Sexta, 27 Dezembro 2024

Depois de questionar onde estão a Logística e o Planejamento, falta perguntar também onde entra a Empresa na sigla EPL, o mais recente assunto do Governo Federal na área de transportes e afins. E a razão dessas perguntas é que não está clara a utilidade de mais estas letrinhas, num universo já tão abarrotado de letras sem significação, feitas mais para disfarçar a sobreposição de funções do que a organização entre elas.

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Senão, vejamos. Já tivemos a Empresa de Portos do Brasil, estatal que de fato administrava os portos brasileiros. Era a Portobrás, ainda com o devido acento na última sílaba, que as com$ultoria$ de plantão acharam de abolir, preocupadas que os ingleses leriam o "bras" com som de brass, sutiã em francês. Hoje, as atenções se voltam para outra parte da anatomia humana, com o mascote da Copa do Mundo batizado com o antigo nome daquilo que no corpo dos bêbados não tem dono, o Fuleco. Aliás, fulecar, também nos dicionários, significa "perder, ao jogo, todo o dinheiro que se leva" (Dicionário Brasileiro da Língua Portuguesa, Mirador Internacional, 1980, vol.1, pág. 836)...

Mas, deixemos de fulecagens e voltemos à nossa investigação. No caso da Portobrás, era uma empresa centralizadora até demais, criticada então por concentrar as decisões sobre os portos num lugar mais de mil quilômetros distante do mar. Para comprar o parafuso que colocaria o guindaste novamente em uso, era preciso obter permissão de Brasília. O modelo cansou, a palavra de ordem era descentralização, a empresa foi extinta. Mas o poder continuou em Brasília, longe do mar, escolhendo por critérios de benefício privado e imediato aqueles que deveriam ser capazes de trazer benefícios públicos e permanentes.

Deu no que deu. Destruiu-se todo um sistema, dispersou-se o conhecimento de como ele funcionava, nada se colocou no lugar, a não ser aquela miséria moral e intelectual – com as raras exceções, estas também vítimas da miséria administrativa e jurídica que se criou no setor de transportes.

E onde cabe mais uma empresa, num mundo de agências reguladoras que nada regulam, de ministérios incapazes de exercer o poder ministerial, de comitês e comissões cerceadas pela barafunda legal, de empresas portuárias enredadas com a Justiça por conta de tudo o que fizeram ao arrepio da lei?

Para que serve uma empresa de planejamento e logística, nesta situação? Não será mais uma a se atolar na lamaceira ou afundar nas areias movediças que tragaram o Ministério dos Transportes, espirraram os portos para uma Secretaria Especial, deixaram a aviação de fora como se nem existisse aviação mercante, ignoram ferrovias e hidrovias e deixam as rodovias num eterno caos – sem falar que este mundo (cujo objetivo é mover a carga) nem se articula com Agricultura e Indústria (que produzem a carga a ser movida), ou com as políticas de comércio exterior?

No EPíLogo desta minissérie, em que tento analisar este samba do afrodescendente despossuído das faculdades mentais (politicamente correto, mas que ninguém entende se não traduzir por "samba do crioulo doido"), repito o mantra: EPL, para que serves? Para fazeres a logística da distribuição de cargos? Para planejares o caos?

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