Caros leitores,
Hoje, continuaremos a abordar o tema das bitolas, falando da Argentina, dentro do mosaico que se constituem as diferentes medidas encontradas na América do Sul.
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A rede ferroviária argentina, que já teve a extensão de 40.561 km, hoje tem 34.500 km concessionados, com quatro medidas de bitolas diferentes:
1,676 m |
23.191 km |
1,435 m |
3.086 km |
1,000 m |
13.461 m |
0,750 m |
823 km |
O sistema ferroviário foi privatizado em diversas etapas que tiveram início em novembro de 1991, pelas linhas de transporte de carga. O processo foi finalizado em 1995, com o transporte urbano de passageiros. A rede argentina conta com cerca de 16 operadores de carga e 8 de passageiros (urbanos, suburbanos e turísticos). As ferrovias de carga ligam Buenos Aires às principais regiões e cidades do País, entre elas os portos de Santa Fé, Rosário e Bahía Blanca. Duas linhas através dos Andes permitem a comunicação com o Chile. Há ainda conexões com o Brasil, Paraguai e Bolívia.
Em 1998, o consórcio brasileiro, do qual fazia parte a companhia Ferrovia Sul Atlântica (hoje ALL), adquiriu da empresa Indústrias Metalúrgicas Pescarmona suas ações nas companhias de transporte de carga Buenos Aires al Pacífico (BAP) e Ferrocarril Mesopotámico General Urquiza (FMGU), constituindo a América Latina Logística (ALL), com uma rede de 22.000 km, que interliga centros industriais do Mercosul e portos da região.
Malha da ALL
A distribuição das bitolas por motivos de estratégia militar dificultou a integração com o Brasil e o Chile. A ferrovia que atende as províncias que fazem divisas com o Brasil (ex-General Urquiza) tem a bitola de 1,435 m, não permitindo o acesso à malha brasileira - de 1,000 m -, apesar de ambas serem operadas pela ALL. Na fronteira Paço de Los Libres (Argentina) - Uruguaiana (Brasil) é feita a troca de truques e, segundo dados do Ministério da Indústria, Comércio e Desenvolvimento, 426.374 ton/ano na exportação e 249.006 ton/ano na importação, utilizaram a ferrovia em 2006. A conexão para o Paraguai ocorre com a mesma bitola, na fronteira Posadas (Argentina) e Encarnacion (Paraguai), através de uma ponte sobre o Rio Paraná. A ferrovia paraguaia está praticamente desativada.
A ferrovia argentina também tem conexão com a ferrovia uruguaia entre Salto Grande (Uruguai) e Concórdia (Argentina) na mesma bitola de 1,435 m, sobre o Rio Uruguai (último artigo).
Mapa do Atlas ferroviário da Alaf - 1976 - Argentina
A malha de bitola larga, 1,676 m, atende a região central da Argentina cobrindo o Pampa Úmido até as encostas dos Andes, desde Bariloche, Neuquén, Malargüe, Mendonza, Córdoba até Tucumán. Todavia, não existe conexão com a malha sul do Chile que tem a mesma bitola, 1,676 m.
A malha de bitola métrica serve a região norte até as divisas com a Bolívia e com o Chile, além das linhas Buenos Aires à Carhué e Vila la Plaza, a sudoeste da capital. As fronteiras com a Bolívia em Pocitos (Argentina)- Yacuiba (Bolívia) e La Quiaca (Argentina) - Vilazon (Bolívia) permitem a conexão com a mesma bitola como já vimos em artigo anterior.
Na fronteira com o Chile em Socompa (as duas cidades com o mesmo nome), é possível a conexão com os portos de Antofagasta e Iquique, em bitola métrica. Em Las Cuevas (Argentina) e Caracoles (Chile), a bitola métrica termina em Los Andes, já dentro do Chile, onde começa a bitola larga chilena de 1.676 m, não havendo, portanto, a conexão até Santiago e o Porto de Valparaíso na mesma bitola.
Chile Parciais - Alaf
A linha bitola de 0,750 m está na região de Bariloche, entre Igreja Jacobacci e Esquel, na Cordilheira dos Andes.
Referências bibliográficas
Atlas Ferroviário Latino Americano - Asociación Latino Americana de Ferrocarriles - Buenos Aires - 1976
http://aliceweb.desenvolvimento.gov.br/