Há dois grupos principais de atividades que ocorrem no espaço urbano: atividades em movimento; e estacionárias. (Jan Gehl)
Os avanços tecnológicos, hoje ofertados e aplicados em portos pelo mundo, não são, por si, suficientes para resolver, adequadamente, a necessidade de ocupação do espaço urbano pelo Porto de Santos. Portanto, ao posicionar o Parque Valongo como uma relação porto-cidade, é preciso integrar, harmonicamente, ambos os espaços. O do porto das cargas e o da cidade das pessoas. Sem o que, geralmente acontece haver baixa qualidade no espaço urbano e menos produtividade na atividade portuária.
Audiência pública realizada na noite, desta quarta-feira (31/5), em Santos. Crédito: Portogente.
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Construir estrutura urbana para promover bem estar e lazer à população não pode gerar gargalos nem tornar menos ágil a operação do porto. Pois isso promove perdas de competitividade e de ganhos. Esse dilema já é realidade e precisa ser superado, na Rua Xavier da Silveira, que faz parte do projeto Valongo-Paquetá. Essa via reduz uma pista da Av. Perimetral (Av. Cândido Gaffré), por onde flui 70% das mercadorias movimentadas no porto, à jusante. Nessa rua também flui, numa relação precária com a cidade, o fluxo ferroviário objeto do projeto Ferrovia Interna do Porto de Santos (Fips). Realizar, sem lesar a galinha dos ovos de ouro da pujança da cidade, a logística do Porto de Santos.
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Esse projeto, que explora o encanto do comércio marítimo e permite perceber melhor a dimensão da cidade portuária por diferentes eixos, deve resultar de um processo centrado na autoridade portuária e em parceria com a Prefeitura Municipal como autora da proposta. A esta altura, essa iniciativa muito interessante e já consagrada em portos mundiais destacados, como instrumento da boa relação porto/cidade, deve otimizar a sua ocupação do espaço urbano dividido com os caminhos dos transportes portuários, evitando os conflitos e estimulando o desenvolvimento local.
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Mesmo que a maioria da nova diretoria do Porto de Santos não tenha, ainda, aptidão para tratar e superar impasses complexos desse projeto, essa autoridade portuária tem competência de sobra para resolvê-los da melhor forma possível. Um desafio relevante é a logística rodoviária que ao adentrar o trecho final do porto, tem de enfrentar um estrangulamento da pista, até alcançar as rodovias Anchieta e Imigrantes, o maior complexo rodoviário nacional. Na audiência pública, nesta quarta-feira (31/5), à noite, na Associação de Engenheiros e Arquitetos de Santos, ficou evidenciado que essa grave situação logística não está sendo considerada adequadamente no projeto Valongo-Paquetá. Portogente quer jogar luz do sol nesse assunto.
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O Porto de Santos carece de urbanismo e de bom relacionamento com a cidade. Talvez um resíduo do muro centenário, que até há pouco tempo separava o porto da cidade, bem como das tantas diretorias do porto absurdas. O Parque Paquetá pode ser a transição para uma nova e necessária cultura, em que haja mais diálogo e melhor nível nas soluções complexas envolvendo a cidade e o porto.
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Centros de cidade bem organizados têm possibilidade de adquirir superioridade e, assim, serem evidenciados. O porto tem uma cidade e a cidade tem um porto. Por isso, os fundamentos da logística portuária devem ser considerados na ocupação do espaço urbano, de forma a garantir mobilidade segura e, também, porto e cidade interligados num todo consonante e convincente.
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