Domingo, 14 Dezembro 2025

A coluna Carlos Pimentel é atualizada todas as quartas-feiras

É óbvio que nossos portos estão no limite em termos de movimentação de cargas. Eles, e principalmente as estradas e as cidades que os cercam. Mesmo com todos os remendos, é óbvio que não há como ampliar muito mais a movimentação de cargas, no padrão atual. O que fazer? Nossas autoridades não conseguem pensar em nada além de fazer mais do mesmo. Mais estradas, dragagem, terminais, caminhões (e, se o lobby rodoviarista deixar, mais trens também...).

As mesmas autoridades entram em pânico só de imaginar que a China pode reduzir um pouquinho que seja suas importações de commodities. E, trilhando o caminho óbvio, quebram a cabeça pensando em como convencê-los a continuarem importando nossos produtos em bruto, para lá incorporem a fantástica tecnologia industrial chinesa.

A ninguém parece ocorrer o óbvio: se mais indústrias fossem instaladas no Brasil, de preferência perto dos centros agrícolas, agregariam valor ao nosso produto, reduziriam o impacto dos custos de transporte, poderiam até montar um "soja-duto" para transportar o óleo ao porto, liberariam caminhões e vagões ferroviários para outras finalidades, dariam mais competitividade ao produto, entre outros benefícios.

Para se ter uma idéia: soja em grão vale US$ 440 a tonelada e exportaremos neste ano 31 milhões de toneladas (total: US$ 13,64 bilhões); farelo de soja vale US$ 360/t e exportaremos 13,6 milhões de toneladas (US$ 4,9 bilhões); já o óleo de soja é cotado a US$ 1.000/t, mas só exportaremos neste ano 1,4 milhão de toneladas, arrecadando US$ 1,4 bilhão (fonte Abiove). Em 2005, exportamos o dobro: 2,74 milhões de toneladas de óleo de soja. E já em 1995 tínhamos capacidade para exportar 1,7 milhão de toneladas...

Note-se que nem estou falando de ampliarmos aqui o processamento final, para exportar só o óleo comestível e outros subprodutos como lecitina, aromatizantes, carne e leite de soja, vernizes, lubrificantes, plásticos etc. E só citei a soja, teria muitos outros exemplos.

Óbvio que pensar num aproveitamento melhor das matérias-primas para gerar riquezas em nosso país requer mentes acima da obviedade retratada no vídeo que PortoGente divulgou na Gazeta do dia 11/1/11...

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