A pergunta é: o que fazer para que se consiga a diminuição da defasagem entre os custos enfrentados pela cidade portuária - Santos - com o trânsito intenso de veículos de carga e a receita obtida com os repasses de 50% do IPVA?
Bem, hoje existem acessos diretos da rodovia à faixa portuária e restrições à circulação de veículos pesados pela área urbana. Menos mal, se existissem também terminais de apoio para os caminhoneiros que chegam ao porto. Isso evitaria ou amenizaria problemas como os provocados pelo acúmulo de veículos de carga na Avenida Marginal Direita da Anchieta e suas imediações, por exemplo, que em certos momentos chega a impedir o trânsito de automóveis e ônibus - e estes dias são um ótimo exemplo disso, quando até a rodovia sofre com um monstruoso congestionamento -, além de gerar graves acidentes.
Sem querer entrar no terreno movediço das leis e suas interpretações, arrisco algumas possibilidades para serem estudadas pelos legisladores e executivos municipais. Prefeitura e despachantes policiais poderiam se engajar em alguma campanha para que os donos dos caminhões efetuassem em Santos as renovações das licenças dos veículos, transferindo para a cidade portuária a documentação correspondente. A absorção dos custos dessa transferência poderia ser compensada pela obtenção de novos clientes para esses despachantes.
Talvez pudessem ser criadas facilidades ou vantagens para os motoristas com placas de Santos. Por exemplo, bônus ou reduções nos preços de serviços e produtos por eles demandados. Sem ofender o preceito constitucional de igualdade entre os brasileiros, é possível criar incentivos para os locais, não necessariamente financeiros. Da mesma forma como as prefeituras podem ceder áreas para indústrias se instalarem no Município, com suspensão ou redução de impostos, também poderia ser cobrado o estacionamento de caminhões nas vias públicas (igual ao Estacionamento Regulamentado), com a diferença de que os veículos santistas teriam alguma vantagem, já que - via IPVA - estão contribuindo para a manutenção viária local.
Por exemplo, vantagens em termos de alimentação e hospedagem para os caminhoneiros. Pois é comum que o motorista chegue a Santos contando descarregar imediatamente e receber pelo frete, e descobrir que terá de aguardar até alguns dias antes de conseguir fazer a entrega, devido ao congestionamento das operações portuárias e/ou no retroporto.
E, nesse tempo, terá que dormir em algum lugar (com um olho aberto para evitar o roubo da carga) e se alimentar, entre outras necessidades. Para não falar da sua necessidade maior, que é deixar a Cidade com cargas destinadas ao Interior.
Coisas que um terminal de cargas e apoio aos motoristas poderia resolver. Mas essa parte fica para a próxima coluna...