Quinta, 21 Novembro 2024

Caros leitores,

 

Hoje, encerrando o tema ferrovia dentro do transporte modal, apresentamos um resumo histórico da evolução da ferrovia e alguns aspectos da brasileira.

 

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A estrada de ferro inaugurou uma etapa decisiva da história da humanidade. Ela decretou definitivamente o fim do antigo regime econômico que no domínio dos transportes se caracterizava por uma multiplicidade de serviços parciais e independentes quanto ao capital e como pela responsabilidade das empresas. (página 106)

 

E o autor continua:

 

Por sua capacidade de transporte, a ferrovia aumentou a capacidade de produção e intensificou o dinamismo da vida moderna sob o impulso de trocas mais móveis e mais possantes. (página 106)

 

Mais adiante, na mesma obra:

 

A estrada de ferro foi o agente essencial no desenvolvimento industrial do século XIX. [...] A locomotiva, desde sua criação, pode tracionar um carregamento 5 vezes superior aos das carruagens com uma velocidade também 5 vezes maior. (página 108)

 

Clozier (1969) relata a disputa entre o trem e o caminhão:

 

Como a era do vapor, o seu apogeu foi durante os anos dez. A depressão econômica 1929 – 1931 mostra que o estrada de ferro não é mais a única reguladora das trocas, ela começa a ceder uma parte de sua clientela a seus concorrentes, uma evasão do tráfego se opera em proveito do automóvel, do caminhão que se revela mais flexível. (página 107)

 

A crise e a renovação

Em “Les Chemins de Fer“ (1981), Geoffrey F. Allen relata a crise que abalou ferrovia francesa e a européia como um todo, com o desenvolvimento dos transportes rodoviário e aéreo. Segundo Allen (1981), a renovação do transporte ferroviário ocorre com a crise energética dos anos 70.

 

Não faz muito tempo que os maus presságios anunciavam, aos gritos e cores, a morte próxima da velha estrada de ferro, inexoravelmente condenada, não tanto pelos pesados anos, mas pelo automóvel, caminhão, avião a jato, tele-transmissões, sem esquecer seguramente os engenhos futuristas com ou sem rodas, de todas as naturezas, breve pelo progresso”. (página 7)

 

Ainda Allen (1981), vê sinais da recuperação ferroviária:

 

A crise energética veio rapidamente corrigir as maléficas profecias! O recorde mundial de velocidade sobre trilhos, estabelecido pela SNCF em 1981[...] é um sinal, um epifenômemo: a realidade profunda da estrada de ferro depois de mais de 150 anos, é um esforço contínuo dos homens para que a técnica progrida,[...]” (página 8)

 

Apogeu e declínio da ferrovia brasileira

A Associação Nacional de Transportadores Ferroviários – ANTF em “150 Anos de Ferrovia no Brasil”, edição comemorativa da Revista Ferroviária, abril de 2004, relata os fatos históricos e econômicos que influenciaram a ferrovia brasileira:

 

Fruto da iniciativa privada, das subvenções quilométricas e da garantia de juros, a construção e a operação de ferrovias experimentariam, no início do século XX, depois de consolidada a República, um verdadeiro boom. Em apenas 7 anos, entre 1907 e 1914, início da I Guerra, a malha passaria de 17.605 para 26.026 km. (página 25)

 

De acordo com ANTF (2004), a construção das ferrovias teve a participação dos belgas no sul, americanos no sudeste, sul e norte, ingleses no nordeste e São Paulo, franceses na Bahia, fazendeiros em São Paulo e empresários no Rio de Janeiro. A mesma revista destaca que no segundo governo de Vargas surge a RFFSA:

 

Vargas encerra a ferrovia privada, começam as encampações [...] O presidente Vargas autoriza a inclusão do sistema ferroviário na pauta de estudos da Comissão Mista Brasil-Estados Unidos, criada em 1952, para planejar o desenvolvimento do país na agricultura, transporte, mineração e energia elétrica [...] Deste trabalho surge a proposta de criação de uma rede ferroviária nacional. A proposta tramitou durante anos no Congresso, e em 1956 foi criada a RFFSA, aprovada pela Lei nº 3115 de 16/03/1957, sancionada pelo então presidente Juscelino Kubitscheck. (página 27)

 

Esgotamento do modelo ferroviário brasileiro

Novamente, a Associação Nacional de Transportadores Ferroviários (ANTF), em “150 Anos de Ferrovia no Brasil”, edição comemorativa da Revista Ferroviária, abril de 2004, também relata o esgotamento do modelo de administração estatal das ferrovias brasileiras, e o fechamento do ciclo com o início das privatizações em 1996, relembrando que as ferrovias foram implantadas, em sua maior parte, pela iniciativa privada:

 

Fechamos o ciclo, portanto. Mais um. O que surgiu privado no século XIX, que foi encampado pela primeira vez com a República, que voltou aos concessionários no início do século XX, que foi encampada novamente por Vargas, é agora devolvido ao setor privado com os leilões da Bolsa do Rio de Janeiro. (página 34)

 

Referências bibliográficas

ALLEN, Geoffrey F. Les chemins de fer, Paris: Bordas, 1981. 256 p.

 

CLOZIER, René. Geographie de la circulation: l’economie dês transports terrestres (rail, route et eau), Paris: Genin, 1969. 404 p. (Geographie économique et sociale, v.3)

 

150 ANOS de ferrovia no Brasil, Rio de Janeiro: Associação Nacional de Transportadores Ferroviários - ANTF, abr.2004. 43 p. Edição comemorativa.

 

Um Estudo Sobre a Participação do Modal Ferroviário no Transporte de Cargas no Brasil, dissertação de mestrado UFSC, Sílvio dos Santos -2005.

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