Quinta, 21 Novembro 2024

Caros leitores,

 

Hoje, falaremos da eletrificação da Ferrovia do Aço.

 

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Em 1973, o Governo Brasileiro anunciou a construção de uma ambiciosa ferrovia eletrificada entre os estados de São Paulo, Minas Gerais e Rio de Janeiro. Conhecida como Ferrovia do Aço, ligaria Belo Horizonte diretamente a São Paulo e Barra Mansa. Seu principal objetivo era facilitar a abastecimento minério de ferro para as principais usinas siderúrgicas do Brasil Companhia Siderúrgica Paulista - COSIPA em Cubatão, São Paulo, e Companhia Siderúrgica Nacional - C.S.N., em Volta Redonda, Rio de Janeiro. Essa ferrovia seria construída em 1000 dias e por isso foi chamada de A Ferrovia dos 1000 dias...

Entretanto, havia um grande problema que não foi apropriadamente considerado pelas autoridades responsáveis pelo projeto: a região a ser atravessada pela ferrovia era extremamente montanhosa; muitos túneis e viadutos tiveram que ser construídos. Bem, de repente o dinheiro acabou no meio dos trabalhos e a parte da ferrovia já terminada ficou abandonada durante vários anos.

Mais de US$ 2 bilhões foram gastos, sendo US$ 250 milhões em equipamentos comprados da Inglaterra e que estão estocados em um armazém na cidade paulista de Cruzeiro. Entre eles estão 35 locomotivas desmontadas, 600 toneladas de cobre puro e milhões de arruelas, rebites, grampos, roldanas e polias.

 

1g

Mapa da malha ferroviária do Sul de Minas nas divisas com SP e MG

 

A Ferrovia do Aço é um bom exemplo de que os investimentos públicos nem sempre são suficientes para o seu término. Mas um fato marcante ocorrido em 1985/87 no governo José Sarney, demonstra que, embora faltassem recursos para investir na Ferrovia do Aço, a antiga R.F.F.S.A realizou a primeira PPP (parceira público privada). Fez-se então uma parceria no trecho Saudade-Jeceaba, que interessava à MBR  e à CSN, através de emissão de Certificado de Frete Futuro das referidas clientes. E o carrossel ferroviário começou a funcionar. A carga descia pela Ferrovia do Aço e os vagões vazios retornavam pela Linha do Centro (Belo Horizonte - Barra do Piraí), otimizando dessa forma as exportações de minério de ferro pela R.F.F.S.A.

A Rede Ferroviária Federal, RFFSA, foi dividida em seis malhas que foram privatizadas entre 1996 e 1997. A Ferrovia do Aço continua funcionando no mesmo trecho sob a administração da concessionária MRS, utilizando somente locomotivas diesel, pois o projeto de eletrificação, 25 kV em corrente contínua, foi abandonado.

 

2g

Composição de minério de ferro da MRS

 

Os bilhões de dólares gastos na Ferrovia do Aço poderiam ter sido empregados em outros projetos prioritários, pois os pareceres do IPEA sobre a Ferrovia do Aço nenhum deles foi favorável à construção dessa obra, iniciada à revelia dos técnicos e economistas.

 

3g

Túnel falso e o tunelão da Ferrovia do Aço

 

Os grandes projetos ferroviários sempre foram feitos quase que exclusivamente para escoar produtos primários de baixo valor agregado. Mesmo na época da Crise do Petróleo, é difícil entender a predição pelo modal elétrico para se transportar minério de ferro, como se viu na Ferrovia do Aço, pois as ferrovias americanas que usavam tração elétrica já a tinham abandonado no uso para o transporte de cargas.
 

 

Referências bibliográficas:

http://www.andrekenji.com.br/weblog

http:/www.mrs.com.Br

http://www.pell.portland.or.us/~efbrazil/index.html

MOURA. Jorge. Além do Fato: Ferrovia e as PPPs. Jornal do Brasil, 31/3/2005.

 

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