Sexta, 18 Abril 2025

Este artigo é um grande apelo às autoridades da nossa Cidade de Santos, ou a quem de direito para que seja construído uma estátua ou um pequeno monumento em homenagem aos heróis da Força Expedicionária Brasileira (FEB), Marinha do Brasil e da Força Aérea Brasileira, que tiveram participações no teatro de operações da Itália ou defendendo as nossas costas das forças do Eixo.

 

Navios brasileiros afundados por submarinos

alemães, durante a II Guerra Mundial (1939-45).

Reprodução.

 

É bom lembrar que na Cidade de Santos temos vários monumentos e estátuas que homenageiam vários acontecimentos históricos e pessoas ilustres, mas não temos nada parecido para os nossos ex-combatentes. Da Cidade de Santos e cidades irmãs, foram enviados à Europa cerca de 300 pracinhas.

 

Para uma maior ênfase no presente apelo, abaixo é transcrita a introdução do livro, Cinqüenta Anos Depois da Volta de autoria de Octavio Costa, lançado em 1995, que conta a participação da FEB nos campos de batalha da Itália durante a II Guerra Mundial.

 

“O Brasil foi à guerra. E saiu da II Guerra Mundial outro Brasil. O que hoje somos está profundamente marcado de nossa participação na guerra mais terrível da história da humanidade, porque foi naquela hora inquieta e triste que se conseguiu fincar os alicerces da grande transformação. E amadurecer na guerra a geração de brasileiros que haveria de tomar a mudança em suas mãos.

 

E, no entanto, o que sabe a juventude de agora sobre a nossa contribuição para a vitória de 8 de maio de 1945? Que sabem os jovens sobre os nossos sacrifícios, sobre as vidas perdidas, sobre o papel do Nordeste na estratégia do conflito, e sobre as razões que levaram a Europa a Força Expedicionária Brasileira?

 

Soldados brasileiros na frente de batalha durante a campanha da

Itália, em setembro de 1944. (Reprodução: Acervo Museu da FEB)

 

Por que a para que a FEB? Como foi a FEB? Quem eram os “pracinhas” e o que fizeram por todos nós?1995 conta Cinqüenta Anos Depois da Volta da Força Expedicionária Brasileira. Cuidamos que seria de bom augúrio para todos nós que a mocidade de hoje se identificasse com as moças que, 50 anos antes de agora, nos ajudaram, com as suas vigílias e o seu sofrimento, a ser o que somos hoje.

 

Visando, uma vez mais, a mocidade, deixamos em suas mãos esta publicação – mais uma reportagem que um livro – e o tema é ainda a mocidade, a mocidade do “pracinha” que não valeu, ou que voltou mareado pela guerra, dentre de si mesmo, para sempre”.

 

Recordando:

 

Uma data a celebrar: 62 anos do retorno da FEB dos campos de batalha na Itália

* José Carlos Rossini

* Laire José Giraud

 

O 62.º aniversário do início do retorno da Força Expedicionária Brasileira (FEB) das terras da Europa para o Brasil ocorreu em 18 de julho de 2005, uma data a ser Há 62 anos, em 1945, o navio-transporte de tropas General M. C. Meighs, de bandeira dos Estados Unidos, atracava no cais do Porto do Rio de Janeiro, trazendo de volta o 1.º Escalão de Embarque, composto por 4.931 homens, sob o comando do general Zenóbio da Costa.

 

Cobra fumando, símbolo da FEB. Este emblema

era o distintivo da Força Expedicionária

Brasileira (FEB), nossa participação no esforço

de guerra contra o nazismo. (Reprodução)


Dez dias antes, em 8 de julho, o comandante-chefe da FEB, general Mascarenhas de Moraes, pisava o solo brasileiro em Natal (RN), retornando de avião de Nápoles (com escalas em Omã, Casablanca e Dacar), onde assistira, no dia 6, o embarque do 1.º Escalão no General Meighs.


Não rememoraremos todos os antecedentes que motivaram a decisão política do envio da FEB ao campo de batalha, como também não analisaremos a campanha da Força Expedicionária no avanço em direção ao norte da bota italiana.


Idem para os comentários específicos sobre as viagens de ida e volta nos navios-transporte da U.S. Navy (Marinha dos Estados Unidos) e para as comemorações eufóricas que os 25 mil pracinhas, de modo justo, receberam ao voltar a solo brasileiro.

 

A chegada triunfal dos pracinhas a bordo do transporte ’’General

Meighs’’ na manhã de 18 de julho de 1945 - retorno do 1.º Escalão.

(Reprodução: Acervo L. J. Giraud)

 

Até porque, nas páginas do jornal A Tribuna de Santos, em 6 e 13 de julho de 1995, dois excelentes textos do repórter Hélio Schiavon marcaram o 55.º aniversário do retorno da Força Expedicionária Brasileira.


O que gostaríamos de realçar nestas linhas são dois fatos que se interligam no tempo e no espaço: aqueles que faleceram na campanha bélica e a memória da nossa Nação em relação aos que regressaram. Antes, porém, uma lembrança de alguns fatos.


Quando, no verão europeu de 1944, a FEB desembarcava o 1.º Escalão no Porto de Nápoles, o destino final da Segunda Guerra Mundial já era conhecido: as Nações Aliadas sairiam vencedoras no conflito, a Alemanha e o Japão estavam destinados a serem derrotados.

 

Recepção aos heróis da FEB, durante o desembarque por parte

das mães, esposas e namoradas dos soldados que combateram na

Itália. Entre 1944-1945. Reprodução.


Em todas as esferas militares e políticas daqueles idos, tal equação já era aceita como realidade, a única incógnita provindo da forma e do quando aconteceria a capitulação desses dois países do Eixo.

 

O terceiro integrante do Eixo, a Itália, já havia deposto oficialmente as armas (através do Armistício assinado em setembro de 1943) e encontrava-se, na parte centro-norte, ocupada por forças alemãs e pró-fascistas.

 

Na própria Alemanha, porém, o número de altos oficiais militares que já estavam convencidos da futura inevitável derrota do Terceiro Reich era bastante elevada e isto até um ano antes, ou seja, no verão de 1943.

 

Capa do livro Cinqüenta Anos Depois da Volta,

uma grande bibliografia sobre a participação do

Brasil na II Guerra Mundial. Em especial, sobre a

FEB, de autoria de Octavio Costa, da editora

Expressão e Cultura, lançado em 1995. Reprodução.

 

 

Generais do Exército alemão com nomes e cargos bem conhecidos e elevados - como Von Falkenhaussen, Ludwig Beck, Erwin Von Witzleben, Carl-Heinrick Von Stulpnagel, Hans Speidel, Franz Halder e Erwin Rommel - fizeram parte do grupo subversivo denominado Fronda, que reunia todos aqueles (inclusive outros oficiais de alta patente) que se opunham à cega obstinação de Adolf Hitler de prosseguir uma guerra perdida.

 

Todos os mencionados, em maior ou menor grau, acreditavam que a Alemanha deveria reconhecer a superioridade militar das forças aliadas, evitar um inútil prolongamento do conflito e solicitar o Armistício, antes do desastre total.


Hitler - o Fuhrer - era o obstáculo principal a esta solução de paz. Era, portanto, imprescindível eliminá-lo e no dia 20 de julho de 1944 uma bomba foi colocada, pelo coronel Stauffenberg, no quartel-general do Fuhrer, na Prússia Oriental. A explosão provocou a morte de alguns oficiais, feriu Hitler, mas este sobreviveu.

 

O ex-combatente da FEB,

Capitão Kepler Alves Borges

(83), foi integrante do Quartel

General da FEB, onde prestou

serviço junto com o General

Castelo Branco, posteriormente

Presidente do Brasil. Ao fundo,

foto do Comandante Geral da

Força Expedicionária Brasileira,

Marechal Mascarenhas de Moraes.

Kepler é autor do livro O Brasil

na Guerra, lançado em 1947.

Foto: L. J. Giraud

 

Tivesse falecido no atentado, o destino do conflito na Europa teria sido outro, pois a Alemanha teria capitulado.


Quis o destino que, no dia desse atentado, o 1.º Escalão da FEB desembarcasse em Nápoles, recebendo o seu comandante.


O general Mascarenhas de Moraes era alvo das maiores atenções de membros do Comando Aliado no teatro de operações do Mediterrâneo.

 

Após um período de adaptação e treinamento para todo o pessoal brasileiro, o 6.° Grupamento Tático, conhecido como Destacamento FEB, recebeu em 13 de setembro de 1944 o batismo de fogo, participando do primeiro ataque terrestre aliado ao fronte da denominada Linha Gótica - linha defensiva nazi-fascista que do Mar Tirreno atravessava a Península Itálica, passando pelos Alpes Marítimos, a cadeia montanhosa dos Apeninos Tosco-Emiliano até Bolonha e daí para a costa do Mar Adriático.

Milhares de pessoas foram assistir ao

Desfile da Vitória em 1945. (Reprodução:

Acervo Museu da FEB)


A partir daquele momento, a FEB entra na batalha para vencer - conjuntamente com o IV Corpo do Exército dos Estados Unidos e o VIII Exército da Grã-Bretanha - a presença alemã no norte da Itália.


A FEB, de setembro de 1944 a maio de 1945, instalou seu Quartel-General (QG) e travou batalha em lugares que ficaram na memória dos pracinhas e nos registros históricos:


Massarosa, Bozzano e Camaiore (na região da Versilia);
Vecchiano, Pifa e Lucca; Castelnuovo di Garfagnana, Barga e Galicano (Vale do Rio Serchio);
Passo de la Futa, Pistóia, Porreta Terme, Monte Castelo e Castelnuovo Del Reno (Vale do Rio Reno);
Montese, Vignola, Montecchio e Marano (Vale do Rio Panaro);
Fornovo, Cremona, Lodi, Alessandria e Torino (cidades além da desmantelada Linha Gótica).


2 de maio de 1945, o dia V (de Vitória) para os aliados no teatro de guerra da Itália!

 

Participação da Força Aérea Brasileira

durante o grande conflito foi de grande

valia para o Brasil. Reprodução.

 

No dia seguinte, o general Mascarenhas de Moraes fazia proclamação às tropas brasileiras, da qual relembramos algumas passagens:

 
“Soldados do Brasil! A ordem de cessar fogo acaba de ser dada a todas as tropas que combatem na Itália...”
“A Força Expedicionária que representou o Brasil nesta sanguinolenta guerra cumpriu galhardamente a missão que lhe foi confiada, mercê de Deus e a despeito de condições e circunstâncias adversas.”

 

“Num terreno montanhoso, a cujos pinçares o homem chega com dificuldade; num inverno rigoroso que a totalidade da tropa veio a enfrentar pela primeira vez e contra um inimigo audacioso, combativo e muito bem instruído, podemos dizer assim mesmo, e por isso mesmo, que nossos bravos soldados não desmereceram a confiança que neles depositaram seus chefes e a própria Nação brasileira...”

 

“Entre 16 de setembro de 1944 e 2 de maio de 1945, a FEB percorreu cercada de 400 quilômetros, de Lucca a Alessandria, pelos vales dos rios Serchio, Reno e Panaro, libertou meia centena de vilas e cidades, sofreu mais de 2 mil baixas entre mortos, feridos e desaparecidos...”


Escalões

O Brasil enviou 25.334 homens, divididos em cinco escalões de embarque, todos a bordo dos transportes General Mann e General Meighs.

 

Desses homens, 465 sucumbiram nos campos de batalha: 3 oficiais, 444 praças e 8 oficiais da Força Aérea Brasileira. Teve 1.577 feridos em ação de combate, 1.145 acidentados 35 aprisionados e 16 desaparecidos.

 

Monumento em homenagem aos ex-combatentes das

3 Forças Armadas, no Aterro Flamengo, Rio de Janeiro.

(Reprodução)

 

Referindo-se à atuação de nossos bravos patrícios, assim se manifestou o general Willis Dale Crittenberger, comandante do IV Corpo de Exército dos Estados Unidos em carta ao General João Baptista Mascarenhas de Moraes, Comandante da FEB, em 10 de maio de 1945:

 

“Os feitos da Força Expedicionária Brasileira, sob o vosso comando durante a campanha do IV Corpo na Itália, terão um lugar proeminente quando for escrita a história da Segunda Guerra Mundial”.

 

O retorno

Naquele 18 de julho de 1945, nenhum navio era tão esperado em todo o Brasil quanto o General Meighs, que entrou na Baía de Guanabara escoltado pelos mais diversos tipos de embarcações. No convés, os rostos cansados e sorridentes dos brasileiros que retornavam da Itália.


No cais, as pessoas gritavam e acenavam - eram mães, esposas, filhos, namoradas e cidadãos que alegremente recebiam os heróis.

 

O desfile

Após o desembarque dos pracinhas, houve o Desfile da Vitória, que não chegou ao final devido à grande alegria do público, que se misturou entre os combatentes, em uma troca de beijos e abraços, impedindo um desfile heróico e emocionante.

 

O Brasil na guerra

Devemos lembrar que entramos na guerra em razão de vários navios mercantes brasileiros terem sido torpedeados em 1942 por submarinos do Eixo com perda de várias vidas humanas.

 

Vitrine

Quando os 300 pracinhas de Santos e cidades vizinhas chegaram à Cidade, tiveram as fotografias expostas nas vitrines da tradicional loja Ao Preço Fixo, que também foi decorada com bandeiras brasileiras e fitas verdes e amarelas, demonstrando o patriotismo dos santistas.


Reconhecimento

A Força Expedicionária Brasileira desempenhou papel importante na luta contra o Eixo, mas somente 50 anos depois foi reconhecida pela comunidade internacional pelos feitos heróicos.

 

No sopé do Monte Castelo, onde os brasileiros lutaram contra os alemães, recentemente foi erguido mais um monumento ao soldado brasileiro. O primeiro fica no Cemitério Militar do Brasil em Pistóia, Itália.

 

No Brasil, em várias cidades, foram erguidos monumentos ou estátuas, homenageando os pracinhas. O maior monumento está no Rio de Janeiro, onde se encontram sepultados os restos mortais dos pracinhas que estavam enterrados em Pistóia.

 

Finalizando, fica a pergunta: “Por que Santos não constrói um monumento que homenageie as três Forças Armadas que participaram da mais famigerada das guerras, a Segunda Guerra Mundial?”.

 

Calcula-se que ainda vivem aproximadamente 2 mil pracinhas, dos quais Kepler Alves Borges e Ewaldo Meyer, entre outros, merecem a nossa eterna gratidão e as merecidas homenagens.

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