Os santistas de nascimento e de coração, podem se orgulhar de ter o maior jardim de orla do mundo, reconhecido pelo Guiness Book, o livro dos recordes. Esse gigantesco jardim, que é o autêntico cartão-postal da Cidade, se estende da Praia do José Menino até a Ponta da Praia. Sua medida é 5.335 metros de comprimento por 50 de largura, tem 80 tipos de árvores e flores, em diversos canteiros.
Trecho do maior jardim de orla do mundo
(Guinness Book), que possui vários tipos de
árvores e 78 espécies de flores. Foto clicada
por Tadeu Nascimento, no sentido Boqueirão-
José Menino - 2003.
No jardim da orla estão assentados monumentos, bustos, estátuas, marcos e placas, que chegam a um total de 33, cada um conta coisas pertencentes a Santos. Destaco alguns como, as estátuas de Vicente de Carvalho, Cristóvão Colombo, monumento da Imigração Japonesa. – É muito difícil passar por ali e não admirar uma dessas homenagens e lembranças.
Tudo isso, não só encanta os turistas que nos visitam durante o ano todo, como também aos santistas. É muito aprazível passear pelas calçadas que o circundam. – A exuberância causada pela beleza do jardim trás paz de espírito para os que o contemplam.
O jardim que se estende pelas praias de Santos, por 5.335 metros,
é o verdadeiro cartão-postal de Santos, visto do Boqueirão para Ponta
da Praia - 2003. Foto Tadeu Nascimento.
Minhas primeiras lembranças do jardim vêm de 1951, quando meus pais me levavam nos fins de tarde para passeios entre os inúmeros canteiros praianos. Recordo ainda de um distante sábado, quando estávamos no jardim próximo ao canal 5, quando avistei um cargueiro deixando Santos na altura da Praia do Góes, e perguntei ao meu pai para onde ia aquele navio? Ele certamente não sabia, mas para me agradar disse, vai para Nova York. – Eu fiquei muito satisfeito com a resposta. As lembranças do nosso jardim são muitas, mas prefiro contá-las em outra oportunidade.
Tenho no meu acervo imagens que mostram as nossas praias, como eram antes do surgimento do esplendoroso jardim, que aqui é mostrada junto com outras nas várias épocas até chegar a um passado recente.
A Praia do Boqueirão em 1935, sem o jardim. Ao fundo o famoso transatlântico italiano Conte Grande, entrando em Santos. Acervo L.J.Giraud.
Para contar um pouco dessa beleza mundial, nada melhor do que informações obtidas junto à Fundação Arquivo e Memória de Santos (FAMS), dirigida pelo dinâmico José Manuel Costa Alves, seu atual presidente.
A melhoria das condições de higiene pública e a nomeação do engenheiro sanitarista Saturnino de Brito em 1905, foram de fundamental importância para ocupação da orla santista.
Em 1929, turistas na Praia do Gonzaga,
onde se observa a falta da grande atração
da Cidade, o Jardim. Acervo Creusa Giraud.
Em 1914, Saturnino apresenta um plano urbanístico propondo a implantação, na área de frente do mar, de uma avenida-parque, que se chamaria Avenida Parque da Barra, com equipamentos de lazer, edifícios de uso público e jardins. No final da década de 1920, a “Avenida da Praia” já está calçada e contava também com o serviço de bonde em grande parte de sua extensão.
Outros fatores dão impulso ao processo de ocupação da orla: a riqueza gerada pela produção do café no Interior do Estado e o aumento das exportações pelo Porto de Santos; a inauguração, em 1922, do Caminho do Mar (primeira estrada construída para o uso de automóveis ligando Santos a São Paulo) e a construção de grandes residências de veraneio e chácaras na praia, além do aparecimento de novos hotéis, que se juntaram ao Internacional e Parque Balneário Hotel e outros.
Na altura do Canal 2, crianças brincam no playground do jardim da praia.
O postal mostra que Santos era uma cidade pacata. Acervo L.J.Giraud.
Em 1930 são feitos os primeiros desenhos para os jardins, pelo engenheiro Paulo Veiga e, pouco depois, pelo arquiteto Carlos Lang. Finalmente, em 1935, o prefeito Aristides Bastos Machado nomeia o engenheiro Adalberto Moura Ribeiro e, no ano seguinte, o também engenheiro Hugo Benedito de Oliveira para compor a equipe responsável pelo projeto definitivo dos jardins, que foi concluída em 1939, com extensas áreas gramadas, chapéus-de-sol, bancos, postes de iluminação pública e postos de salvamento.
Noventa e quatro anos depois de visionado por Saturnino de Brito, o jardim da orla é a parte mais bela da Cidade. – Todo esse encanto e beleza são um privilégio para os turistas e moradores da Baixada Santista, ou Costa da Mata Atlântica. Particularmente prefiro a primeira denominação.
Canteiros da Praia do Gonzaga após a inauguração, ainda com poucas árvores, mas com belos postes de iluminação-1940. Acervo L.J.Giraud.
Por volta de 1951, as árvores que adornam o jardim já estavam
encorpadas e davam uma belezza esspecial na orla. a imaagem mostra
à Av. Vicente de Carvalho com pista de mão dupla, trilhos dos bondes,
postes de sustenção da rede aérea, que fornecia eletricidade ao
saudoso meio de transporte. Acervo L.J.Giraud.
O Canteiro em frente ao Hotel Atlântico, tinha um verdadeiro
monumento, o famoso Relógio do Gonzaga (onde será que foi
parar?). No postal, nota-se a falta de prédios de apartamentos.
Na época só existiam dois: o Olimpia e o São Paulo, este
último na Av. Washington Luiz com a praia. Ainda são vistos,
automóveis da época, inclusive na areia, o Hotel Avenida
Palace, duas crianças, um cachorro e amurada da Praça das
Bandeiras. - 1940. Acervo:L.J.Giraud.
A estátua de Vicente de Carvalho, o poeta do mar, original-
mente era voltada para o mar, posteriormente mudara,
ficando voltada para a avenida do mesmo nome - 1960.
Acervo: L.J.Giraud.
Na antiga fotografia, gasta pelo tempo, na praia do Embaré,
o autor na companhia de sua mãe (ao centro), madrinha e
irmã, no distante setembro de 1952.
O bonde 3 que tinha o ponto final na Praça dos Andradas,
junto a um ponto de parada. O cartão-postal do acervo de
Allen Morrison, mostra claramente como eram os trilhos dos
bondes que transitavam junto à calçada do jardim da praia.
Segunda metade da década de 1930.