"Agora começa o ressurgimento de nossa marinha mercante", afirma otimista o comandante Murillo de Moraes Rego Corrêa Barbosa, com a esperança de que o país volte ao status da década de 1970, quando chegou a ter a segunda maior frota mercante do mundo, acumulando mais de 10 milhões de TPB.
E nesses números a cabotagem tem papel importante, como força estruturante do transporte nacional, reduzindo o "custo Brasil" representado pelo excessivo uso de transporte terrestre e sustentando com a movimentação interna de mercadorias a retomada do transporte nacional no longo curso.
O quadro negativo de hoje é na verdade um grande desafio que o país precisa encarar, se quer ser grande potência com fundamentos sólidos em sua economia. Ex-diretor da Antaq, Murillo fundamenta suas expectativas num quadro de potencialidades compilado em 2009, quando o PIB nacional era de R$ 2,859 trilhões. Já então, havia espaço para R$ 8 bilhões em negócios na captação de novas cargas para o setor marítimo, tais como produtos químicos, mercadorias do comércio atacadista, fabricação e montagem de veículos automotores, indústrias de eletro-eletrônicos e de máquinas e equipamentos industriais, metalurgia básica, produtos alimentícios e bebidas.
"O Brasil tem razões geoeconômicas muito fortes para ter uma cabotagem poderosa. 80% do PIB brasileiro é gerado a menos de 200 km da costa, e os modernos conceitos de logística integrada porta-a-porta, com conhecimento único de transporte, eliminam o principal argumento antes usado pelos embarcadores potenciais, que era a dificuldade em lidar com a burocracia no setor marítimo", observa o comandante, ilustrando com números do Syndarma para a movimentação de contêineres, que passou de 20 mil TEU em 1999 para 180 mil em 2003 e 630 mil em 2008 – um crescimento de 350% só no período 2004-2008!
Existem desafios: aperfeiçoamento das operações portuárias; redução de custos do navio de bandeira brasileira, facilitação do transporte marítimo, renovação e ampliação da frota própria, captação de novos mercados.
Mas, desafios são para serem vencidos. E, querendo, a cabotagem é viável. Como sempre dissemos.