Domingo, 19 Mai 2024

Prosseguindo na série Escritos Especiais, do livro Transatlânticos em Santos – 1901/2001, uma verdadeira lembrança dos navios de passageiros do passado, apresento o texto de muita sensibilidade da jornalista, escritora e amiga Helena Maria Gomes, com quem tive a satisfação de participar do livro Memórias de Hotelaria Santista, juntamente com a também jornalista Viviane Pereira, que conta muitas coisas da época dos grandes hotéis de Santos, onde participei com raros cartões-postais que retratam os hotéis e as belas praias de Santos nos anos dourados.


A escritora Helena Maria Gomes, sentada à esquerda durante

encontro no Clube do Manche na capital paulista, exibindo um

exemplar do livro Memórias da Hotelaria Santista – 1997. Na foto,

 vemos em pé: Viviane Pereira, o autor, Ézio Begotti, ao lado da

jornalista, Creusa Giraud e o jornalista Armando Akio.

Foto: L. J. Giraud

 

Vale lembrar que na obra dos transatlânticos, convidei amigos especiais para participar com seus escritos que deram grande brilho a obra. Helena Maria Gomes é autora das seguintes obras: A Caverna de Cristais, 2003; Lobo Alpha, 2006 e Aliança dos Povos, 2007. Leituras que dispensam maiores comentários.

 

Cartão-postal do Titanic, navio mais

famoso de todos os tempos, protagonista

de várias obras e filmes, lembrado no

Escrito Especial de Helena Maria Gomes.

Acervo: L. J. Giraud

 

A Magia de Outros Tempos

 

* por Helena Maria Gomes

 

“Eu sou o rei do mundo!” Esta frase marcou o filme Titanic, um grande sucesso que apresentou às novas gerações todo o charme dos antigos transatlânticos. O navio, recriado em parte por meio de computação gráfica, foi o cenário para o amor impossível da aristocrata Rose DeWitt Bukater e do desenhista pobre Jack Dawson. Assistir ao filme – e se deslumbrar com seus cenários magníficos – foi como realizar uma viagem ao passado, a um tempo de romantismo e luxo.

 


Para nós, santistas, as referências aos transatlânticos de ontem e

hoje são bem mais amplas do que toda a mitologia e mistério que

envolvem o Titanic. (Helena Maria Gomes). Cartão-postal do navio

britânico Aragon durante atracação na altura do Armazém 4 da

antiga Companhia Docas de Santos, em 1906. Acervo: L. J. Giraud

 

Para nós, santistas, as referências aos transatlânticos de ontem e hoje são bem mais amplas do que toda a mitologia e mistério que envolvem Titanic, que naufragou em sua viagem inaugural. Elas nos remetem aos navios de passageiros do começo do século XX, quando nossos pais e avós chegaram, direto da terceira classe, em busca de uma vida melhor no Brasil. Nos levam a imagens belíssimas – imortalizadas em cartões-postais antigos, como os da coleção do pesquisador Laire José Giraud -, que mostram magníficos navios partindo de uma Santos de outros tempos, com sua praia ainda inexplorada. Nos trazem recordações de uma infância divertida na praia, com suas brincadeiras interrompidas para observar aquele navio imenso surgindo em nossa baía – “Mãe, também quero andar de navio!”

 

As referências são muitas. Como, hoje, ao ver um anúncio sobre a próxima temporada de cruzeiros e sonhar com uma segunda lua-de-mel. Sim, porque viajar em um transatlântico é conquistar a realização de um sonho. Foi assim para os imigrantes que atravessaram o oceano atrás do sonho de uma nova vida, foi assim para os tantos passageiros de primeira classe que buscavam a diversão e o requinte de uma época considerada de ouro.

 


Os cartões-postais antigos, imortalizam imagens belíssimas como

essa do  transatlântico italiano Conte Grande, entrando em Santos

em 1949. Um detalhe é o trampolim da Ponta da Praia, à direita, de

onde o autor pulou inúmeras vezes na adolescência, que lhe custou

muitos cascudos do seu genitor, pelo perigo que oferecia. Por questões

de segurança, o famoso trampolim foi demolido no início da década

de 1960. Acervo: L. J. Giraud

 

E é assim hoje para quem sonha com a tranqüilidade e o conforto de uma viagem de turismo em alto-mar. Os tempos são outros, os transatlânticos, também. A moderna estrutura de lazer envolve centenas de pessoas, ligadas direta ou indiretamente a um negócio extremamente lucrativo.

 

O glamour antigo só existe mesmo no imaginário, alimentado por livros – como este, idealizado por Giraud – filmes e romances improváveis, como o de um certo casal que se conheceu em um navio famoso, em 1912.

 

Mais imagens:

 

As referências são muitas. Como, hoje, ao ver um anúncio sobre a

próxima temporada de cruzeiros e sonhar com uma segunda lua-de-mel.

Sim, porque viajar em um transatlântico é conquistar a realização de

um sonho. Na foto, o Costa Victoria, na Barra de Santos em temporada

 recente. Acervo: L. J. Giraud

 

Grand Mistral passando pelos decks da passarela da Ponta da Praia.

Ao fundo, edificações do município do Guarujá. – 2007. Foto: L. J. Giraud

 

Fechando a galeria de imagens, o transatlântico britânico Caronia

de 1949, da Cunard (na época ainda era Cunard White Star), foi o

primeiro navio construído especialmente para cruzeiros marítimos, ao

contrário dos demais de sua época, que eram reformados para fins de

turismo. Esse transatlântico fez muito sucesso durante a sua passagem

por Santos em 1953. Acervo: L. J. Giraud

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