Caros leitores,
Hoje, começaremos a falar dos acordos de cooperação entre as ferrovias que resultou no transporte integrado nas estradas de ferro européias.
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Menos intensamente do que nos Estados Unidos da América, a Europa também sofreu a concorrência dos outros modais de transportes, principalmente a Europa Ocidental, uma vez que nos países da antiga “cortina de ferro”, a Europa Oriental, a política centralizada dos governos comunistas protegeu as ferrovias.
Para se contrapor a essa tendência mundial, onde a versatilidade e a rapidez do caminhão deslocaram uma parte importante do transporte ferroviário, fluvial e de cabotagem, foram feitos diversos acordos internacionais envolvendo as nações e suas empresas ferroviárias.
O primeiro desses acordos conduzido pela ONU – Organização das Nações Unidas, através da Comissão Econômica para Europa, foi debatido em 1991 e implantado em 1992, mesmo ano de início do Mercado Comum Europeu denominado de Comunidade Européia composta inicialmente por 12 países.
O Acordo Europeu para as Grandes Linhas de Transporte Internacional Integrado e suas Instalações Conexas abordava os seguintes temas:
· O desejo de facilitar o transporte internacional de mercadorias;
· A certeza que o transporte internacional de mercadorias deverá aumentar em função do crescimento do comércio exterior;
· A consciência das conseqüências negativas que essa evolução poderá ter sobre o meio ambiente;
· A importância do papel do transporte integrado o qual poderá aliviar a sobrecarga que pesa sobre a rede rodoviária européia;
· A certeza que é indispensável tornar o transporte integrado eficaz e mais atraente para a clientela propor um arcabouço jurídico, estabelecendo um plano coordenado do desenvolvimento do transporte integrado e de sua infra-estrutura necessária para a operação desses serviços, sobre uma base de parâmetros e normas de desempenho convencionadas internacionalmente.
Esse acordo permitiu a realização das primeiras experiências do transporte combinado, termo utilizado na Europa, entre diversos países utilizando as redes de transportes disponíveis: ferrovia, rodovia, cabotagem e navegação fluvial.
Apesar de preferência pelo transporte de passageiros, depois desse acordo o serviço de carga europeu também evoluiu e transporta volume crescente de carga geral devido principalmente a velocidade dos trens, na faixa dos 150 km/h, e os congestionamentos nos acessos rodoviários das grandes capitais. A terceirização do serviço de carga para empresas privadas, ficando para as empresas estatais apenas a tração dos trens, também tornou ágil e moderna a circulação de mercadorias na Europa.
A boa operação ferroviária européia está baseada em pátios de triagem e terminais de transbordo, denominados de instalações conexas, nos principais entroncamentos ferroviários de modo que as esperas sejam reduzidas aumentando assim a velocidade de deslocamento da carga.
Pátio de triagem para trens de carga geral na Europa
Após esse acordo inicial foram firmados outros nas datas de 2000, 2001, 2002 e 2007, por diversas entidades que têm relação com a política de transporte européia, que descreveremos nos próximos artigos.
Referências bibliográficas
Encyclopedie des Chemins de Fer - François Get et Dominique Lajeunesse - Editions de la Courtille - Paris - 1980 - 557p.
ALLEN, Geoffrey F. Les chemins de fer, Paris: Bordas, 1981. 256 p.
Um Estudo Sobre a Participação do Modal Ferroviário no Transporte de Cargas no Brasil, dissertação de mestrado UFSC, Sílvio dos Santos -2005.
Accord Européen sur les Grandes Lignes de Transport Combiné et les Installations Connexes. ONU , 1991.