Sábado, 04 Mai 2024

O assunto desta conversa parece à primeira vista não ter qualquer relação com os negócios marítimos ou à logística dos transportes. De fato, parece que se situa mais no campo do debate filosófico puro, mas logo o leitor compreenderá que, como outros assuntos em Filosofia (já por muitos dita ser a Mãe das Ciências), tem, sim, muita relação com as atividades cotidianas, inclusive a logística de transportes.

 

Vendo o noticiário mundial – e também o brasileiro e o de minha própria cidade (Santos), dei-me conta de um desvio de rota que afeta a democracia atual. Que pode até não ser o melhor sistema de governo do mundo, mas já se disse que não inventaram nada melhor. Bem, é bem a hora para que o inventem, o mundo precisa disso.

 

Ora, num sistema democrático somos chamados a eleger representantes do povo, que em nome do povo exercerão o governo, tomarão as decisões. Maravilha. Só que, na Grécia antiga, junto com a Democracia, também havia o instituto do ostracismo. Contam os antigos que, quando alguém não estava agradando, seu nome era colocado pelos populares em conchas (óstrakon), que funcionavam como uma espécie de urna eleitoral ao contrário: o sujeito ali votado era colocado à margem da sociedade, banido, desterrado, exilado.

 

Modernamente, além do exílio político, existe em alguns países uma divisão de governo em que no momento em que o primeiro-ministro perde o apoio, seu governo cai e é escolhido um sucessor, embora exista um poder superior (um rei, por exemplo), que assegure a continuidade da instituição democrática no decorrer dessa crise. No Brasil, esse quarto e maior poder – acima portanto do Legislativo, Executivo e Judiciário – era o Moderador, exercido pelos imperadores e extinto com o surgimento da República.

 

Dito isto, fica a pergunta: até que ponto, ao elegermos um representante, lhe concedemos o direito de errar sistematicamente, por incompetência ou desonestidade, sem que nada lhe aconteça, e sem que perca os privilégios obtidos com a eleição, entre eles a continuidade no cargo? Continuaremos na próxima coluna...

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