Sexta, 10 Mai 2024

Por onde passa o dinheiro em quantidade, fica como que um pólen no ar que facilita a ação de quem quer plantar novas empresas: é só saber regar...

 

E isso é simples de explicar: a grande quantidade de dinheiro circulando abre oportunidade para  outros negócios surgirem ao redor, o ambiente facilita essa fertilidade empresarial – desde que os empresários saibam plantar e esperar o tempo certo de colher.

 

E toda essa conversa é para explicar que, num porto por onde passa um terço ou mais do comércio exterior de um país como o Brasil, muitos negócios deveriam surgir, aproveitando as "sobras" do negócio principal, que é o próprio porto. Entretanto, o Porto de Santos, a exemplo de outros no País, parece ser um mau negócio.

 

Quando o governo resolveu iniciar uma empresa de economia mista para explorá-lo, os únicos sócios particulares, que compraram algumas ações da Codesp para que esta não se caracterizasse totalmente como uma estatal, foram alguns funcionários. O empresariado mesmo, passou longe, como se porto fosse o pior dos negócios para se investir. Talvez tivessem lá suas razões, considerando que teriam como sócio majoritário o governo, péssimo negociante. Mas talvez, se interesse houvesse, e pressões surgissem na sociedade para mudar esse estado de coisas, o porto pudesse ter sido privatizado naquela época.

 

Agora, áreas do porto são concedidas a particulares, mediante arrendamentos. Terminais privativos são feitos, dentro ou fora do porto. E já se fala em construção de portos totalmente privativos, para concorrer com o porto oficial com vantagens que este não tem. Como a possibilidade de dispor como preferir de sua mão-de-obra, quando nos portos públicos ela deve ser recrutada nos Órgãos Gestores de Mão-de-Obra (os chamados Ogmos).

 

Ao mesmo tempo, o governo reduz os investimentos na infra-estrutura dos portos públicos, coloca gestores notavelmente despreparados para tais funções, cria condições melhores para seus concorrentes... é como se preferisse dar um tiro em seu próprio pé. Ou no pé dos brasileiros, já que é um patrimônio público que está em jogo, melhor dizendo em "jogo de azar". Um jogo em que os ganhadores acabam sendo grupos estrangeiros, direta ou indiretamente representados, que vêm mais longe e sabem o quanto um porto representa para a economia de um país.

 

Da mesma forma como na construção naval e no transporte marítimo – para não dizer nas telecomunicações, na geração elétrica e em outras áreas vitais para a economia nacional -, o governo parece disfarçar, ganhar tempo, adiar decisões, evitar a correção de distorções notórias,  para criar um fato consumado, e então fechar de vez os portos nacionais, deixando tal atividade para grupos estrangeiros. Aos quais os brasileiros também pagarão, a cada tonelada movimentada, da mesma forma como ocorre no transporte marítimo que, quanto mais cresce, mais deixa o Brasil dependente de estrangeiros e seus interesses, que em algum momento podem divergir das metas nacionais... como foi possível observar recentemente na questão do gás boliviano.

 

De que adianta o Brasil ter tantos recursos naturais, se suas autoridades, por ação indevida ou inação, conseguem torná-lo refém de interesses estrangeiros?

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