Quarta, 01 Mai 2024

Quando se fala cada vez mais em integração de transportes, e a logística privilegia centros de transbordo com múltiplas opções, inclusive aéreas, vale recordar e viver (parafraseando o colega colunista Laire Giraud), que no Porto de Santos já existiu uma importante base aeronaval, antes de surgirem os aeroportos paulistanos. Nas águas do estuário santista, além dos navios, circulavam os primeiros hidroaviões, que usavam as instalações na Bocaina (em Guarujá) como base de apoio essencial nas viagens ao Sul.

E o motivo desta recordação é a descoberta, em um álbum de fotografias encontrado num antiquário pelo professor e pesquisador Francisco Carballa, de raríssimas fotos da única vez em que o hidroavião Santa Maria esteve em Santos. Esse aparelho, modelo S-55 da fábrica italiana Savoia-Marchetti, foi pilotado por Francesco de Pinedo, Carlo Del Prete e Vitale Zachetti numa viagem ao redor das Américas. Eles passaram por Santos em 28 de fevereiro de 1927, a caminho de Buenos Aires, de onde prosseguiram para o Paraguai, Mato Grosso, Manaus e os Estados Unidos.

Foto: Novo Milênio

Autoridades visitantes deixam o Savoia-Marchetti, na embarcação a remo

O que torna as fotos santistas ainda mais raras é que menos de 40 dias depois o aparelho seria destruído por um incêndio, ao ser reabastecido na margem do lago artificial Roosevelt, em Phoenix, a capital do estado norte-americano do Arizona. Contam os biógrafos que Pinedo, ao ver as chamas, implorou que fotografassem os restos do avião sinistrado, para que tivesse ao menos uma última imagem de seu aparelho.

Era o tempo dos grandes reides aéreos: o famoso Jahú, semelhante a esse, chegaria a Santos em 28 de julho de 1927, pilotado pelo brasileiro João de Barros e seus companheiros. Havia uma verdadeira corrida internacional pela conquista de feitos inéditos e supremacia nos transportes aéreos.

Na Itália, o ditador Mussolini tinha o máximo interesse em mostrar ao mundo a força do fascismo, e quando em 6 de abril daquele ano o Santa Maria foi destruído, imediatamente enviou ao aviador um novo aparelho, para que pudesse completar a viagem pelas Américas e retornar à Itália. Esse novo aparelho foi o Santa Maria II. Além de completar esse reide panamericano, Pinedo ainda fez outras viagens, e foi justamente ao iniciar em New York um voo para Bagdad, em 2 de setembro de 1933, que ele faleceu, vitimado por uma falha no motor de sua aeronave.

Tem mais (na próxima coluna)...

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