Dois livros preenchem lacunas sobre as letras de Santos e trazem novos elementos para a história da cidade e de sua literatura: um é o lançamento no finalzinho do ano passado de Poesia sempre, coletânea de poemas de Narciso de Andrade, pela primeira vez reunidos em livros; o outro é a edição de uma nova história da cidade, Santos: uma história de pioneiros, piratas, revoltas, epidemias, carnaval e futebol, dos jornalistas Hilda Pereira Prado de Araújo e José Alberto Pereira “Sheik”, publicado em janeiro, mês de aniversário da cidade.
I
Vale notar que as duas obras foram editadas na cidade. A primeira pela Editora Unisanta, com orelha assinada pela reitora da Universidade Santa Cecília, dra. Silvia Ângela Teixeira Penteado, prefácio de Lúcia Maria Teixeira Furlani e introdução de Adelto Gonçalves.
Os poemas de Narciso foram publicados originalmente em jornais, principalmente em A Tribuna. São frutos da experiência do autor como repórter cobrindo as atividades portuárias, mas também revelam detalhes da cidade e de seu clima. Além dos temas do cotidiano urbano e portuário, Narciso escreve também muita poesia lírica, com peças com nomes de mulheres e a lua como motivo literário.
Na introdução, Adelto Gonçalves, professor universitário, doutor em letras portuguesas e ficcionista autor dos romances Vira-latas da madrugada e Barcelona Brasileira, registra que o livro reúne “mais de meio século de atividade literária” do autor.
II
Já Santos: uma história... é uma publicação da Realejo Livros e Edições, editora que chega ao seu segundo título (o primeiro foi a biografia do Pepe). O subtítulo do volume traduz bem o espírito da obra, uma panorama da história da cidade, desde os "Primórdios", nome do primeiro capítulo, até "A Cidade Contemporânea". Os sete capítulos da obra trazem mais de 70 tópicos sobre a cidade, desde Guaiaó, Sagres e a chegada de Martim Afonso até a efervescência urbana da cidade nos anos 50.
O livro traz ainda uma cronologia e fotos da cidade oferecidas pela Fundação Arquivo e Memória de Santos e uma apresentação do jornalista Francisco La Scala Júnior. A obra não traz grandes novidades históricas, mas garante novamente ao público uma fonte de pesquisa sobre a história local, contada até a edição desta obra em volumes já fora dos catálogos e encontrados apenas em um ou outro sebo, como são os casos da Poliantéia Santista e a História de Santos, escrita por Francisco Martins e publicada na década de 30. Como escreveu o poeta Ademir Demarchi na orelha de Santos: uma história...:
Nestas páginas desfilam todos os personagens que ajudaram a fazer da cidade um local com uma história rica, que deve ser conhecida e divulgada, pois está amalgamada com a própria formação do país, dos primórdios da colonização à atual realidade de ser a sede do maior porto nacional.
O tratamento das edições, com paratexto (orelhas, introduções e apresentações), e imagens, demonstra a intenção das duas casas de refletir sobre as obras, garantindo aos seus leitores a oportunidade de conhecer mais sobre os conteúdos de cada uma, histórico ou ficcional.
Referências:
Narciso de Andrade. Poesia sempre. Santos: Editora Unisanta, 2006.
Hilda Pereira Prado de Araújo e José Alberto Pereira “Sheik”. Santos: uma história de pioneiros, piratas, revoltas, epidemias, carnaval e futebol. Santos, São Paulo: Realejo Livros e Edições, 2007.