Sexta, 26 Abril 2024


No dia 7 de novembro de 1980, encerrava-se a era dos irmãos Guinle, iniciada um século antes, quando a princesa imperial regente assinou o decreto 9.979 (em 12/7/1888), que concedia à iniciativa privada o direito à construção e uso do cais do porto de Santos e seu usufruto por determinado prazo, necessário à amortização (com lucros) do investimento feito. Um decreto bem moderno, para a época...

 

24 anos atrás, portanto, pode-se dizer que o país conheceu um retrocesso em termos portuários. Naquele momento, a iniciativa privada devolvia ao Estado o maior porto para carga geral da América Latina e dizia com todas as letras, ao não se envolver acionariamente na constituição da Codesp, que o negócio "porto" não lhe interessava.

 

Milhares de reuniões depois, protestos, manifestações, viagens, declarações e desmentidos, uma nova data entrou para o calendário do porto santista, quando a bem/mal?/dita Lei de Modernização dos Portos começou a vigorar, em 1993. E assim, aos trancos e barrancos, o porto chegou aos dias de hoje.

 

Temos hoje um porto importante, que continua batendo recordes e fazendo história dentro da história do Brasil. Do Mercosul, das Américas, do Mundo. Mas, como tudo que se agiganta sem os devidos controles, ou mesmo com eles, destroços vão ficando pelo caminho. Sujeira debaixo do tapete. Talvez em algum momento, uma pintura preciosa escondida sob várias demãos de tinta comum, ou uma passagem oculta por uma parede de tijolos que alguém mandou colocar para que todos a esquecessem. No sentido real e/ou no sentido figurado. Esqueletos esquecidos no armário.

 

Com a ajuda dos leitores, para refrescar uma memória que é fiel no relato mas nem tanto na data ou no número, vamos começar a abrir algumas dessas passagens, recordar o que talvez muitos quisessem ver esquecido, para com isso ajudar a balizar os próximos anos deste complexo portuário e de outros Brasil afora.

 

Dizem que a história se repete como farsa. Talvez seja o momento de nos engajarmos como atores, para que, se não puder ser escrita como epopéia, ao menos não o seja como comédia. Muito menos como tragédia.

 

Em nosso próximo encontro, vamos recordar uma cicatriz que até hoje permanece na face deste porto. Algo que devia estar pronto em oito anos, mas já se passaram 18...

 

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Carlos Pimentel Mendes é jornalista e edita o site Novo Milênio (ww.novomilenio.inf.br).

 

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