Pois é: Cubatão tem aço, parque industrial de apoio, mão-de-obra "para exportar", um porto próximo para receber os insumos não fabricados no País e... vontade de criar o principal pólo nacional de construção naval e de contêineres. Tem local adequado, tem projeto. Só faltava alguém para juntar tudo isso e viabilizar a idéia. É o que o prefeito de Cubatão, Clermont Castor, deseja fazer. Nos próximos meses.
Só não foi iniciado ainda por uma pequena questão legal: falta a Câmara Municipal fazer uma alteração na lei de zoneamento urbano, enquadrando a área da Ilha Piaçagüera como zona de atividade industrial. Nem mesmo os ambientalistas se oporão, pois o projeto permitirá recuperar para efeitos de desenvolvimento sustentável uma área que havia sido totalmente degradada em termos ecológicos, em décadas passadas.
Não é por acaso que vários grupos estrangeiros estão de olho no Projeto Ilha Piaçagüera. Quem conseguir se instalar ali ganha vantagens logísticas - e, portanto, econômicas - importantes para competir nas encomendas de construção naval neste lado do planeta.
Assim é que a Divisão de Engenharia da Fiat (que não produz apenas carros e tratores, pelos quais a empresa ficou conhecida no Brasil) pretende assinar um protocolo de intenções com a DTS (a coordenadora do projeto do pólo industrial naval cubatense). Quer garantir para o empresariado italiano um dos poucos lotes industriais previstos no projeto.
Grupos econômicos japoneses também já demonstraram interesse e acompanham atentamente os acontecimentos, de olho devidamente arregalado...
E os portugueses estão novamente descobrindo o Brasil: já em março, um grupo de empresários de Setúbal (onde ficam os principais estaleiros lusos) tem uma visita marcada a Cubatão, com a curiosidade atiçada por uma recente visita do prefeito cubatense a Portugal.
E os seus vizinhos europeus também já agitaram as castanholas (pois precisam de instalações melhores para produzir navios e contêineres, destinados ao mercado europeu, e também querem ter essa facilidade a mais para competir nas Américas).
Assim, é bem possível que, ainda em 2005, o idioma espanhol igualmente comece a ser ouvido na Ilha Piaçagüera, de mistura com o forte sotaque italiano ou o delicado falar japonês. Do Sole Mio ao Sol Nascente...
Junto com os guarás-vermelhos, muita coisa nova está pairando sobre Cubatão. Os mais espertos já perceberam que tem muita vida - inclusive vida econômica robustecida por capitais internacionais - se agitando no antigo (e extinto) "Vale da Morte"...