Em certos momentos, o jornalista tem a sensação de que pode adivinhar o futuro. Ele publica um comentário, e logo o fato acontece, tal como previsto.
Quem consultar esta coluna em PortoGente de 12 de outubro, verá o trecho final: "...o caos portuário talvez fique tão grande que a logística atropele a lógica, com as cargas descendo mais ainda e embarcando no Rio da Prata..."
Problemas logísticos do Brasil podem fazer com que portos estrangeiros
sejam o destino de cargas produzidas no Centro-Oeste brasileiro
O editorial daquele dia também tratava do assunto, terminando com o trecho "Doloroso mesmo vai ficar quando os clientes resolverem comprar de outros países, onde não haja esse custo extra". Em várias outras oportunidades, foram também analisadas opções via portos sulamericanos do Pacífico, principalmente usando conexões ferroviárias.
Pois bem: dois dias depois, chega a notícia de que empresários de Mato Grosso do Sul debatem com os chilenos formas de enviar produtos brasileiros ao mercado asiático usando o Porto de Arica, para economizar tempo e dinheiro em comparação com os portos atlânticos brasileiros.
Deixando claras as razões que levaram a esse debate, o presidente da Federação das Indústrias de Mato Grosso do Sul, Sérgio Longen, e o coordenador do Centro Internacional de Negócios dessa entidade, Fábio Fonseca, explicitam que se trata mesmo de uma busca de alternativas aos muitos entraves na logística nacional de transportes.
Se existe a lógica de buscar um caminho mais curto para a Ásia, ao estilo do que fez há cinco séculos Fernão de Magalhães, também é fato que a escolha mato-grossense resulta do caos logístico nacional, que cada vez mais impede as mercadorias de chegarem aos nossos portos atlânticos.
Enquanto o governo atual sequer apresenta projetos, o futuro - representado pelos dois candidatos à presidência – só se preocupa em caçar autores de mensagens apócrifas que se cruzam nas gráficas e na Internet...
"Muito doloroso!"