Trocar as agendas, fazer planos para os doze meses que agora começam, é rotina para pessoas e empresas a cada início de ano. Por isso, até para alargar os cenários de ação, proponho um exercício mental, para que cada leitor defina seus objetivos não apenas para os próximos dias, mas para muitos anos mais. Em vez de submeter os cenários projetados aos fatos que se consegue prever, que tal submeter os fatos aos cenários desejados? Inverter as coisas, mesmo que o pessimista não ponha muita fé em que isso seja possível na vida prática.
Acontece que os fatos estão mostrando, todos os dias, que temos o poder de alterá-los, com resultados quase imediatos. A questão do clima é a que todos lembram primeiro. Alterar os equipamentos para que poluam menos custa caro, certo, mas a nova realidade é que os que fazem isso chegam primeiro a um novo mercado, que valoriza tais atitudes. Quando os outros forem obrigados a seguir o exemplo, o mercado já estará dominado pelos pioneiros, que foram capazes de adaptar os fatos aos seus cenários ideais.
A macro-economia é outro assunto na pauta. E o paralelo é inevitável. A economia brasileira, com todas as críticas já feitas na condução do processo, passou por alguns ajustes que a deixaram mais sólida para enfrentar as tempestades internacionais, as mesmas que literalmente puseram de joelhos a grande potência econômica da América do Norte e inúmeros países europeus.
Foto: Bruno Rios
Que tal montar na onda para modificar a realidade
esburacada dos acessos terrestres aos portos brasileiros?
Só que, neste caso, Wall Street não aprendeu a lição e já está forjando novos problemas para os próximos meses ou anos, fruto da ganância descontrolada dos especuladores – grandes conglomerados financeiros que, mesmo com seu enorme conhecimento do mercado, continuam agindo como os vigaristas que encontramos em qualquer esquina do mundo. Ou há uma grande reforma, ou os países mais responsáveis acabarão tendo de isolar mercados que não reformem suas legislações e ponham freios na ação desses grupos que vivem sabotando o mercado.
Na nossa área de atuação, o transporte de cargas e sua logística, também é hora de pararmos de lamentar que as estradas estejam esburacadas, que os portos sejam conduzidos por pessoas no mínimo descompromissadas com as necessidades do setor, e começarmos a pressionar de fato para que as mudanças ocorram. Aliás, no Brasil 2010 é ano de grandes eleições, bom momento para que o setor comece a se unir em torno de propostas sólidas – e críveis – de solução para problemas que se arrastam por tantos e tantos anos...
Quando uma onda se aproxima, o surfista tem duas opções: montar na onda, dominando-a com a sua técnica, ou se arrebentar sob ela, assim que a montanha de água desaba. Nas nossas escolhas, também temos essas alternativas. Como você, leitor, espera que seja 2010? Eu, pelo menos, espero que todos nós cheguemos seguros às paradisíacas praias com que sempre sonhamos...