Estava lendo o artigo publicado pelo Jornal do Brasil e reproduzido por PortoGente sobre a valorização do trabalhador no local de trabalho. O título do artigo Empregado valorizado rende mais chamou minha atenção, afinal esta não é nenhuma novidade.
Em tempos de crise, com altas de desemprego em todo mundo, uma empresa que investe em seu funcionário é vista com olhos extremamente bondosos, pois além de garantir emprego dá benefícios para os seus trabalhadores. Entretanto, é sabido que trabalhador bem pago e com benefícios rende muito mais na linha de produção.
Vejamos. A década de 1990 foi um divisor de águas, principalmente para os trabalhadores das grandes indústrias multinacionais. Isto, pois, começou a ser implantado no Brasil um novo modelo de produção, o toyotismo, com sua produção enxuta, robotização e, consequentemente, novos processos de trabalho. O toyotismo trouxe as células de produção para o ambiente do trabalho e diminuiu o número de trabalhadores nas linhas, causando desemprego.
Entretanto, o toyotismo causou a necessidade de uma maior qualificação dos trabalhadores, para que eles pudessem lidar com as novas tecnologias, tal como estamos vendo nos portos atualmente. Também colocou as normas de segurança e saúde do trabalho no centro do cotidiano dos trabalhadores, que devem zelar por elas. E por último, trouxe a novidade da Participação nos Lucros e Resultados, conquista do debate realizado entre empresa e trabalhadores na garantia de benefícios, que permite ao trabalhador ter um 14º salário e garantir uma vida mais digna.
Claro que estas novidades trouxeram reflexos para a vida dos trabalhadores, que passaram a cuidar mais tanto de sua carreira profissional, como de sua vida na fábrica, assim como para as empresas, que com a implantação do PLR viram a produtividade aumentar.
Desta forma, podemos ver que na década de 1990 a valorização do empregado já era vista como potencialmente lucrativa e o é, batendo, no caso da região do ABC paulista, recordes em produção na área automotiva. Entretanto, em anos de crise ela não é apenas lucrativa para empresa, ela passa a ter uma importância muito maior para o próprio trabalhador, pois além de garantir qualidade de vida ao trabalhador, lhe tira o medo da perda do emprego e lhe torna mais confiante e seguro para continuar o seu trabalho.