Quase sempre sabemos onde, mas nunca sabemos quando as catástrofes vão acontecer. (Arsênio Oswaldo Sevá Filho, professor de Engenharia Mecânica da Unicamp, falecido em 2015)
A entrevista do técnico em meio ambiente e pesquisador Jeffer Castelo Branco para a jornalista Vera Gasparetto sobre os perigos à população da Baixada Santista por causa do navio-tanque de gás com potência de 55 bombas de Hiroshima, fundeado na cabeceira do estuário do Porto de Santos, é sempre atual e merece a necessária atenção das autoridades – do Porto e dos governos – municipais, federal e estadual. A entrevista foi concedida à jornalista Vera Gasparetto e publicada, com exclusividade no Portogente, em fevereiro de 2021.
Felizmente, a matéria do navio-bomba, como ficou conhecido, hoje é pauta da Comissão de Portos da Câmara Municipal de Santos. Espera-se que seja debatida, com rigor, a devida comunicação pública de risco.
Destroços da bomba de Hiroshima - 1945. Imagem de internet.
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Este caso traz à memória a explosão, no porto de Beirute, no Líbano, há dois anos, quando morreram 218 pessoas e mais de sete mil pessoal ficaram feridas. No Porto de Santos, já era anunciada a tragédia que ocorreu em 2015, no incêndio de seis tanques da Ultracargo. Foi o maior desastre ambiental da história desse porto centenário. A cidade de Santos tem registrada em sua história a trágica explosão do gasômetro. Por tudo isso, qual a razão da indiferença, até agora, com o navio do grupo Cosan?
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Circula nas redes da internet vídeo de um vereador de Santos se manifestando recentemente contra o navio-tanque. Portogente está perguntando aos demais vereadores sobre a posição deles nesse caso. Sempre é bom destacar que o papel principal de uma Câmara Municipal é o de assegurar proteção e tranquilidade aos cidadãos.
O fundeio do navio está respaldado por uma documentação oficial e sobre isso deve se manifestar a autoridade eleita e com mandato legitimidado pela sociedade brasileira. A denúncia do técnico é fundamentada em conhecimentos científicos, e não em gibis ou em conversas de WhatsApp. Ou também, como se fez com a pandemia da Covid-19, vamos desprezar a ciência? Passaremos a acreditar que a Terra é plana?
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Quem levanta a questão é um técnico e doutorando junto à renomada Universidade Federal de São Paulo – Unifesp. Portanto, a Câmara Municipal de Santos tem o dever constitucional de dar uma resposta à sociedade. Nessa linha de responsabilidades deve-se incluir os prefeitos municipais da região.
Uma população não pode estar tranquila se, de fato, estiver vivendo próxima a um potencial explosivo equivalente a 55 bombas de Hiroshima.
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Portogente vem buscando focar essa questão sob as múltiplas abordagens da relação porto/cidade. De pronto, é preciso simular uma eventual explosão e avaliar o impacto na população local, quais os planos de emergência etc. Ou seja, qual a formulação e implantação de medidas e procedimentos que existem para prevenir, reduzir e controlar os riscos desse navio com gás estocado?
O que se espera é que esse assunto, numa região com mais de 12 universidades, seja tratado com seriedade e competência científica.
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Perguntado ao recém-empossado presidente da Autoridade Portuária de Santos, Anderson Pomini, sobre esse navio, ele informou que já se inteirou do tema e está programando com a Agência Nacional de Transportes Aquaviários (Antaq) para tratar sobre a competência legal de responder questões e até de tomar providências. Completou, destacando: justamente por conhecer o fato, quer falar com quem autorizou essa situação. Acreditamos que uma decisão prudente do novo presidente da da Codesp, tendo em vista que a Antaq não conseguiu, ainda, convencer da misteriosa isenção da Marimex.
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