Domingo, 28 Abril 2024

Começa nesta segunda-feira no Guarujá, litoral paulista, mais um Fórum Internacional para Expansão do Porto de Santos – o 10º Santos Export, sob o signo da retrospectiva de um decênio desse evento e da tentativa de prever os próximos anos.

Em 2002, ainda início de uma nova fase na presidência da República, as perspectivas eram de um "apagão logístico" – pouco antes havia ocorrido, por exemplo, o grande black-out na energia elétrica. As estradas estavam esburacadas, as ferrovias sucateadas, os portos tentando entender os efeitos da Lei de Modernização em seu décimo aniversário. Os Estados Unidos cavalgavam a onda de crescimento econômico que também deixava a Europa em euforia, montada no Euro recém-criado. A China era a produtora do "made in China", famoso conceito de má qualidade. "Brics" era apenas a forma inglesa de se escrever "tijolos".

Foto: Claudete Dias Santos

Porto de Santos precisa se ajustar à realidade

Ninguém poderia supor então, mas já estavam em curso as forças que criariam o cenário de 2012, começando pelo conceito de que Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul seriam os tijolos de uma nova economia, em que a Euro-Europa naufragaria junto com os Estados Unidos. Bem, quase isso: os Brics ainda têm muitos problemas internos a resolver. A China, mesmo assim, avança para chegar ao conceito de produto "criado na China", que seja sinônimo de boa qualidade. O Brasil se tornou atrativo para investimentos, por manter a economia estável num mundo turbulento e com maracutaias fabulosas na cúpula do sistema financeiro.

E os portos brasileiros? E Santos? E os nossos transportes? Bem, os buracos nas estradas se juntaram, as ferrovias ainda não entraram bem nos trilhos, o sistema elétrico está longe da perfeição, as telecomunicações são uma infinidade de ligações propositalmente cortadas... Bancos e teles mandam no País, ordenhando-o livremente. O caos nos acessos aos portos, que já ocorria em épocas de safra, generalizou-se (será que os participantes do fórum conseguirão chegar em tempo para o evento?). Os investimentos em integração de sistemas continuam pífios, nem parece que os computadores evoluíram tanto. No tempo dos exabytes, ainda reina o carimbo.

O mundo mudou muito, o Brasil nem tanto. Com o retrospecto, a meta é identificar como serão os próximos dez anos - e ajustar o porto santista a isso. Mas não bastam boas intenções, é preciso vontade política de mudar para acompanhar as novas realidades. Mais que isso, vontade firme para tomar a iniciativa de forjar essas realidades futuras. O porto de 2022 será moldado pelo que fizermos hoje.

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