Sexta, 27 Dezembro 2024

“Nasci junto ao porto, ouvindo o barulho dos embarques.
Os pesados carretões de café sacudiam as ruas, faziam trepidar o meu berço.
Cresci junto ao porto, vendo a azafama dos embarques.
O apito triste dos cargueiros que partiam.
Deixava longas ressonâncias na minha rua.
Brinquei de pegador entre vagões das Docas.
Os grãos de café, perdidos no lajeado, eram pedrinhas que eu atirava nos outros meninos.
As grades de ferro dos armazéns, fechados à noite. Faziam sonhar (tantas mercadorias).
E me ensinavam a poesia do comércio.
Sou bem teu filho, ó cidade marítima, tenho no sangue o instinto da partida, o amor dos estrangeiros e das nações”.


(Rui Ribeiro Couto · Poeta santista - Santos, São Paulo, 12/3/1898 - Paris, França, 30/5/1963. Além de poeta foi contista, romancista, jornalista, magistrado e diplomata.) Conheça mais sobre Rui Ribeiro Couto

“Falar-se da Cidade de Santos e de seu porto, ou deste da Cidade, se me afigura falar-se de uma mesma entidade, pois desde os seus primórdios Santos e seu porto têm vivido ao lado um do outro, na mais completo e íntima colaboração, visando ao bem- estar da região”. Citado por Olao Rodrigues – Jornalista santista, no Almanaque de Santos/1973.

Nesta coluna vamos fazer um passeio no tempo e pelo espaço do Porto de Santos, através de imagens históricas.

Simplificando, a vida do porto pode ser definida por três momentos marcantes:
- a elevação de Santos à condição de vila em 1545,
- a ligação ferroviária entre o Planalto de Piratininga ao porto santista em 1867 e
- a inauguração do primeiro trecho do cais de pedra em 1892.

 

O Porto do Consulado no final do Século 19, em pintura de

Benedito Calixto, mostrando nitidamente as pontes de madeira

de atracação. O quadro pertencia a Júlio Conceição.

(Reprodução: Acervo L. J. Giraud)

 

No ano de 1886, empresários da época, tendo à frente Cândido Grafrée e Eduardo Palassin Guinle, obtiveram a concessão para a construção do porto, em 28 de julho de 1888.


A construção do cais de pedra, que pôs fim às velhas pontes de atracação e aos trapiches de madeira, teve como empreendedor o engenheiro Guilherme Benjamin Weinchenck, que dirigiu as obras após levantamento de Domingos Sergio de Sabóia e Silva.

Para a construção, foram absorvidos material e capital brasileiros. Por exemplo: os blocos de pedras utilizados na sua construção que vieram da Pedreira de Jabaquara ou dos Outeirinhos, dois pequenos morros que ficavam próximos ao local onde hoje está o Terminal de Passageiros do Concais, na altura do Armazém 25.

 

Demolição da ponte do Trapiche Brazil. Fotografia tirada em

18 de fevereiro de 1889. (Reprodução: Acervo Jaime Caldas)

 

Em 1890, o Governo Republicano fixou em 90 anos o prazo do contrato de exploração do porto pela concessionária particular CDS – Companhia Docas de Santos.

Vale lembrar que, anteriormente, houve tentativas para a construção do porto por parte do Governo Imperial e da Província do Estado de São Paulo, que não chegaram a sair do papel.

Os primeiros 260 metros do cais linear do Porto de Santos (o primeiro porto organizado do Brasil) foram inaugurados pelo navio britânico Nasmyth, da armadora Lamport & Holt, no dia 2 de fevereiro de 1892, no Valongo.

 

O navio-tanque Wernepilot no canal de acesso ao Porto de

Santos, vendo-se na altura da Praia do Góes os anúncios do

Leite Sol e da Caninha Tatuzinho, que ficaram célebres nos

Anos 60. (Reprodução: Capa da Revista Docas de Santos

n.º 34 – Novembro de 1968, Acervo L. J. Giraud)

 

Em 1909, o cais media 4.800 metros de extensão, um grande feito para a época, pois foi vencida uma série de adversidades - como doenças, terrenos pantanosos, animais peçonhentos e falta de mão-de-obra, entre muitas outras coisas.

A partir de 1892, o Porto de Santos não parou de crescer, até chegar ao desenvolvimento dos dias de hoje.

Fica aqui uma homenagem aos homens que construíram, fizeram - e continuam fazendo - do Porto de Santos o maior da América do Sul.

Veja mais imagens:


A fotografia mostra o avanço da muralha do cais, com a parte
interna já aterrada. Imagem do livro Santos e a Cia. das Docas
1904, reeditado por Laire J. Giraud em 2000.


Cartão-postal com imagem de rara beleza e rico em detalhes,
onde são vistos vapores atracados, inclusive um do Lloyd Bra-
sileiro, guindastes a vapor, além da chaminé da Casa de Força
e vagões da Companhia Docas de Santos e da São Paulo Railway,
por volta de 1927. (Reprodução: Acervo L. J. Giraud)


Cartão-postal, mostrando o escritório do Tráfego da Companhia
Docas de Santos, na altura do Cais do Armazém 12, que
controlava toda a parte operacional do porto – 1923.
(Reprodução: Acervo L. J. Giraud)


No cartão-postal vemos o prédio da Alfândega do Porto de
Santos, construído pela Companhia Docas de Santos, inclusive
o flutuante de atracação das lanchas que ligavam Santos a
Itapema, Guarujá – 1938. (Reprodução: Acervo L. J. Giraud)


Cartão-postal que retrata o Centro de Santos, a Prefeitura, o
Edifício Sulacap, a Bolsa do Café, o prédio da Western Telegraph,
a Ilha Barnabé e navios ancorados – 1949. (Reprodução:
Acervo L. J. Giraud)


Vista de navios atracados, no local que vai do escritório do
Tráfego (CDS) até a Santa, no Cais do Armazém 23. A fotogra-
fia mostra ainda o célebre navio de passageiros português
Serpa Pinto – 1950. (Reprodução: Acervo L. J. Giraud)


O primeiro bloco utilizado na construção do cais entre
o Paquetá e os Outeirinhos, no dia 5 de outubro de 1901.
O bloco veio da Pedreira do Jabaquara. Imagem do livro
Santos e a Cia. das Docas 1904, reeditado por Laire
J. Giraud, em 2000.

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