Exportadores e importadores brasileiros são os mais insatisfeitos com os portos nacionais – e com bons motivos.
É oportuno o setor portuário brasileiro refletir a visão da European Sea Ports Organisation (ESPO), sobre os portos daquele velho continente não estarem operando em um ambiente social, comercial e geopolítico seguro e estável. Além disso, alega que fica cada vez mais difícil fazer planos e estratégia de investimentos de longo prazo, em um momento em que os portos estão definindo o caminho para um futuro digitalmente inteligente. No Brasil, essa realidade é ainda mais preocupante.
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O programa de reforma dos portos brasileiros, como proposto, anuncia um fracasso. No Porto de Santos, com arranjos oportunistas, como a esquisita e deficiente contratação da dragagem, o seu leilão anunciado para novembro vai depender do resultado das eleições. Sobre o leilão da Codesa, o único realizado até agora, suas fragilidades foram expostas no debate promovido pela Fundação Getúlio Vargas, na última terça-feira, 3. Não é possível fechar o resultado deste processo, por enquanto, com uso de precatórios, como anunciado.
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Para o ex-presidente da Codesa, Júlio Castiglioni, que pediu demissão no último dia 20, a transição segue na normalidade e a assinatura do contrato está prevista para o próximo dia 22. Entretanto, não foram suficientemente respondidas as dúvidas levantadas pela pergunta do engenheiro e consultor Frederico Bussinger, sobre a utilização de precatórios nesse processo de privatização. Esta questão, pelas ponderações finais do ex-presidente, aponta fortes incertezas.
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Ou seja, tudo isso estava escrito. Bem como não é verdade que o passado é incerto no Brasil, nem mesmo na previsão do futuro. A preocupação dos portos europeus é o arranjo que ocorre no mercado mundial e que também vai afetar o comércio exterior brasileiro. Portanto, o nosso futuro imprescindível está grafado: ter portos eficientes, com previsibilidade e preços justos. Perspectiva que não foi possível vislumbrar, até agora.
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O cenário político para disputar o poder nacional dos próximos quatro anos está montado. Daqui para a frente, debater programas de governo é o tema nacional central e vai influenciar decisões do atual governo em questões estratégicas, como são os portos, em especial os do programa de desestatização. Tudo indica que foram quatro anos perdidos, sem reformar os portos e poder bem enfrentar o novo cenário mundial.
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