Seguram a enxada
As mãos que escrevem haicais ---
Chuva criadeira
Neiva Maria Pavesi (Santos - SP)
1º lugar no CONCURSO NACIONAL DE HAICAI NEMPUKU SATO
Pensamento, percepção, atenção, linguagem, memória, aprendizagem, criatividade, raciocínio lógico e diversas habilidades intelectuais fundamentais para a sobrevivência do ser humano são adquiridas num contexto sócio-educacional e guardadas no cérebro. Alguns podem não perceber, mas usamos o cérebro para desempenhar todas as atividades, separar o troco da condução (se não estivermos com o cartão transporte), fazer uma caminhada, carregar um saco de café ou calcular a estrutura de uma ponte, por exemplo.
Na cidade portuária, poucas são as mãos que de fato seguram a enxada, mas muitas trabalham em atividades correlatas ao Porto de Santos. Ainda existem os carregadores ou estivadores, mas já não podem atuar como há trinta anos. Nem sempre os trabalhadores possuem a necessária qualificação.
O Centro de Treinamento Portuário estava previsto para ser implantado há 14 anos, porém até o momento não havia passado de intenção, deixando a qualificação dos trabalhadores portuários por conta do Ogmo, da Marinha do Brasil e das próprias empresas operadoras, além de iniciativas pontuais de universidades e outros institutos de qualificação distribuídos pela região.
No início do ano, a Prefeitura de Santos, em parceria com o Centro de Capacitação Profissional do Porto de Antuérpia (na Bélgica), e diversos sindicatos, assinaram acordo para a criação do Centro de ExcelênciaPortuária, o Cenep e, com um grupo de trabalho, passou a estudar sua estruturação e definição de recursos para seu financiamento, contando também com recursos para qualificação que hoje são administrados pelo DPC – Diretoria de Portos e Costas da Marinha do Brasil.
A pequena qualificação para a realização de atividades portuárias e logísticas resulta também na escassez de espaço físico para atender os clientes do Porto de forma adequada, gerando a sua saturação.
As cidades portuárias mais avançadas não só oferecem um
conjunto de serviços e infra-estruturas tradicionais de transporte, como ainda são autênticos pólos de organização, controle, financiamento e serviços tecnologicamente avançados para o comércio e a distribuição no nível nacional e internacional.
Desde o início das grandes embarcações, quando todo o transporte de mercadoria era feito particularmente por caravelas, naus e barcos menores, lá estava o estivador. Carregando e descarregando navios, arrumando mercadorias e distribuindo nas embarcações.
O trabalho de estiva deixou de ser predominantemente braçal, uma mudança importante para a classe. Hoje, a profissão exige, além da força física, treinamento para lidar com as máquinas e organização racional para aproveitar os espaços e distribuir o peso para não afetar a estabilidade do navio. Essencial revela-se o zelar pelas normas de saúde, higiene e segurança no trabalho.
No dia 18 de outubro, os estivadores comemoram o seu dia e até mudamos o nosso tema central esta semana para dar os parabéns para esta categoria tão tradicional do Porto de Santos. Nesta terça (21/10) ainda estão abertas as inscrições do Curso Portuário de Aperfeiçoamento e Experiência Profissional, vinculado ao Programa Planseq (Plano Setorial de Qualificação). Finalmente se marca o início das atividades práticas do Cenep-Santos (Centro de Excelência Portuária).