Um programa de governo que mais parece onomatopeia, o Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), em suas múltiplas versões, apenas confirma o que esta coluna já afirmava em seus primeiros tempos: não deslancha por falta de projetos exequíveis, corretamente planejados e adequados às normas que regem sua realização. Falhas na forma de apresentação, na adequação jurídica, nos cálculos, nos prazos, na viabilização econômica, nas licitações, vão se somando para que a burocracia emperre e percentuais ínfimos das verbas oferecidas sejam de fato empregados e resultem em obras para o País.
Foto: Rodrigo Sena
PAC cobre poucas deficiências identificadas na infraestrutura do País
É por isso que há tanto dinheiro para um PAC atrás do outro: é a mesma verba não utilizada num setor que acaba compondo o fundo para investimentos em outro. O que não foi usado em programas habitacionais vira recurso para o PAC de logística e infraestrutura, que por sua vez também não tira o pé da lama e libera recursos para os governos estaduais usarem, numa nova tentativa de aquecer a economia brasileira com obras – já que esperar tal aquecimento apenas com a gastança exuberante do brasileiro desconfiado está se mostrando igualmente ineficaz.
De PAC em PAC, o Brasil vai empacando, qual jumento que insiste em não sair do lugar. Por quê isso ocorre? A resposta está nos resultados que agora aparecem de décadas de abandono do Ensino. Erros médicos, imbecilidades jurídicas, prédios caindo, empresas mal administradas (ainda pensando como na pré-história, que em momento de aperto deve-se cortar pessoal e publicidade), falhas monumentais de gerenciamento, brechas legais e limbos jurídicos cada vez mais amplos – permitindo cachoeiras de engodos "dentro da lei", são consequências de uma população cada vez mais funcionalmente analfabeta, e ensinada a cultuar a própria ignorância, com suas éguas pocotós.
A mesma ignorância, que abre espaços para que "demos" (povo, em grego) se alie com "tenes" para ludibriar o povo, faz com que o Brasil mal consiga emplacar alguns PACs quase empacados, seja submisso à cerveja da FIFA, não consiga cumprir prazos nas obras para os próximos eventos esportivos mundiais e fique tão dependente de multinacionais estrangeiras e bancos triliardários, todos "imexíveis".
Não precisamos lembrar aqui onde estão os gargalos dos transportes e da economia em geral. Fiquemos apenas nas onomatopeias do pac-pac e do pocotó. O Brasil adora, mesmo que de tchan em tchan acabe no tchibum!