Os cruzeiros marítimos são mais antigos do que se imagina. O primeiro registro data de 1867, quando foi realizado um cruzeiro pelo Mediterrâneo a bordo do vapor Ceylon, da armadora britânica P&O. Aquela histórica viagem iniciou a aventura do turismo marítimo, que é hoje uma grande indústria – e das que mais crescem no mundo.
O transatlântico Anna Nery da Cia. Costeira, posteriormente do Lloyd Brasileiro, fretado pela Agaxtur Turismo, deixando Santos rumo a um cruzeiro pelo Norte - 1964. Do acervo que pertenceu a Aldo Leone.
O Brasil, em vista das paisagens extraordinárias, chegou a fazer parte da rota dos pioneiros transatlânticos. Na década de 1920 passou pelo Rio de Janeiro de Janeiro e Santos um outro navio britânico, o Orca.
Já nos anos 30, os cruzeiros que mais se destacaram foram os realizados por transatlânticos glamourosos como o holandês Niew Amsterdam, o francês Normandie, o alemão Bremen e o sueco Kungsholm.
Com o passar dos anos, vieram outros célebres navios de passageiros, como o Caronia e o France, para citar dois.
O Anna Nery navegando pelo Rio Amazonas durante viagem
de cruzeiro. Foto do autor.
Os navios vinham para o Brasil sempre na época do rigoroso inverno no Atlântico Norte – e verão no Hemisfério Sul, pois no tempo frio a procura por viagens marítimas caía acentuadamente.
Os cruzeiros pela costa brasileira eram feitos por navios de linha regular da Companhia Costeira e do Lloyd Brasileiro em roteiros que incluíam portos do Norte e Nordeste.
Naqueles românticos tempos, as viagens marítimas eram mais conhecidas como excursões.
Na década de 1930 já existiam cruzeiros para o Norte e Nordeste do
Brasil, que eram mais conhecidos por excursões a bordo de navios da
Cia. Costeira e do Lloyd Brasileiro. Cartão-postal do Itanagé, em
pintura óleo sobre tela - autoria de Antonio Giacomelli.
No Brasil, os cruzeiros – na verdadeira concepção da palavra – começaram a surgir quando foi inaugurado em 1962 o departamento de cruzeiros marítimos da Agaxtur, do pioneiro Aldo Leone.
Para os cruzeiros marítimos, eram utilizados os navios da Companhia Nacional de Navegação Costeira, os novíssimos Anna Nery e Rosa da Fonseca, além do Princesa Isabel e Princesa Leopoldina, pagos com café pelo governo Jânio Quadros a estaleiros da Espanha e da antiga Iugoslávia.
A Agaxtur marcou época no turismo brasileiro, ao levar milhares de turistas brasileiros a conhecer melhor o seu próprio País. Cada transatlântico acomodava em média 450 passageiros.
Aqueles modernos navios tinham piscina, salões e restaurantes, além de ar condicionado em todas as cabines.
O Rosa da Fonseca, com as cores do Lloyd Brasileiro, passando
pela passarela de navios da Ponta da Praia, em Santos. Anos 1960.
Foto enviada por Julio Augusto Rocha Paes.
O pioneiro Anna Nery foi fretado em julho de 1963, para o lançamento de um inesquecível e histórico cruzeiro pela costa brasileira, subindo o Rio Amazonas até Manaus.
Foi a partir daí que Aldo Leone começou a escrever um novo capítulo na história dos cruzeiros marítimos no Brasil. Ainda em 1963 ele fretou o Rosa da Fonseca e organizou o primeiro Réveillon a bordo, com destino a Buenos Aires e Mar del Plata.
Sucesso absoluto!
Começou então o ciclo bem-sucedido dos cruzeiros marítimos, com fretamentos anuais e roteiros, tanto no verão brasileiro, quanto na Páscoa e nas férias de julho.
Aldo Leone (1927-2008), homem que dedicou parte da sua vida
ao turismo e ao incremento dos cruzeiros marítimos
Os cruzeiros marítimos – organizados através de fretamentos – ofereciam roteiros que envolviam toda a costa brasileira e a América do Sul, inclusive Montevidéu e Buenos Aires.
A procura crescia, a ponto de as reservas serem feitas com um ano de antecedência!
Passaram-se os anos e Aldo Leone conseguiu ver o seu ideal virar realidade: ele testemunhou o surgimento do novo ciclo de cruzeiros marítimos no Brasil, na década de 90. Leone faleceu em 10 de julho de 2008, aos 81 anos de idade.
E o novo ciclo dos cruzeiros marítimos no Brasil tem muito a ver com o Porto de Santos, com o Terminal Marítimo de Passageiros Giusfredo Santini – Concais, que foi inaugurado em 23 de novembro de 1998, oferecendo uma estrutura de atendimento aos turistas que é hoje uma referência nacional.
Mensagem com votos de boas festas para o Recordar do PortoGente recebida de Bill Miller - "Mr Ocean Liner" - escritor, historiador e conferencista estadunidense, com mais de 70 obras e milhares de conferências sobre o tema navios. A coluna agradece e retribui, com
a mesma alegria que recebeu - HAPPY NEW YEAR, MR. BILL MILLER.
Hoje não temos mais navios de passageiros de bandeira brasileira, mas os transatlânticos estrangeiros que participam da supertemporada 2010/2011 estão na costa do Brasil por obra e arte do pioneiro Aldo Leone, que em 1969 fretou o transatlântico italiano Andrea C, da companhia Linea C – que atua hoje com o nome Costa.
Leone abriu as portas para que outras armadoras participem do grande mercado brasileiro, explorando a atividade do turismo que mais tem crescido nos últimos tempos, a dos cruzeiros marítimos.