Domingo, 28 Abril 2024

Questionei no artigo anterior, após ver as notícias sobre a Empresa de Planejamento e Logística (EPL), onde entrava a Logística nessa sigla. Questiono agora onde entra o Planejamento, já que mais uma vez - longe de um planejamento sério sobre a montagem de uma estrutura governamental para definir diretrizes e ações para o crítico setor de Transportes no Brasil, embasado em propostas sérias, transparentes e claras -, a informação que chega é apenas sobre um embate entre grupos políticos em torno das fatias de poder a serem controladas via EPL, e como ficam os demais órgãos voltados para o setor, face ao poder da nova empresa.

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"Quem fica com o quê", parece ser a única pergunta em Brasília. Em vez de ser a última e menos importante questão, dentro de um processo racional de organização de um setor esculhambado por décadas de corrupção e descaso, é a primeira pergunta (e talvez a única) que fazem Executivo e Legislativo, quando o assunto é EPL. Sobre esta empresa dita de planejamento, o que menos se vê é debate sobre planejamento. Vem à minha mente, nesta hora, a imagem do navio afundando, todos lutando para entrar no bote salva-vidas e ele acaba afundando por isso, quando com planejamento daria para o bote ir e vir, salvando-se todos.

Não é de hoje que se diz que o setor de Transportes está um caos, refletido em nossas estradas, nas ferrovias, nos portos, nos serviços de apoio – e nas enormes perdas materiais, financeiras e humanas que esse caos acarreta. E o governo, depois de tantos remendos infrutíferos, em vez de derrubar tudo e começar do zero (nesta altura do campeonato, nada se perde, já está no zero mesmo...), apenas posterga soluções e aprofunda o problema, criando mais uma estrutura já condenada no nascedouro pela podridão como é elaborada. Nesta hora, seriam bem úteis o talento e o aprendizado prático de uma certa Dilma guerrilheira...

Foto: Bruno Merlin

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Se vamos falar de planejamento, sejamos sérios: definamos as diretrizes e metas que desejamos alcançar, os passos para atingi-las, os recursos de que dispomos e as estruturas necessárias. Coloquemos gente especializada para gerir os processos, criemos métricas para aferir a execução, cobremos publicamente os resultados, corrigindo distorções e removendo empecilhos. Sem o amadorismo que até hoje caracterizou o setor.

Mas, repito o mantra da coluna anterior: parece que ninguém está preocupado com essas questiúnculas… Alguém em Brasília sabe ao menos o que significam as palavras componentes da sigla EPL?

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