Quinta, 31 Outubro 2024

O Brasil tem uma dificuldade natural em se inserir no comércio marítimo internacional por não estar inserido numa das rotas mais lucrativas para a navegação

“Quero um porto com capacidade para atracarem ‘x’ navios, que transportem ‘y’ mil conteineres cada um...” — “Pois não, caro cliente, é pra já! Fulano, pega lá no estoque um porto no capricho, que o cliente tem pressa!”.

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Portos não estão disponíveis na prateleira... Imagem: I.A. OpenArt

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Claro que tal diálogo é inviável, a não ser que estivéssemos falando (talvez) de pães numa padaria. Então, se isso é tão evidente, como é que continuamos nos comportando como se fosse possível encomendar um porto complexo para entrega na mesma velocidade de um cafezinho... expresso?

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O Brasil tem uma dificuldade natural em se inserir no comércio marítimo internacional por não estar inserido numa das rotas mais lucrativas para a navegação, com semelhança de expressão entre as cargas de ida e de retorno. Precisou por muitas décadas negociar acordos de transporte com Europa e América do Norte para garantir o transporte das mercadorias exportadas. Como os famosos 40/40/20 dos anos 1980/90, assegurando 40% do transporte para nossa bandeira, outro tanto para a bandeira parceira e o resto para as de conveniência.

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Mas o que influenciou muito no crescimento de nosso comércio marítimo foi também a capacidade de nos aproximarmos razoavelmente do padrão tecnológico da marinha mercante mais desenvolvida, seja em ‘commodities’, seja em carga conteinerizada.

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Construímos navios modernos em nossos estaleiros, trouxemos tecnologia para isso, geramos todo um parque industrial marítimo, criamos milhares de empregos especializados em todo o nosso vasto litoral. Desenvolvemos portos especializados, estruturas retroportuárias e até uma legislação atualizada cobrindo (quase) todos os aspectos do multimodalismo.

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Classificamos até os nossos portos como principais ou alimentadores, para efeito do tipo de investimentos que receberiam. Claro, tudo sempre muito questionado e debatido, à luz dos interesses centralizadores ou regionais. Mas, os investimentos pararam. Na terra das maquetes e dos ‘achismos’, as definições se esgarçaram.

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Santos é para granel ou carga geral? Pode coexistir com o alto risco de uma faísca fazer tudo ir pelos ares? Ou de fechar por meses com um simples acidente na curva da entrada? Continuará a ser porto de primeira classe no Brasil ou ficará cada vez mais restrito pelo calado insuficiente e pelas instalações inadequadas para os novos supernavios? Ficaremos calados enquanto avança o padrão de obras subdimensionadas, mal planejadas, mal executadas, incompletas e inacabadas, caras, que vão engessado nossos cenários futuros?

“— Salta um portinho na chapa, bem quentinho, que o freguês não pode esperar muito!!!”.

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