Quinta, 02 Mai 2024

Em se plantando, tudo dá. A velha frase de Caminha, anunciando a el-rei as virtudes da nova terra "descoberta" pelos portugueses, foi suplantada pela realidade. No território que por longo período chegou a ser conhecido como o Paraíso Terrestre, com seus quatro lendários rios partindo do Planalto Central, papagaios e outras aves exóticas que só poderiam existir no céu, sabe-se hoje que nem é preciso plantar, tudo dá.

E dá tanto que dá até multa para a Chevron e a Transocean, por não saberem recolher as dádivas da Natureza deixadas no fundo do mar. Em suas áreas de exploração, o precioso combustível de repente começou a escapar das faixas de subsolo que o contiveram por milhares de anos, e as empresas inocentemente declararam que são acidentes naturais…

O fato é que muito pouco está sendo dito de concreto e confiável ao público sobre esse e outros fatos envolvendo a exploração petrolífera em águas profundas. Para o Ministério Público Federal, imagens e documentos relacionados ao caso foram "editados" por aquelas empresas, para encobrir novas negligências (a Chevron já responde por outro vazamento de combustível, ocorrido em novembro passado). Fica a impressão de mesmo o pouco que é divulgado passa por "ajustes" ao sabor dos interesses envolvidos, e que muito mais está sendo escondido.

Foto: Governo do Rio de Janeiro

Vazamento de óleo da Chevron na Bacia de Campos

Não dá para esquecer também de uma plataforma da Petrobrás que simplesmente inclinou no mar e afundou. Este e outros casos mostram não bastar o domínio tecnológico desse tipo de exploração: é preciso que as empresas sigam de fato as normas técnicas de exploração e principalmente as de segurança, para não termos petróleo jorrando indevidamente no mar, com todos os danos ambientais.

Afinal, a Natureza, sem nenhuma ajuda tecnológica, conseguiu guardar todo esse combustível por milhares de anos, mesmo com tantos terremotos, maremotos, vulcões submarinos, meteoritos caindo e tudo o mais. Só porque Deus é brasileiro, não se justifica que em apenas alguns meses os "especialistas" consigam aprontar tantas confusões nas bacias petrolíferas, ainda mais que a exploração das principais áreas sequer começou.

Em se plantando, tudo dá. Mas quem semeia ventos, colhe tempestades. Plantando negligência, colhe-se perdas ambientais, materiais e humanas.

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