Caros leitores,
Hoje, falaremos das principais características da ferrovia americana.
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A ferrovia sofreu a concorrência do automóvel e do caminhão praticamente em todo o mundo. O fenômeno foi mais intenso nos países subdesenvolvidos, que não investiam adequadamente nos sistemas ferroviários devido aos altos custos, e de modo menos intenso nos países socialistas, onde a política de transporte centralizada era pouco adaptada à liberdade do sistema rodoviário. A Índia, por herança dos ingleses, manteve sua grande malha ferroviária em operação e sofreu uma concorrência menor da rodovia.
A América, berço do automobilismo, foi onde a ferrovia começou a sofrer a forte concorrência e perder mercado não só para o automóvel e para o caminhão, mas também para o avião e o oleoduto.
A ferrovia americana começou a perder mercado na década de 20. A recuperação ocorreu somente nos anos 60, quando houve uma modernização operacional e de equipamentos, de acordo com a American Association of Railroads.
A utilização da tração diesel-elétrica em substituição ao vapor, via permanente com suporte para o tráfego de trens longos e pesados, compostos por vagões de grande tonelagem, percorrendo grandes distâncias no território americano, permitiu que a ferrovia americana recuperasse o mercado perdido para os concorrentes.
A concorrência do avião, para grandes distâncias, e a do ônibus e automóveis, para médias e pequenas distâncias, exigiu uma grande redução no número de trens de passageiros. Hoje a Amtrack, a única operadora estatal da ferrovia americana, oferece serviço de trens de passageiros utilizando as linhas das outras ferrovias circulando com velocidade média de 80 km/h, com exceção do eixo Washington–New York–Boston, no qual utiliza linha exclusiva operando com alta velocidade. A ferrovia transporta menos que 5% do total de passageiros.
Características técnicas das ferrovias nos EUA
Trens longos |
100 a 150 vagões |
Vagões grandes |
80 a 100 toneladas |
Trens pesados |
5.000 a 10.000 toneladas |
Velocidade baixa |
80 a 100 km/h |
Tração |
diesel-elétrica |
Médias e longas distâncias |
1,000 a 4.000 km |
Trens de passageiros |
nº reduzido |
Administração |
privada |
Fonte: AAR, 2004
Outro marco importante na recuperação da ferrovia americana foi a desregulamentação realizada na década de 80, a qual contribuiu para a reestruturação e modernização da operação. Isoo também resultou na recuperação de parte do mercado perdido devido à importante redução dos fretes ferroviários.
As ações para recuperação das ferrovias americanas começaram com o “Ato Staggers”, segundo Lambert, Stock e Vantine (1998), em “Administração Estratégica da Logística”. A desregulamentação reduziu a malha, a frota e o número de funcionários, o que resultou em aumento da produtividade das grandes ferrovias americanas. A reforma das tarifas também possibilitou melhores condições financeiras para as ferrovias americanas.
Ato Staggers 1980
Ø Produção aumentou 33%
Ø Linhas diminuíram 30%
Ø Vagões diminuíram 25%
Ø Funcionários diminuíram 49%
Ø Fretes diminuíram 50%
A desregulamentação permitiu que as ferrovias americanas recuperassem uma parte do mercado, principalmente o tráfego de longa distância com a utilização de vagões double-deck porta-contêineres. O fato propiciou um equilíbrio da matriz de transporte, entre os três modais concorrentes.
Ø Rodoviário 35%
Ø Ferroviário 45 %
Ø Hidroviário 20 %.
Vagões double-deck porta-contêineres
Referências bibliográficas
Um Estudo Sobre a Participação do Modal Ferroviário no Transporte de Cargas no Brasil, dissertação de mestrado UFSC, Sílvio dos Santos -2005.
Lambert, Stock e Vantine (1998), “Administração Estratégica da Logística”.
AAR - American Association of Railroads - 2004
CNT - Conselho Nacional dos Transportes (Coppead) - 2005