Terça, 30 Abril 2024

 

Carlos Pimentel Mendes (*)

 

No apagar das luzes de 2004, 30 de dezembro, o Governo Federal lançou enfim as normas que regulamentarão as chamadas parcerias público-privadas (PPP) no Brasil. Solução engenhosa para realização de obras de interesse público num país que não tem recursos financeiros para arcar com esse custo. Solução também para a iniciativa privada investir em áreas que interessam ao desenvolvimento econômico, com uma garantia de retorno assegurada para esse investimento.

 

Céu de brigadeiro em 2005, para esses novos vôos da parceria entre governo e empresários. Afinal, há muito dinheiro para investir, e os empresários só querem uma coisa do governo: "que não atrapalhe", como disse na televisão um deles, com todas as letras, no mesmo dia em que foi anunciada a vigência das PPP.

 

Porém, há nuvens no horizonte, como sempre. De boas intenções, o inferno... É preciso que o governo também faça a sua parte, e isso nem sempre ocorre. Por exemplo, não foi privatizado sequer um quilômetro dos muitos que o Ministério dos Transportes havia prometido privatizar, nas rodovias federais brasileiras. Promessa de 2004, do atual governo. Ficou só na intenção...


Este exemplo é particularmente importante para a economia nacional. Com a falta de investimento governamental na conservação das estradas, cresce o número de acidentes: se o caminhão não cai no buraco, bate em outro ao desviar do buraco. Triste realidade.

 

Que não se reflete apenas nas estatísticas de mortalidade nas estradas. Pois cada quilo de carga perdido num acidente, cada minuto de atraso numa estrada problemática, soma-se ao famoso Custo Brasil, que prejudica exportadores, importadores e o próprio mercado interno.


Produzimos soja com custo menor que os estadunidenses. Mas ela chega ao porto bem mais cara, devido ao custo do transporte rodoviário. Que deveria ser ferroviário ou hidroviário, mas são erros passados, falemos do presente. Número bem conhecido: um terço da produção agrícola brasileira é perdido por falta de armazenagem e transporte. Imagine-se o fabuloso impacto positivo na economia que teríamos, se toda essa carga chegasse aos destinos...


Não é por acaso que a malha de transportes nacional é o principal alvo das PPP. Então, com os votos de que o leitor tenha um feliz 2005, fica a esperança de que essas parcerias efetivamente ocorram e tenham os resultados augurados.

 

Sem burocratas atrapalhando. Sem os conhecidos retardos causados pelo exagerado cartorialismo nacional e principalmente pela baixa politicagem que tantos projetos já emperrou ou inviabilizou. Com os devidos cuidados para que não ocorram, enfim, desvios impróprios na rota e as PPP atinjam o alvo desejado. Para que, dentro de um ano, já possamos brindar a um feliz 2006...

 

(*) Carlos Pimentel Mendes é jornalista e edita o site Novo Milênio (www.novomilenio.inf.br).

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