Foto: Waldemir Rodrigues
Abro o jornal do dia, folheio suas páginas (virtualmente, claro!) e vejo como nossa realidade também vai ficando virtual. No noticiário nacional, fico espantado com a informação sobre a queda do ministro dos Transportes, prestigiado pela presidente logo após as denúncias de superfaturamento. Na verdade, o espanto não é por algo que eu já esperava: quando um presidente brasileiro diz que o ministro está prestigiado, é questão de dias para ele cair.
* Líder do PR diz que partido tem gente honesta para Ministério dos Transportes
* Ministério deixa decisão de adiar trem-bala para último momento
O espanto é pelo absurdo da acusação. Sou a melhor testemunha de sua inocência: como pode um ministério superfaturar obras que nunca realizou? Aliás, testemunhas de que nada disso ocorreu (refiro-me às obras) são os sofridos caminhoneiros que enfrentam os buracos nas estradas, e muitas vezes pagam com a vida pelas obras não realizadas.
Mas, como a troca de ministros dos Transportes há muito deixou de significar qualquer coisa neste País – tanto que até tiraram os portos de dentro desse ministério, e nunca conseguiram ali enfiar o setor aeronáutico -, mudo de página e de assunto.
E lá está outra notícia que me faz sentir imerso na virtualidade: Argentina quer criar uma ligação interoceânica terrestre entre Brasil e Chile. "Cuméquié?" Constantemente, a Argentina fecha as fronteiras com o Brasil, apesar de se declarar parceira deste País no Mercosul, e cria um caos nos transportes, deixando para o lado mais fraco dessa briga o ônus maior: são os transportadores, contratados para levar mercadorias entre os dois países, que vêem suas atividades tolhidas e seus caminhões parados, até que as rusgas sejam apaziguadas.
A Argentina tem também diferenças históricas com o Chile, que não são apenas no futebol ou na qualidade dos vinhos. Então, logo quem quer criar essa ligação Brasil-Chile, com novo túnel nos Andes, ainda mais significando dupla passagem por fronteiras argentinas?
Bem, em nome dos objetivos do Mercosul, espero que os hermanos consigam. Mas confesso: tenho minhas dúvidas...
Veja também
Controladoria-Geral da União vasculha documentos do Ministério dos Transportes em busca de evidências de corrupção
