Quinta, 02 Mai 2024

Uma prática comum entre os armadores gregos é ter uma armadora para cada navio. Se o navio afunda - e às vezes isso ocorre de propósito, ou então o navio "afundado" aparece com outro nome no porto seguinte da viagem -, a armadora é declarada falida e isso não afeta os negócios das "co-irmãs". Muitos dos navios gregos navegam sob bandeiras de conveniência, dificultando ainda mais qualquer controle governamental.

Outra prática comum – e não só entre os armadores, mas abarcando todos os empresários – é evitar ao máximo pagar impostos. Nenhuma novidade em qualquer lugar do mundo, mas lá tem algo de proverbial. Uma estimativa é que, apenas em 2011, cerca de 8 bilhões de euros tenham virado dívida fiscal naquele país, o que representa quase 50% do déficit orçamentário grego.

Detalhe: a Constituição da Grécia garante aos magnatas da navegação a isenção tributária, e o setor marítimo é o principal gerador de divisas para a Grécia (13 bilhões de euros em 2010). E as atividades do setor se alastram por áreas como turismo, bancos, telecomunicações e imóveis, amealhando um poderio que dificulta ainda mais qualquer tentativa de mudança no sistema tributário grego.

Na Europa em crise, as soluções continuam sendo pensadas apenas para safar os bancos de dificuldades, como sempre jogando a conta para os cidadãos e aproveitando para liquidar todas as conquistas trabalhistas das últimas décadas, como se o problema fosse a aposentadoria ou o atendimento médico ao trabalhador e não a verdadeira farra que todos os bancos promoveram nos últimos anos com títulos podres supervalorizados.

Não se ajuda um país em crise: os empréstimos liberados são para que o país role suas dívidas, calculadas em juro cada vez maior por conta da queda de confiança em sua capacidade de pagar, queda essa definida pelas desacreditadas agências de análise de risco, elas mesmas vinculadas ao setor bancário. Os armadores gregos se calam, pois também são donos de bancos, e espertamente esperam que o dinheiro internacional flua para seus cofres, mesmo com a população literalmente morrendo de fome.

Assim, com irracionalidades lógicas como essa, a Europa vai implodindo, como peça seguinte no jogo da crise iniciado nos Estados Unidos, e as duas economias, vítimas da própria irracionalidade, arrastam consigo o resto do mundo. Mesmo porque, em sua lógica irracional, se todos afundam juntos as posições se mantêm equiparadas, o equilíbrio de poder continua mesmo no fundo do poço. Os BRICSs que se cuidem, o inverno econômico também está chegando para eles, e a boca do poço parece cada vez mais larga.

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