Sexta, 17 Mai 2024

Continuando a série de artigos voltados ao desenho urbano, dissertamos sobre o tema favela, com ênfase na cidade do Rio de Janeiro, apontando alguns pontos históricos deste tipo de ocupação na “Cidade Maravilhosa”.

* Desenho urbano: favelas (parte I)

A urbanização caracterizada como favela é uma situação antiga na história brasileira, de modo que podemos citar alguns acontecimentos que influenciaram o crescimento destas no Rio de Janeiro:

• Migração de escravos para o Brasil: cerca de 1,8 milhões de negros foram importados (forçadamente) para trabalhar nas minas e lavouras do Brasil durante o século XVIII e muitos permaneceram na capital (na época o Rio de Janeiro) onde parte desembarcou;

• Chegada da corte portuguesa ao Brasil (inicio do século XIX): em 1808, cerca de 30% da população carioca é expulsa de suas casas para dar moradia aos anexos da família real portuguesa. Para não saírem do centro da cidade inúmeras famílias passam a residir em habitações coletivas;

• Proclamação da República, em 1889: a elite do Rio de Janeiro almejava apagar do seu passado a reputação de cidade colonial, para tanto, cortiços povoados por ex-escravos foram demolidos em reformas. Sem ter opção de moradia os desabrigados foram forçados a construir suas próprias casas, começou então a ocupação dos morros centrais.

• No século XX a cidade cresce de forma acelerada: o esforço do Estado em construir habitações populares não é suficiente para acomodar o fluxo de imigrantes. Como parte dos salários não era suficiente para a compra ou aluguel de moradias formais a solução encontrada foi morar em terrenos ilegais, por serem mais baratos, próximos aos locais de trabalho e permitirem a construção progressiva e sem regras. A partir daí a população em favelas cariocas cresce a taxas superiores ao resto da cidade, mesmo com as políticas de remoção de favelas nas décadas de 20 e 60. Em 1948 o censo já registrava 139 mil pessoas vivendo em favelas (7% da população da Cidade do Rio). Esse percentual aumenta para 10,2% em 1960, 13,3% em 1970, 16% em 1990 e 18,7% em 2000, que representava 1,09 milhões de pessoas.

As intervenções atualmente executadas pelo Estado são beneficiadas pela experiência acumulada em mais de três décadas. Estas experiências afirmam a importância do conhecimento do modo de vida específico da favela que receberá a intervenção, como suas soluções de arquitetura e engenharia e as necessidades de seus moradores para a garantia do sucesso da intervenção.

Através de breve análise, podemos perceber que este “problema” é consequência de uma série histórica de fatores e que o mesmo vem sendo tratado através de políticas públicas, como as instalações de UPPs (Unidade de Polícia Pacificadora) e melhorias de saneamento básico, entre outras iniciativas.

Sendo assim, com o passar do tempo e através de boas políticas, poderemos melhorar a qualidade de vida dos moradores das favelas. Compensando, de certa forma, ações que foram executadas no passado.

Leia
1808 (livro) Laurentino Gomes
http://pt.wikipedia.org/wiki/1808_(livro)

Referências
http://www.ifch.unicamp.br/ciec/revista/artigos/artigo2.pdf http://historianovest.blogspot.com.br/2012/05/historico-das-favelas-na-cidade-do-rio.html

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