Sábado, 28 Dezembro 2024

A coluna Recordar do Portogente cede espaço para um texto do grande pesquisador, historiador marítimo e amigo José Carlos Rossini, radicado em Genebra, Suíça.

O texto conta e homenageia dois práticos, pai e filho, que muito contribuíram para a grandeza do Porto de Santos.


Foto de Antonio Reis Castanho Filho, que ficou
conhecido como o Prático do Windhuk,
transatlântico germânico que entrou no Porto de
Santos disfarçado de navio japonês, em 1939.
Acervo: Ismael Castanho.

Eis o artigo:

De pai para filho, uma profissão: prático no Porto de Santos

Antonio Reis Castanho imigrou de Portugal em 1888 para terras brasileiras.

Como quase todo imigrante europeu da época, Antonio – sem recursos financeiros – deu-se à árdua labuta, trabalhando como simples mão de obra na construção do cais linear do então nascente porto organizado santista sob a égide da Companhia Docas de Santos (CDS).


Foto clicada à bordo do cargueiro Aracaju, vendo-se
Castanho Filho, o terceiro à direita, sentado junto
com outros tripulantes da embarcação do extinto
Lloyd Brasileiro, na Primeira Guerra
Mundial (1914-1918). Acervo: Ismael Castanho.

Um de seus filhos, Antonio Reis Castanho Filho, ainda muito jovem, decidiu embarcar como moço-de-convés a bordo do vapor Aracaju, do Lloyd Brasileiro.

No decurso da grande guerra (1914-1918), o  Aracaju realizou algumas viagens para a Europa, principalmente com destino às águas francesas do Canal da Mancha.

Em certa ocasião, nas águas do norte europeu, a tripulação do Aracaju avistou um submarino, provavelmente alemão, que disparou um dos torpedos, porém sem sucesso.


Castanho Filho, como prático a bordo do navio
chileno Atacama, no aguardo do início de
manobra de atracação. Ao fundo, é visto o
escritório da Companhia Docas de
Santos - anos 1930. Acervo: Ismael Castanho.

Terminado o conflito e desembarcando, Castanho Filho foi ingressou como remador de catraias do Serviço Alfandegário de Santos.

Subsequentemente recebeu a chamada carta de arraes, que lhe permitia conduzir pequenas embarcações portuárias.

Em seguida, Antonio tornou-se mestre e passou a comandar as barcas de passageiros que realizavam a travessia entre os dois lados do Estuário, Santos e Itapema, hoje Vicente de Carvalho.

Em 1930, então contando com 32 anos de idade, conseguiu entrar como praticante de prático no Serviço de Praticagem de Santos.


Cartão-postal mostra o Centro da Cidade e o Porto de Santos, na época
do início da vida profissional de Castanho Filho - 1930. Col. Laire J. Giraud.

Iniciou-se assim um período de 24 anos (até 1954 quando se aposentou, vindo a falecer no ano seguinte), durante o qual Antonio Castanho revelou-se excelente profissional.

Clique aqui para ler a segunda parte deste artigo.

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