Sexta, 27 Dezembro 2024

CÂNTICO DE MINHA TERRA

Os verdes mares da minha terra,
Rebrilhando pela luz do Sol,
São vagas mansas, pelo vento terno,
São fúrias ondas que a noite encerra.

Os lindos campos, com relvas curtas,
Ornamentados por flores mil,
As rosas, os lírios, oh natureza,
Que a Divina Força bem construiu.

Os montes altos a contornarem a urbe,
Num abraço forte de amor candente,
Colar imenso de esmeraldas finas,
A fulgir em cores a terra quente.

Viver por ti é um supremo fado,
Perder-te, então, existir de prantos,
És soberana, de altivez marcante,
Berço de glórias, adorada Santos.

- Adelino Simões


Quando resolvi elaborar para PortoGente esta série de artigos intitulada Assim era o Porto de Santos, a intenção era fazer no máximo 10 artigos sobre o porto e Santos, mas as coisas maravilhosas desta Cidade são tantas que extrapolam o imaginável.

 


José Carlos Silvares e Laire J. Giraud, em 2002, durante expo-

sição de cartões-postais antigos realizada por Silvares no

Shopping Center Miramar. (Reprodução: Acervo L. J. Giraud)

 

Assim, cheguei ao 15.º artigo, cada um com textos e imagens (160 no total), lembrando particularidades da Cidade e do Porto de Santos.

Como o leitor já percebeu, escrevo de acordo com o que me vem à mente e assim às vezes fujo um pouco do assunto relacionado aos acontecimentos de Santos.

Para o grand finale da série, utilizo um artigo escrito pelo meu grande amigo José Carlos Silvares, jornalista já consagrado na nossa Imprensa de Santos, cartofilista e grande admirador, não só da Cidade, como também dos transatlânticos que passaram pelo porto, trazendo imigrantes e levando - para outros portos do Mundo - viajantes que aqui prosperaram.

 

José Bento Silvares - pai de José Carlos

Silvares - chegou ao Brasil aos 11 anos

de idade, a bordo do navio de passa-

geiros alemão General Osorio. Foi

proprietário da Mercearia Carioca. José

Bento faleceu em setembro de 2004.

(Reprodução: Acervo J. C. Silvares)

 

Silvares expõe de maneira clara e objetiva o início da construção do nosso cais de pedra a partir de 1888, quando não existiam mais do que velhos trapiches de madeira e barracões improvisados e filas intermináveis de homens carregando nas costas o café e o açúcar.

Era uma época em que imperavam a insalubridade e as más condições do estuário, que assustavam os navegantes. Assim, vamos ao texto:

A famosa Mercearia Carioca, que funcionou durante muitos

anos na esquina da Avenida Epitácio Pessoa e Rua Oswaldo

Cruz. A foto é do ano da inauguração, 1952. (Reprodução:

Acervo J. C. Silvares)

Santos, Porto e Cidade unidos desde o começo
Com a chegada do navio inglês Nasmith, a 2 de fevereiro de 1892, o Porto de Santos teve inaugurado o primeiro trecho de cais acostável, com 260 metros, tornando-se notícia mundial.

Já no início do novo século, em 1909, o Times, de Londres, informava aos importadores europeus, especialmente de café, que o cais santista tinha 4.800 metros de extensão, permitindo a atracação de mais navios simultaneamente.

Foi a partir daí que o porto iniciou seu desenvolvimento, com a oferta de cargas e a construção dos primeiros armazéns.

 

Meu pai, o Dr. Laire Giraud, que foi

médico no Macuco e de entidades

marítimas e portuárias durante vários

anos, aqui visto pouco antes do fale-

cimento, em 1987. (Reprodução:

Acervo L. J. Giraud)

 

Nas próximas décadas, porto e cidade andariam de mãos juntas, causando o enriquecimento da região e, em paralelo, de todo o País.

Mas o porto e a cidade encontraram-se mesmo na época do Descobrimento, quando os portugueses procuravam locais mais abrigados para se instalar e para que seus navios estivessem a salvo de piratas e de tempestades.

Foi assim com a região de Santos e São Vicente. Porto e cidade se confundiram entre si desde os primórdios da vila fundada por Brás Cubas, que no início do Século 20 ganhou uma estátua junto ao porto e ao prédio da Alfândega e onde existiu a Igreja Matriz e se estabeleciam todas as casas comercias de então. Foi a partir das velhas pontes de madeira, bem retratadas pelo pintor Benedicto Calixto, e pelos trapiches que estocavam a carga que ia e que vinha dos portos europeus que Santos pôde desenvolver-se no entorno desse início de porto e vila.

 

 

Locomotivas que transportavam os blocos de pedra do Jabaquara

para a construção do cais – 1902. (Reprodução: Acervo L. J. Giraud)

 

Aos poucos ambos foram se estendendo, crescendo, primeiro rumo ao Planalto, com a construção da estrada de ferro São Paulo Railway, depois ao Interior e a outros estados, com a implantação das auto-estradas.

Dos trapiches e das pontes, o porto passou aos 14 quilômetros de cais acostável, grande parte hoje privatizada, tornando-se cidade em 1839, com o saneamento e a inauguração de praças e logradouros, imortalizados em fotos de rara beleza que ainda hoje agradam aos olhos de todos.


- José Carlos Silvares

 

A Pedreira do Jabaquara, de onde vieram os blocos utilizados

na construção do Porto de Santos – 1902.

(Reprodução: Acervo L. J. Giraud)


Esta série homenageia as seguintes pessoas:

Narciso de Andrade,
Jaimes Caldas,

José Antonio Marques Almeida,
José Carlos Rossini,
Helio Schiavon,
Armando Akio,
João Emílio Gerodetti,
Arminda Augusto,
Elcira Nuñes y Nuñes,
Helena Maria Gomes,
Viviane Pereira,
meus pais Laire e Aura Maria Giraud (falecidos) e
todos que admiram a Cidade e o Porto de Santos. 

Veja mais imagens:


Embarcações da Companhia Docas de Santos do início do
Século 20. (Reprodução: Acervo L. J. Giraud)


O poderoso guindaste Titan, de 80 toneladas, erguendo um dos
blocos de pedra durante a construção do cais santista – 1901.
(Reprodução: Acervo L. J. Giraud)


Vista do cais, com a antiga Alfândega, por volta de 1903.
(Reprodução: Acervo L. J. Giraud)


O primeiro e original Hotel Parque Balneário, na Praia do Gon-
zaga, foi construído em 1900. Postal aquarelado à mão, que
circulou em 1906. (Reprodução: Imagem de João Emilio Gerodetti,
do livro "Lembranças de São Paulo" – 2001)

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