Domingo, 19 Mai 2024

Como é do conhecimento dos que gostam das coisas do Porto de Santos, o Governo Federal está para liberar ao município os antigos armazéns do 1 ao 8 do cais do Valongo, local onde propriamente dito, nasceu o Porto de Santos. Atualmente os armazéns estão totalmente sucateados. Para esse local há projeto de construção de complexo empresarial, turístico e náutico, conhecido como Marina do Porto de Santos, que certamente será uma das maiores recuperações urbanas de áreas portuárias do Brasil, além de ser uma grande atração.


O Projeto Marina Porto de Santos transformará a faixa portuária do

Valongo , que vai do armazém 1 ao 8, num grande pólo de atividades

turísticas e empresariais. Imagem: Reprodução PMS.

 

Esse projeto, à primeira vista, parece até ficção, mas é real. Ali serão construídas muitas coisas interessantes, que transformará Santos num dos locais mais aprazíveis. Lá surgirá um terminal de transatlânticos de cruzeiros (sem concorrência para o já existente), marina, espaço para feiras e eventos, escola de navegação, lojas e restaurantes. Tudo isso faz parte da revitalização do Centro Histórico, mais conhecido como Projeto Alegra Centro.

 

Vale recordar que nesse local foram inaugurados os primeiros 260 metros do cais linear (cais de pedra) do Porto de Santos, pelo navio Nasmyth da armadora britânica Lamport & Holt, em 1892. Ali, nas primeiras décadas do século XX, atracavam os navios de passageiros que ligavam Santos com várias partes do mundo. Atracaram navios que trouxeram muitos dos nossos antepassados, alguns como: Asturias, Avon, Aragon, Duchessa Di Genova, Re Vittorio, Danubio, Arlanza e muitos outros navios  que deixaram seus nomes gravados na nossa Cidade.


A fotografia mostra os armazéns sucateados, que darão lugar ao

complexo turístico e empresarial, Marina do Porto de Santos. Ao fundo,

a torre da Bolsa do Café, atualmente Museu dos Cafés do Brasil.

Foto: L. J. Giraud

 

Mais tarde, por volta de 1920, os navios de passageiros de longo curso passaram a atracar no Armazém 15 da Companhia Docas de Santos, onde ficava o Armazém de Bagagens.

 

Com essa mudança, o cais do Valongo ficou destinado à cabotagem (navegação na costa brasileira), tanto para os navios de passageiros como para os cargueiros.

 


O cartão-postal de 1925, mostra como era o cais do Valongo, onde

atracavam os navios da cabotagem, tanto de passageiros como de

cargas. Um detalhe: os antigos guindastes a vapor e a chaminé da casa

de força. Esta última apareceu na abertura da famosa novela Terra

Nostra, e é vista pelos que dão um passeio, no bondinho pelo Centro

Histórico de Santos. Acervo: L. J. Giraud

 

Recordo que na minha infância, ali embarquei na companhia dos meus pais no navio Cantuaria do Lloyd Brasileiro, com destino ao Rio de Janeiro (1950). Já na juventude, embarquei por duas vezes na companhia de amigos nos cisnes brancos do Lloyd, respectivamente Princesa Isabel e Princesa Leopoldina, em 1968.

 

Voltando à Marina do Porto de Santos, posso até imaginar o local com grandes eventos, turistas de todas as partes conhecendo suas lojas e restaurantes e tudo de bom, que oferecerá aos seus visitantes.

 

A imagem mostra o local visto da Alfândega para o Valongo, onde 

nota-se um grande movimento de pessoas de várias atividades. Dali,

partiam as lanchas que levavam tripulantes e funcionários das agências

marítimas até os navios fundeados. Afinal, em frente era o Lagamar do

Enguaguaçú, mostrado na matéria da semana que passou. – 1925.

Acervo: L. J. Giraud

O grande movimento dos transatlânticos que ali atracarão, dará uma grande arrancada para o comércio do Centro Histórico da Cidade de Santos. Esse grande complexo levará a Cidade para um patamar mais elevado do que ocupa atualmente. Será no mesmo estilo dos já existentes em Nova York, Nova Orleans, San Francisco e Buenos Aires, com um algo mais, ou seja, o píer de atracação dos transatlânticos que participam das temporadas de cruzeiro. Tudo isso graças a esse ambicioso projeto de integração Porto-Cidade.

 

Para finalizar, que aquela alegria do dia da Grande Confraternização Santos Todos a Bordo, continue presente na Marina Porto de Santos. Vale lembrar que no dia 24 de fevereiro do ano em curso, quando houve o recorde de 7 transatlânticos atracados simultaneamente. Foi uma grande celebração na Ponta da Praia, quando foram acenados 20.000 lenços aos passageiros desses transatlânticos, distribuídos pela Prefeitura Municipal de Santos, com o patrocínio de várias empresas.

 


Muitos dos nossos antepassados, os imigrantes, chegaram dos países

de origem, a bordo de navios que atracavam, onde vai ser construído

o Marina Porto de Santos. O cartão-postal do início do século XX,

mostra o transatlântico italiano Duchessa Di Genova em manobra

de atracação. Acervo: L. J. Giraud

 

Essa verdadeira volta ao passado, em termos de pujança, existiu, nos anos dourados dos transatlânticos, quando víamos grande número de passageiros circulando pela Cidade, durante escalas dos paquetes. 

 

Oxalá esse projeto se torne realidade pois certamente mudará para melhor a imagem de Santos no mundo dos cruzeiros marítimos, e até mesmo no âmbito do turismo nacional e internacional.

 

A aquarela de Julio Paes, mostra o navio misto do Lloyd Brasileiro

Cantuaria, navio em que o autor viajou para o Rio de Janeiro

em 1950 na companhia dos pais. Acervo: L. J. Giraud

Para finalizar, aqui são transcritas as palavras do titular da Secretaria Especial de Portos da Presidência da República, Pedro Brito, durante encontro recente com o prefeito João Paulo Tavares Papa que ressaltou o seguinte: “Vamos transformar o Porto de Santos num exemplo para todos os demais do Brasil, por meio de medidas práticas e objetivas.”

 

Veja mais imagens:


Vista do Centro da Cidade de Santos, em foto tirada do Monte Serrat,

onde são vistos vários prédios históricos, inclusive o prédio da Western

Telegraph, hoje demolido, ao lado da torre do atual Museu dos Cafés

do Brasil. – 1951. Acervo: L. J. Giraud


O cartão-postal da Praça Mauá, em 1927. Mostra um oficial de um

dos navios, na companhia de duas damas, durante passeio pelo

Centro. Com a Marina do Porto de Santos, certamente essa cena será

multiplicada por passageiros dos navios de turismo que atracarão

nas proximidades. Acervo: L. J. Giraud


Antes da construção do cais de pedra, os navios atracavam nas pontes

dos trapiches que existiam na Cidade. Aqui, o da Praia do Consulado

(nota-se que os veleiros atracavam literalmente na praia). Pintura de

Benedito Calixto mostrando a década de 1880. Acervo: L. J. Giraud



Que a alegria do dia 24/02/2007 - Confraternização "Santos Todos a

Bordo", continue presente na Marina Porto de Santos, com muitos

transatlânticos atracados no glorioso local do cais do Valongo.

Foto: Paulo Monteiro

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