Caros leitores,
Hoje, falaremos do potencial uso do contêiner para o transporte de carga na ferrovia.
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A carga geral em contêiner praticamente não existia na ferrovia brasileira até a década passada. Menos de 3,5 mil TEU (unidade equivalente ao contêiner de 20 pés) foram transportados durante o ano de 1997, o primeiro da privatização da operação ferroviária.
Durante esses 10 anos, nos vários serviços de trens expressos de contêineres, começaram a circular nas diversas concessionárias, De acordo com as estatísticas da Associação Nacional dos Transportadores Ferroviários (ANTF), em 2002, o movimento ultrapassou a marca de 100 mil TEU, em 2006 a de 200 mil TEU e fechou o ano de 2008 com mais de 235 mil.
Fonte: ANTF
Em 2008, a tonelagem transportada por contêineres na ferrovia ainda é pequena e representou apenas 2,1 % do total de carga geral movimentada pelas ferrovias brasileiras, que ultrapassou os 110 milhões de toneladas/ano. No comércio exterior, a ferrovia transporta apenas 3,4 % dos 7 milhões de TEUs exportados e importados pelos portos brasileiros.
Fonte: ANTF
Enquanto os números atuais são baixos, o potencial de carga geral que poderia ser transportada por contêineres no mercado interno é grande. Estudo da UFSC para a para Produtos de Alto Valor Agregado, de 2005, concluiu que existe um mercado de cargas com potencial de serem transportadas por contêineres. A atualização para 2009 chegou à cifra de 2,5 milhões de TEU, englobando 20 diferentes categorias de produtos industrializados, número que representaria mais de 10 vezes o volume transportado atualmente.
POTENCIAL 2009 Fonte:UFSC |
|
Categorias de produtos |
TEU/ano |
Alimentos |
165.841 |
Alumínio |
10.548 |
Arroz |
89.516 |
Atacadistas |
120.677 |
Automóveis |
96.981 |
Autopeças |
17.989 |
Vestuário |
1.689 |
Aves e Suínos |
88.604 |
Café |
40.866 |
Calcados |
21.974 |
Cerâmica |
36.526 |
Cerveja |
107.226 |
Eletroeletrônicos |
49.121 |
Eletro-mecânica |
1.603 |
Farmacêutica |
898 |
Fertilizantes |
629.633 |
Flores |
432 |
Frutas |
153.425 |
Fumo |
21.472 |
Higiene e Limpeza |
357.451 |
Leite |
65.511 |
Móveis |
14.465 |
Óleo de Soja |
78.008 |
Pescados |
192 |
Plásticos |
24.038 |
Siderurgia |
248.694 |
Suco de Laranja |
57.870 |
Tintas |
19.470 |
Total |
2.520.718 |
A falta de um contêiner de uso doméstico e a escassez de contêineres tanto no comércio internacional como na cabotagem impossibilitam que a ferrovia aumente a participação no transporte integrado. A expansão comercial da China, os fluxos desbalanceados entre exportação e importação e a posição geográfica no Brasil, fora das grandes rotas de navegação, são os principais fatores da falta de contêineres no Brasil, como relatou Ildefonso Cortês na apresentação “Indústria de Construção Naval Brasileira” para o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) - Sinaval, 2004.
O mesmo problema, de desbalanceamento dos fluxos de cargas, ocorre entre as regiões do Brasil. Para produtos de alto valor agregado, três de cada quatro toneladas transportadas (75%) circulam entre as regiões Sudeste e Sul, segundo estudos da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC). As outras regiões, Centro-Oeste, Norte e Nordeste, respondem apenas por 25%.
Percentual dos Fluxos Regionais
Regiões |
Origem das Cargas |
Destino das Cargas |
Sudeste |
48,6% |
58,5% |
Sudeste + Sul |
71,0% |
78,5% |
Sudeste + Sul + Centro-Oeste |
82,6% |
88,0% |
Norte + Nordeste |
17,4% |
12,0% |
Fonte: UFSC
Nos Estados Unidos, desde a desregulamentação do setor ferroviário de 1980, as ferrovias têm melhorado muito a integração modal. Os trens operam de acordo com horários, mas as partidas dos trens têm menor freqüência do que os transportadores rodoviários. O uso de equipamentos multimodais pode neutralizar essa desvantagem. O serviço de reboque-sobre-vagão (TOFC – trailer on flat car, piggy-back, auto-trem) ou contêiner-sobre-vagão (COFC- container on flatcar), pode oferecer a economia do transporte ferroviário combinada com a flexibilidade do caminhão.
Reboques sobre vagão plataforma - TOFC
Contêineres sobre vagão plataforma - COFC
Referências bi