Na manhã desta quinta, Skaf conversou pelo telefone com o presidente do Banco Central (BC) Henrique Meirelles. Ele manifestou sua preocupação com o possível aumento da taxa de juros e reclamou do spread bancário que, em sua opinião, está muito elevado.
SÃO PAULO - Os investimentos em 2009, ou Formação Bruta de Capital Fixo (FBCF), tiveram o pior resultado desde 2003, com 16,7% do PIB e foram os principais responsáveis pela retração de 0,2% do Produto Interno Bruto (PIB) do ano passado, de acordo com a gerente da pesquisa de Contas Trimestrais do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), Rebeca Palis. Mesmo com a queda, a economia brasileira teve o sexto melhor desempenho entre os países que fazem parte do G-20.O resultado dos investimentos no ano passado representa queda de 9,9% com relação ao ano anterior, segundo os dados do IBGE, divulgados ontem. Além desse fator, a poupança também registrou o pior índice desde 2001 (13,5%), com 14,6% do PIB. "A queda dos investimentos foi o principal fator responsável pela queda do PIB, além da variação dos estoques, que caíram porque a produção da indústria diminuiu", explicou Rebeca.O professor da Trevisan Escola de Negócios, Alcides Leite, explica que o resultado de investimentos é reflexo da crise financeira. "A crise foi muito forte, o que prejudicou a maioria dos indicadores econômicos no ano passado", diz. Ele afirma que em 2009, a FBCF foi reduzida pois a indústria teve que trabalhar somente com a capacidade instalada já que a demanda diminui.Leite não acredita que neste ano os investimentos reduzirão, mas que o aumento da taxa básica de juros (Selic) pode limitar atração de capitais. "Mesmo assim, não acredito que a Selic deve subir muito e, assim, a FBCF pode alcançar níveis anteriores à crise, isto é, entre 18% e 19%", diz. "Mas o ideal para o Brasil continuar crescendo a 5% a 6% ao ano é investimentos a 25% do PIB."Com relação ao recuo da taxa poupança de 2009, o professor da Trevisan comenta que foi a "lenha sobressalente necessária para alimentar os ganhos e o País não sair prejudicado pela crise".Para o professor do Insper, Daniel Motta, como as taxas de poupança (privada, pública e externa) reduziram no ano passado por conta da crise financeira mundial e essas sendo financiadoras dos investimentos, a FBCF despencou. "No entanto, não vejo o valor como um risco ao Brasil, observado separadamente. O problema é que os percentuais de gastos públicos tendem a aumentar o que prejudica a obtenção de poupança", ressalta.Motta acredita que o ideal para o crescimento do País, é este ter 60% de consumo, 20% de investimento, 10% de contas públicas e 10% de balança comercial. "É muito difícil de dizer quanto que devemos alcançar este ano de investimento assim como poupança, mas não deve chegar próximo aos 20% por causa do perfil atual de maior participação do estado na economia brasileira."Segundo análise do Iedi, ao se considerar o quarto trimestre de 2009 com relação ao trimestre imediatamente anterior, a FBCF voltou a apresentar alta expressiva (6,6%). "Mantida essa taxa de investimento nos próximos trimestres, a economia brasileira será capaz de crescer sem ter ’gargalos’ de oferta e, consequentemente, sem sofrer pressões inflacionárias."PIB 2009A retração de 0,2% em 2009 foi o pior resultado da economia brasileira desde 1992. A demanda interna também contribuiu negativamente, com recuo de 0,3 ponto percentual. Porém, além de ter registrado expansão no ano passado, o consumo das famílias acelerou o ritmo de crescimento no trimestre de 2009. "O consumo das famílias voltou a crescer em patamares de antes da crise", observou Rebeca, exemplificando que a alta de 7,7% no consumo das famílias no quarto trimestre de 2009 ante o mesmo trimestre de 2008 é a maior desde o terceiro trimestre de 2008 (9,3%).A gerente também explicou que a retração da atividade na indústria em 2009 (5,5%), foi à primeira desde 2001 (-0,6%).Apesar do recuo do PIB em 2009, para Rebeca, o ritmo de crescimento da economia já retornou aos patamares anteriores a crise. Ela argumentou que a alta de 2% no quarto trimestre de 2009 ante o terceiro trimestre do mesmo ano já supera a expansão de 1,4% que tinha sido apurado no terceiro trimestre de 2008 ante o trimestre imediatamente anterior. Além da alta de 4,3% no PIB no quarto trimestre do ano passado ante igual período de 2008.A LCA Consultores estima que, no primeiro trimestre de 2010, o PIB efetivo tenha se situado num nível 7% superior ao do mesmo período de 2009, o que corresponderia a uma expansão de 1,5% sobre o quarto trimestre do ano passado, com ajuste sazonal.
O chamado Custo Brasil, conjunto de fatores que comprometem a competitividade e a eficiência da indústria nacional, encarece em média 36,27% o preço do produto brasileiro em relação aos fabricados na Alemanha e nos Estados Unidos. Somado ao câmbio valorizado, esse custo ajuda a explicar a tendência de especialização cada vez maior do País em exportar produtos primários e semimanufaturados, e de importar mais produtos de maior valor agregado e de tecnologia avançada."Imagine que um alemão apaixonado pelo clima tropical resolvesse trazer sua fábrica de porteira fechada para o Brasil, incluindo mão de obra e máquinas. O preço do mesmo produto que ele fabrica hoje na Alemanha subiria automaticamente 36,27% só pelo simples fato de passar a produzir no Brasil", diz o empresário Mário Bernardini, assessor econômico da presidência da Associação Brasileira da Indústria de Máquinas e Equipamentos (Abimaq).Bernardini coordenou estudo inédito da Abimaq que mede o Custo Brasil pela primeira vez nos últimos 20 anos. "Todo mundo sabe que o Custo Brasil existe, mas nunca ficou claro o tamanho do problema", comentou o empresário ao apresentar o trabalho em reunião plenária da Abimaq, em São Paulo, na semana passada.Ele ponderou que, na verdade, se trata de uma tentativa de avaliação, pois foram mensurados oito itens e o Custo Brasil tem ao menos mais outros 30 que não se consegue transformar em números. "É um piso, pois seguramente o número é maior que 36%, já que não engloba tudo e foi comparado com países que não são os mais baratos do mundo", disse Bernardini.Segundo ele, se a comparação fosse com a China, o número dobraria de tamanho. "Fomos conservadores de forma proposital, pois o mundo inteiro tem problemas com a China", disse o diretor de Competitividade da Abimaq, Fernando Bueno.Entre os componentes do Custo Brasil medidos pela Abimaq estão o impacto dos juros sobre o capital de giro, que na média gera custo 7,95% superior ao dos concorrentes internacionais, e preços de insumos básicos, cuja diferença de custos é de 18,57% entre a produção nacional e a americana e alemã. Outros fatores de custo adicional: impostos não recuperáveis na cadeia produtiva (2,98%), encargos sociais e trabalhistas (2,84%), logística (1,90%), burocracia e custos de regulamentação (0,36%), custos de investimento (1,16%) e custos de energia (0,51%)."Corremos o risco de ver parte do setor produtivo ser transformado em montador, numa indústria que só tem casca e cujo conteúdo vem de fora", alerta o economista Júlio Sérgio Gomes de Almeida, assessor do Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial (Iedi).
Serão quatro pontos específicos para a estocagem de produtos agrícolas dentro do novo programa, conforme Stephanes. Um deles é uma linha de financiamento para estimular o armazenamento privado no País. Segundo o ministro, o porcentual de armazenamento particular no Brasil gira em torno de 15%, um dos mais baixos do mundo, enquanto a média global é superior a 50%. Por isso, avalia Stephanes, o setor acaba ficando na mão de grandes empresas multinacionais, já que o governo é responsável por apenas 2% do total das estocagens. Além das propriedades individuais, o PAC 2 também fará um programa semelhante voltado para cooperativas.
SÃO PAULO - O anúncio de novos investimentos do setor industrial - que, segundo a Confederação Nacional da Indústria (CNI), este ano elevará 14% os investimentos, ante queda de 10,8% no ano passado - está impulsionando empresas de engenharia e construção especializadas neste setor, como CH2MHill, Método Engenharia, Bracor e WTorre, que preveem forte expansão por meio de aquisições, parcerias, novos contratos e abertura de capital.A norte-americana CH2MHill, que em 2009 sentiu o impacto da crise no setor industrial, que engavetou diversos projetos, este ano já estima triplicar as receitas provenientes de investimentos de empresas das áreas de geração de energia, petroquímica e infraestrutura de portos e aeroportos, como Petrobras, Vale e ThyssenKrupp. Por conta disso, a empresa está estruturando uma nova área, para atuar com mineração. "A expectativa é chegar a uma receita de US$ 30 milhões em 2010", calcula Pablo Vilela Ibanez, diretor de Operações, no Brasil, da CH2MHill.A operação brasileira é uma das mais jovens da empresa, uma gigante global que encerrou 2009 com receita de US$ 6,5 bilhões e, 25 mil funcionários, e que realizou no mundo obras como a expansão do Canal do Panamá e as das Olimpíadas de Londres.Os Estados Unidos representam 65% da receita, mas regiões emergentes, como Oriente Médio e Austrália, começaram a ganhar corpo recentemente. Na América Latina, a empresa já atua há mais de 18 anos na Argentina e no México, por conta de aquisições feitas em outras regiões do globo. "A cada quatro anos, a CH2 faz importantes aquisições globais. Nos últimos dois anos paralisou-as, por conta da crise. Mas agora, por conta do bom desempenho em regiões como Oriente Médio e Ásia, pode voltar a fazer. A América Latina também é um mercado que a empresa considera com bastante apetite", diz.Desde 2008, a CH2MHill tem-se estruturado para atuar em territórios dominados por gigantes como Odebrecht, Camargo Corrêa e WTorre, e defende que, por conta disso, foi mais prejudicada pela crise. "Como começamos a nos estruturar em 2008, acabamos escolhendo o momento errado. Mas não deixamos de aplicar nosso plano de negócios e de investir na empresa", pontua o executivo.Para acelerar a sua expansão este ano, a empresa diz ter finalizado seu cadastro com a Petrobras, estando certificada a trabalhar para a estatal. "Para a Petrobras fizemos, no ano passado, projetos nas áreas de meio ambiente e de refino. Identificamos grandes oportunidades na área de offshore [engenharia em alto mar], em que somos fortes lá fora. É um plano de médio prazo, a ser executado em até um ano", diz.Para atrair ainda mais clientes do segmento de metais e mineração, a empresa criou uma diretoria exclusiva, liderada pelo executivo Carlos Alberto Chaves, que fechou contratos com a Vale e com a ThyssenKrupp. A empresa também busca um executivo para prospectar projetos na área de energia. Uma das apostas da empresa para crescer nestes segmentos é abocanhar projetos ligados à área de meio ambiente, como projetos de tratamento de resíduos químicos ou despoluição de áreas contaminadas. "É uma área em que a nossa marca é forte lá fora e que puxa todas as outras, como energia e petroquímica. Temos recebido muitas consultas", garante.A companhia começou a operar no Brasil em 1996, por conta da aquisição global da Lockwood Greene, que no exterior era uma empresa forte em siderurgia, química e petroquímica, mas aqui atuava em um segmento diferente dos que ela pretende atuar agora, de edificações para área industrial e varejo. Atualmente a empresa atua neste segmento de forma oportunista, apenas em projetos pontuais.AquisiçõesDe olho na ampliação do seu portfólio de serviços, a Método Engenharia deve anunciar já nas próximas semanas um novo acordo operacional, que permitirá financiar a empresa para a realização de novas aquisições de soluções tecnológicas. "A nova parceira é uma empresa de engenharia norte-americana com atuação no Brasil, que pode trazer tecnologias internacionais, por meio de procurement internacional (aquisição de tecnologias fora do Brasil) para projetos de mineração, metalurgia, química e petroquímica", afirma Maurício Vizeu de Castro, diretor de Desenvolvimento de Negócios da Método.Segundo o executivo, a empresa busca ainda uma outra parceria para reforçar a atuação da companhia na concepção de projetos. "O objetivo é alcançar um crescimento acelerado na prestação dos serviços de engenharia de alta complexidade, por isso estamos buscando parcerias que possam agregar conhecimento e financiamento", diz.Segundo o diretor, há diversas empresas interessadas em parceria. "Na semana passada fomos procurados por uma empresa coreana, por exemplo, e por empresas brasileiras de menor porte." Em janeiro, a construtora anunciou ter comprado 51% da Potencial Engenharia. A negociação permitiu à Método entrar no segmento de montagem e manutenção industrial do setor de óleo e gás, e a credenciou para trabalhar com a Petrobras. Por conta da aquisição, a estimativa era de fechar o 2009 com faturamento de R$ 750 milhões.GalpõesCom foco na construção de imóveis comerciais sob encomenda e na aquisição de imóveis já existentes para locação por meio de contratos de longo prazo, a Bracor aposta na retomada do setor industrial e já sente expansão nas consultas para a construção de novas plantas. "Até o ano passado, tivemos muita demanda por centros de distribuição. Este ano começamos a ser procurados pelo setor fabril", afirma Carlos Eduardo Poli Sisti, gerente de Engenharia da Bracor. Atualmente, a empresa está finalizando a construção de centros de distribuição para empresas como Procter & Gamble, Colgate, Hermes e Compra Fácil, nos Estados de São Paulo e do Rio de Janeiro. A concorrente WTorre Empreendimentos anunciou esta semana que pretende captar capital na Bolsa de Valores de São Paulo.