germânico Bremen, da armadora North German Lloyd, cuja escala transcorreu em 9 de março de 1939.

Antes, havia passado em 1926 um outro navio dessa armadora, o Columbus. O holandês Nieuw Amsterdam e o sueco Gripsholm passaram por Santos pouco antes do início da Segunda Guerra Mundial, que começou em setembro de 1939.

Mas vamos nos deter no Gripsholm, da armadora Swedish-American Line. Ele foi um dos mais conhecidos transatlânticos da linha entre Escandinávia e Estados Unidos, mais precisamente de Gotemburgo a Nova York.

 

Grupo de turistas do Gripsholm quando regressava a

bordo após excursão em Santos (Reprodução)

 

O transatlântico foi construído na Inglaterra pelo famoso Estaleiro Armstrong, Withwort & Company Ltd. em 1925. Media 180 metros de comprimento, tinha capacidade para 1.557 passageiros e o deslocamento era de 17.993 toneladas. Durante a guerra, serviu como navio-hospital (1940-1946). Em 1946 retornou para a armadora, para a qual navegou até 1954.

Em 1955 passou a ser o Berlin, da companhia North German Lloyd, fazendo a linha Bremerhaven-Nova York. Foi demolido na Itália em 1966/1967.

 

O Gripsholm quando utilizado na linha regular Gotemburgo–

Nova York, no final dos Anos 20 do Século 20 (Reprodução)

 

Voltando à passagem do Gripsholm por Santos, ocorrida em 8 de março de 1939 -  O navio chegou nas primeiras horas da manhã e atracou no Cais Armazém 17 da Companhia Docas de Santos (CDS), então a concessionária particular do cais santista.

O famoso navio saiu de Nova York com escalas nas ilhas caribenhas, Rio de Janeiro e do nosso Porto de Santos seguiu para Buenos Aires, Argentina.

Foi essa a terceira vez que o Gripsholm esteve em Santos. Como das vezes anteriores, a viagem foi de cruzeiro marítimo.

A bordo estavam 426 turistas, que procuravam o nosso continente, ávidos para conhecerem as grandes cidades da América do Sul, como Rio de Janeiro, São Paulo, Montevidéu e Buenos Aires.

Santos mereceu grande atenção por parte dos passageiros em trânsito. Muitos foram aos locais mais pitorescos, como o Centro, principalmente para comprar café e presentes exóticos.

Passearam pelas praias de Santos, foram ao Monte Serrat para apreciar a vista maravilhosa que o local oferece – uma visão panorâmica da Cidade, além de visita ao Guarujá.

É verdade que nem todos ficaram por aqui. A maioria seguiu em excursão à Capital do Estado pela São Paulo Railway (em 1946 passou a ser a Estrada de Ferro Santos–Jundiaí).

São Paulo, na época, era a terceira cidade sul-americana, conhecida como a Chicago brasileira.

Os turistas do Gripsholm em escala em Santos eram das seguintes nacionalidades: 352 estadunidenses, 31 suecos, 18 ingleses, 4 holandeses, 2 suíços, 1 canadense e 1 cubano.

 

O transatlântico Gripsholm, deixando

Nova York no início dos Anos 50. (Reprodução)

 

Lembrando: a Svenska America Linjen, nome original da armadora, fundada em 1914, na época possuía outro transatlântico de grande porte, com o nome de Kungsholm, de 1928. Nos Anos 50, recebeu um novo Gripsholm (1957), que posteriormente passou a se chamar Navarino (1975) e utilizado como navio de cruzeiros marítimos.

Vários foram os transatlânticos famosos da companhia sueca, mas o mais conhecido foi o Stockholm, que abalroou o elegante transatlântico italiano Andrea Doria em 25 de julho de 1956, que afundou horas mais tarde. A colisão se deu na altura do barco-farol Nantucket, próximo a Nova York.

Finalizando: Santos sempre foi rota e porto de escala de navios famosos - hoje é dos navios de passageiros de lazer, transformando-se na Capital Brasileira dos Transatlânticos.

Veja mais imagens:


Já como Berlin e nas cores da companhia germânica
NordDeutsche Lloyd, em 1956 (Reprodução)


Cartão-postal do Gripsholm, da armadora Svenska
Amerika Linjen, em 1951 (Reprodução: Acervo L.J. Giraud)


Cartão-postal do Berlin nas cores da nova
armadora, North German Lloyd
(Reprodução: Acervo L.J. Giraud)

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