Segunda, 06 Mai 2024

Pode-se dizer, de certa forma, que o planejamento logístico do transporte começa na embalagem da carga. Que pode nem existir, se esta viajar a granel. Mas cabe, ainda assim, perguntar se esta é a melhor alternativa de transporte.

 

Por exemplo, será que o recebedor da mercadoria tem plena condição de receber o produto a granel? Por exemplo, o açúcar pode viajar assim, mas se o recebedor não tiver estrutura para embalá-lo, pode ser negócio enviar o açúcar já acondicionado em pacotes de um ou cinco quilos, prontos para colocação nos pontos de venda.

 

No exemplo contrário, os sucos cítricos, que eram exportados em tambores, passaram a seguir a granel para alguns destinos, como o porto belga de Ghent (veja reportagem sobre os portos belgas), onde foram montadas instalações para receber o produto dessa forma.

 

Uma das funções da embalagem é proteger a mercadoria (não analisaremos a outra função, de promover o produto junto ao consumidor). Sob esse aspecto, vale citar que o contêiner já é, em si, uma embalagem, o que justifica reestudar o acondicionamento da carga nele transportada.

 

No quesito proteção, é comum ainda que o embarcador descubra as falhas só durante o transporte. Enquanto está parada no depósito, a mercadoria parece perfeitamente protegida, mas é comum esquecer que, num caminhão, enfrentará tensões horizontais (para a frente, para trás e para os lados), além dos solavancos da estrada, dos efeitos da poeira e das chuvas. A bordo de um navio, será submetida a esforços verticais causados pelas ondas e à maresia. Num avião, enfrentará os efeitos da mudança de pressão atmosférica, bem como das bruscas mudanças de temperatura e umidade do ar.

 

Isso tem significado, por exemplo, contêineres danificados nas paredes laterais e nas portas pelo deslocamento da carga em seu interior: ela precisa ser estivada corretamente, para que não se mova com os esforços horizontais e verticais a que é submetida. Outros contêineres foram danificados pelo excesso de peso concentrado num ponto do piso. Um bloco de motor com grande peso, por exemplo, deve ser estivado no centro do conteiner e preso às paredes de moto a não rolar no seu interior e bater contra a porta.

 

Cargas sensíveis a cheiro, como o café, precisam de contêineres especialmente limpos, para que resíduos de cheiro das cargas anteriores não sejam passados aos grãos do café. Vale recordar que, depois de algumas semanas fechado, mesmo pequenos odores impregnados no madeiramento do piso podem se transformar num grande problema.

 

A condensação é outro ponto importante: carga embarcada em pleno verão pode em pouco tempo chegar a outro país sob temperaturas invernais, no hemisfério oposto. Principalmente se viajar de avião. Com isso, a umidade do ar e a da própria carga se condensa, forma gotas e pode causar danos à mercadoria, se não houver ventilação adequada.

 

Mercadorias cobiçadas precisam ainda de cuidados especiais no transporte. Por exemplo, já é comum enviar calçados com apenas o pé direito num contêiner e o pé esquerdo em outro, para desestimular roubos. Então, a logística terá que garantir que os dois contêineres cheguem simultaneamente ao destino, mesmo que viajem por caminhos diferentes.

 

Também já aconteceu de um embarque ter sido perdido porque pequenos equipamentos experimentais de controle de temperatura interna do contêiner foram roubados num porto intermediário: os ladrões pensavam que se tratava de radinhos de pilha...

 

As amarras da carga devem ser ajustadas para não amassá-la durante a viagem - muitos danos são causados por fios que cortam a carga que deveriam proteger. Devem considerar as alterações de tamanho provocadas pelas diferenças de temperatura e umidade, para que não fiquem frouxas com a redução nos tamanhos ou se partam com o esforço extra causado pelo inchaço da mercadoria.

 

Com tudo isso, muita mercadoria destinada ao transporte intercontinental sequer chegou ao porto... de origem! Ficou pelo caminho, desfeita no transporte terrestre, e precisou de conserto emergencial ou substituição, antes mesmo de ser colocada no navio ou no avião.

 

O assunto continua na próxima coluna.

 

 

Embarque de carga geral na Alemanha com destino à África: estrado permite

que empilhadeira leve a carga para dentro do conteiner

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