Apesar de todos os problemas, as obras da ferrovia Transnordestina avançam. Devem ficar prontas em 2010. Ops, mas 2010 já passou! Pois é, o prazo, mesmo bastante dilatado, já venceu há três anos! Mas tudo bem, as obras avançam... ao ritmo de uns 800 metros por dia. Apenas 800, quando o projeto previa pelo menos três vezes mais, na verdade 2,5 quilômetros construídos por dia.
Leia também
* Da Transnordestina ao Trem-bala (parte 1)
Jornalistas que foram conferir a frenética atividade construtiva, no interior de Pernambuco, voltaram contando (no jornal O Estado de São Paulo de 30 de dezembro passado) que com essa velocidade fantástica de 57,5 km/ano, a ferrovia logo estará concluída. Um dos títulos da matéria informa quando: "No ritmo atual, obra fica pronta em 2036". Ué, mas não era em 2010, ou talvez dezembro de 2014, conforme a previsão mais recente, ou ainda 2017, por outros cálculos?
É assim que andam (?) as obras de interesse público no Brasil. Mesmo no Nordeste, onde a concentração urbana é menor e as desapropriações necessárias deveriam ser mais facilmente realizadas que no Sudeste, são elas uma das causas do atraso. Outras razões: demissão de dois terços do pessoal empregado na construção; impossibilidade de deixar os trilhos "pendurados" no ar (é preciso antes fazer terraplanagem, aterros, viadutos, pontes), e principalmente a ocorrência de situações não planejadas que encarecem a obra. Bem, sobre estes imprevistos comentamos na coluna anterior: como nada se planeja direito, nem mesmo para que o trem não passe por cima de uma igreja, resta pagar o custo dos imprevistos que deveriam ter sido previstos...
Jornal mostra que concessionária exige o dobro da verba prevista.
Clique para ver em tamanho maior.
Só que a presidente Dilma Roussef já disse – e com razão – que não vai fazer nenhum outro aditamento de contrato. Ela já esteve no local apertando alguns parafusos "para que haja uma solução mais rápida". Certo, fica tudo pronto em 2029... se não chover.
Com exemplos assim, e tantos outros país afora, fica difícil acreditar que o famoso trem-bala programado para ligar Rio de Janeiro e São Paulo vá se realizar com a velocidade de um tiro. Mais fácil o tiro sair pela culatra.