Diariamente, passo pela Rua Cidade de Toledo, em direção a conhecida Praça Mauá, passando, antes por um dos edifícios mais belos de Santos. Entretanto, sua arquitetura não sobressai mais, por estar muito próximo do Paço Municipal (a Prefeitura foi construída encima da Praça Mauá, que antes ia até a Rua Augusto Severo). Não havendo assim o ângulo necessário para apreciá-lo condignamente, o que é uma pena.
O belíssimo edifício dos Correios, por volta de 1928, vendo-se parte da
Pça Mauá, antes da construção do Paço Municipal. Acervo: Laire Giraud.
Trata-se do edifício dos Correios e Telégrafos, que está no mesmo patamar do Palácio José Bonifácio, sede da Prefeitura; da Bolsa Oficial do Café, atual Museu dos Cafés do Brasil, da Alfândega do Porto de Santos e da Mesa de Rendas do Estado de São Paulo, Associação Comercial de Santos, Estação do Valongo, entre outros de igual importância e beleza.
Por sorte, todos estão situados no Centro Histórico de Santos e, podem ser apreciados no passeio feito através dos bondes turísticos. Diga-se de passagem, no último 28 de abril, a Cidade comemorou o centenário da inauguração do bonde elétrico. Tudo com muita festa.
Em outra imagem dos correios, vista da Praça Mauá com transeuntes. Acervo: Laire J. Giraud.
Voltando ao Correio, sou seu frequentador desde 1949, quando tinha 4 anos de idade e, fui na companhia de minha mãe, com muita alegria, própria das crianças, levar uma cartinha para o Papai Noel, cujo endereço era o Alasca. Nos anos seguintes, sempre com minha mãe, ia levar cartas para o meu avô, José Joaquim Alves da Costa, português de Braga, que residia na antiga Capital Federal, o Rio de Janeiro.
Já na adolescência, enviava cartas para várias universidades estadunidenses para solicitar decalcomanias para minha coleção. Aos 15 anos trabalhava na firma suíça exportadora de café e algodão, Volkart Irmãos Ltda., e levava cartas e saquinhos com amostras do ouro verde (café) para importadores americanos e europeus, além de enviar cartinhas de amor para uma namorada, que residia no interior paulista. Hoje passados 60 anos continuo enviando minhas correspondências através do Correio central.
Parte da Praça Mauá com seu belo jardim, no local onde foi
construído o Palácio José Bonifácio (Prefeitura). À direita o prédio
do Café Carioca. 1930. Acervo: Laire J. Giraud.
Para mostrar a minha gratidão pelas boas notícias recebidas através dos seus ótimos serviços, presto uma singela homenagem a esse velho e conhecido amigo. Através antigos cartões-postais do meu acervo e, informações encontradas no livro, “Santos – Caminhos da Memória, Um Passeio Pelo Centro Histórico”, obra editada pela dinâmica Fundação Arquivo e Memória de Santos.
Eis o que diz o texto da bela obra sobre a admirável edificação:
“Em estilo, eclético, a segunda sede, em Santos, dos Correios e telégraphos é um dos imponentes edifícios do Centro Histórico, inaugurado em 30 de novembro de 1924 – a primeira agência que fazia o serviço de correio entre Santos e São Paulo começou a funcionar em 1879 na Praça Rui Barbosa.
A Prefeitura e o prédio dos correios, vistos da Praça Mauá,
por volta de 1955. Acervo: Laire J. Giraud.
A construção foi um presente para Santos da família Guinle, que aqui prosperou com as atividades portuárias – os Guinle eram os proprietários da antiga Companhia Docas de Santos. – Concessionária do Porto de Santos por 99 anos.
As três portas da fachada principal são protegidas por grades de ferro fundido imitando folhas e grãos de café, trabalho repetido na proteção das vidraças do térreo. Comum nos edifícios públicos mais antigos, as Armas da República se destacam na platibanda. Antigamente, o último andar era utilizado como residência do diretor da agência.
O antigo prédio dos Correios, que ficava na Praça Ruy Barbosa, com detalhe da época. Acervo: Laire J. Giraud.
Em 1988 o prédio foi reformado, conservando entretanto o teto do saguão com ornamentação dourada e os balaústres de ferro forjado das escadarias.
O prédio tem curiosa escada de serviço que conduz ao telhado, com degraus específicos para os pés direito e esquerdo – o sistema foi inventado por Santos Dumont, o Pai da Aviação, para sua casa em Petrópolis (Rio de Janeiro)”.
O edifício dos Correios, na atualidade. Foto: Tadeu Nascimento
Essa homenagem vai também para todos os funcionários da Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos, que não medem esforços no sentido de que nossas correspondências sejam entregues e recebidas pontualmente.
