Meio Ambiente
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O Ministério Público Federal em São Paulo requereu à Justiça a imediata proibição dos agrotóxicos que contêm Captan em território brasileiro. Em testes com animais, o fungicida causou câncer em ratos e camundongos, sendo considerado um possível carcinógeno para o homem. O produto foi reavaliado pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) em 2002, período em que a autarquia esteve envolvida em escândalo de corrupção na liberação de agrotóxicos sem a devida avaliação toxicológica.
RISCOS À SAÚDE. Além das características cancerígenas constatadas nos roedores, novos estudos afirmam que o Captan provoca alterações no material genético de outras espécies, bem como efeitos negativos sobre a reprodução, como mortalidade e deformidades em embriões. Atualmente, o produto é utilizado em frutas, vegetais e até mesmo em caixas de papelão usadas como embalagens de frutas, sendo várias as situações de risco a que está submetida a população brasileira. Estudo realizado nos Estados Unidos também demonstrou maior incidência de câncer entre pessoas envolvidas com o trabalho agrícola, indicando riscos ainda mais elevados para os aplicadores de agrotóxico.
"O Captan está matando pessoas e deve ser proibido, e o que é pior, a sociedade não sabe disso", ressaltou o procurador da República Matheus Baraldi Magnani, autor do pedido de tutela antecipada. A liminar já havia sido requisitada pelo MPF quando a ação foi proposta, em 2011, pelo procurador Rubens José de Calasans Neto, mas o pedido não foi aceito pela Justiça.
REAVALIAÇÃO. O Captan foi inicialmente introduzido no Brasil antes da existência da Anvisa, criada em 1999. Dessa forma, não passou pelo controle sanitário e de risco para o meio ambiente nos órgãos federais responsáveis por essa fiscalização. Em 2002, a comissão formada por membros da agência, Ministério da Agricultura e Ibama para reavaliar o agrotóxico concluiu que o produto causava câncer nos animais testados. Apesar disso, o registro do Captan foi mantido sob o argumento de que não haveria substitutos para o fungicida contra determinadas pragas.
No entanto, segundo o professor da Universidade de Brasília Cesar Koppe Grisolia, ouvido durante o processo, o agrotóxico pode ser substituído por outros produtos. Além disso, o Ministério da Agricultura nunca atendeu ao pedido da comissão de reavaliação para apresentar listagem de fungicidas menos nocivos que pudessem substituir o Captan.
Embora o registro de agrotóxico não tenha prazo de validade no Brasil, segundo o art. 3º da Lei 7.802/1989, o produto deve ser proibido quando apresentar características carcinogênicas, teratogênicas (que produzem alterações em embriões) ou mutagênicas (que podem causar mutação na molécula de DNA). Além disso, para que o registro seja cancelado, de acordo com o art. 31 do Decreto 4.074/2002, os estudos devem comprovar o potencial de causar câncer em no mínimo duas espécies, o que, no caso do Captan, ficou amplamente demonstrado.
Leia a íntegra do pedido de tutela antecipada. O número do processo é 0004217-84.2011.403.6110. Para consultar a tramitação, acesse http://www.jfsp.jus.br/foruns-federais/
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Cerca de 150 famílias de comunidades caiçaras do município de Ilhabela/SP receberão no próximo domingo, 8 de novembro, Termos de Autorização de Uso Sustentável (Taus) das áreas onde vivem. Os títulos, de natureza coletiva, são o reconhecimento do direito desses grupos tradicionais de permanecerem em seus territórios, conforme determina a Convenção 169 da OIT e o Decreto 6.040/2007, que institui a Política Nacional de Povos e Comunidades Tradicionais. A cerimônia acontece às 14h, na Praia dos Castelhanos.
Aproximadamente 80 famílias estão contempladas nos seis títulos coletivos que serão concedidos às comunidades da Baía de Castelhanos (Praia Vermelha, Canto do Ribeirão, Canto da Lagoa, Praia Mansa, Figueira e Saco do Sombrio). As outras 70 vivem nas ilhas de Búzios e Vitória, também no arquipélago de Ilhabela. A conquista é fruto do trabalho conjunto do Ministério Público Federal em Caraguatatuba com diversas entidades e órgãos públicos, como a Secretaria de Patrimônio da União (SPU), o Ministério Público do Estado de São Paulo (por meio do Grupo de Atuação Especial de Defesa do Meio Ambiente - Gaema-LN), a Defensoria Pública do Estado de São Paulo, o Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra) e a Prefeitura de Ilhabela.
POSSE. A emissão dos Taus só foi possível após a conclusão do processo de identificação dos chamados terrenos de marinha, de propriedade da União, pela SPU, iniciado em 2013. Na época, o MPF e o MP-SP entraram em contato com a SPU ao receberem queixas dos moradores quanto a possíveis avanços de empreendimentos imobiliários e eventuais alterações no zoneamento ecológico econômico do Litoral Norte, que possibilitaria a urbanização da área. Os caiçaras também corriam o risco de serem retirados dali devido a processos judiciais de reintegração de posse movidos por particulares que haviam adquirido títulos possessórios de terrenos próximos às praias.
Para regulamentar a situação, a SPU conduziu nos últimos dois anos os trabalhos para a delimitação dos terrenos de marinha, concluídos recentemente. Assim, as faixas ocupadas pelas comunidades passaram a ser oficialmente patrimônio da União, o que permitiu a concessão dos títulos às comunidades. O processo contou com a parceria de todos os órgãos públicos envolvidos, inclusive a gestão do Parque Estadual de Ilhabela, onde algumas das famílias estão instaladas.
Os Taus serão entregues coletivamente, procedimento semelhante ao que ocorre na emissão dos documentos para comunidades quilombolas. Dessa forma, os títulos são conferidos às associações de moradores, o que evita que eles sejam comercializados ou estejam sujeitos a fraudes. Reconhecido o direito dos caiçaras de permanecerem na área, o próximo passo é a implantação pelo Incra, em parceria com a comunidade, MPF e demais órgãos envolvidos, de projeto agroextrativista, com ênfase à pesca e ao turismo sustentável.
"A entrega dos títulos é um passo fundamental para a defesa dos direitos das comunidades caiçaras do Litoral Norte. Acreditamos que essa conquista contribuirá para o sucesso de outros processos em curso, relacionados a outras comunidades da região", afirma a procuradora da República Maria Rezende Capucci. Só em Ilhabela, ela destaca, nove grupos tradicionais aguardam a conclusão da regularização fundiária das áreas que habitam.
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